A caminhada do Grêmio em busca do hexacampeonato da Copa do Brasil começa hoje em Ponta Grossa-PR. Na partida contra o Operário, às 20h, no Paraná, o Tricolor reencontrará uma competição em que está habituado a ser protagonista, ao lado do Flamengo, é o clube que mais tem finais — são nove, com cinco títulos e quatro vice-campeonatos —, podendo igualar o recorde de seis conquistas ao lado do Cruzeiro.
Depois da conquista do Gauchão, o time de Renato Portaluppi ainda tem três competições pela frente, mas o torneio mata-mata parece ser o de caminho menos árduo para ser vencido na temporada, ainda que tenha de superar equipes com grandes investimentos, como Flamengo, Palmeiras e Atlético-MG. Começar a campanha com uma vitória seria fundamental para as pretensões gremistas na temporada, como disse o presidente Alberto Guerra na chegada à cidade paranaense.
— É um jogo de uma importância enorme. O Operário será um adversário difícil, um dos líderes da Série B. Trata-se de um time tradicional do futebol brasileiro. Estamos encarando este jogo como mais uma final. O melhor dos mundos seria encaminhar uma classificação, mas será um jogo dificílimo. Será importante sair vivo para não ter que correr atrás do placar depois em Porto Alegre — afirmou o presidente.
Em sua 31ª participação, o Grêmio fará sua estreia justamente no Estado onde estreou em 2016, ano da sua última conquista da Copa do Brasil. Na ocasião, venceu na Arena da Baixada o Athletico-PR, com gol de Bolaños, mas precisou dos pênaltis para eliminar os paranaenses na Arena. Daquele título, o Tricolor tem apenas três remanescentes no elenco que começará o torneio hoje contra o time de Ponta Grossa: Geromel, Kannemann e o técnico Renato Portaluppi. Da dupla de zaga multicampeã, apenas o argentino deve ser titular nesta noite.
— A Copa do Brasil é muito intensa e hoje tem uma valorização financeira bem alta. Mas, antes disso, entendo que ela tem um gosto diferente e que diversos atletas, como eu, se identificam pela sequência de jogos decisivos. O título de 2016 com o Grêmio foi especial pra minha carreira, pois foi a quinta conquista do clube. O Tricolor sempre será uma potência da Copa do Brasil e a conquista deste título nacional é um marco importante na carreira de todo atleta que tem o espírito da competição — relembra Maicon, capitão daquela conquista.
O time gaúcho e a principal competição de mata-mata no país se interligam desde a criação da Copa do Brasil em 1989. Não por acaso foi o Grêmio que venceu o torneio pela primeira ao bater o Sport na decisão no Estádio Olímpico. Assis abriu o placar, Mazaropi fez gol contra ainda no primeiro tempo, mas Cuca garantiu o inédito título ao Tricolor. Luis Eduardo, zagueiro daquela equipe, afirma que o Grêmio tem o DNA do campeonato.
— A importância do título não tem dimensão, ainda mais o Grêmio que é um dos maiores vencedores da competição. Eu sou fã. Tu joga contra times do Brasil inteiro. Abre portas, além de ser um campeonato muito rentável. Te garante vaga na Libertadores também. Mas é uma competição traiçoeira. Em 1989, a gente deu um valor enorme para a Copa do Brasil, tem que respeitar todas equipes, independente do tamanho delas no futebol brasileiro. O Grêmio é um time muito respeitado dentro do torneio pelas cinco conquistas. Tem o DNA da Copa do Brasil.
Entre o primeiro e o último títulos da Copa do Brasil, o Tricolor ainda levantou a taça em outras três oportunidades (1994, 1997 e 2001). No começo do século 21, também esteve em terras paranaenses. Antes de derrotar o Corinthians no Morumbi para cerca de 80 mil pessoas, passou pelo Coritiba na semifinal, vencendo no Couto Pereira por 1 a 0, com gol de Zinho. Uma campanha que traz lembranças para o lateral Rubens Cardoso, titular durante toda campanha com o técnico Tite. Mais um que conviveu com o espírito copero gremista no torneio.
— Marca o currículo de qualquer jogador. É um título inesquecível. O Grêmio tem esse espírito de ser um clube copero. Alguém plantou isso lá atrás e de geração em geração isso vem acompanhando a história. Isso ajuda qualquer jogador a incorporar esse espírito. Tem uma imagem de um jogo que tinha três jogadores nossos dando um carrinho em uma bola. O Tite me disse que levava essa imagem para suas palestras para mostrar a entrega dos atletas.
Nas duas outras conquistas (e em 2001), quem levava a camisa 1 às costas era Danrlei. Tricampeão da competição, o ex-goleiro reforça que existe uma aura diferente em jogos de Copa, algo que une o vestiário e a torcida gremista.
— É uma competição que o Grêmio gosta de jogar. Sempre teve no seu DNA os jogos de mata-mata. A torcida gosta muito de competições assim. A própria torcida lota a Arena. O torcedor vem diferente para uma partida da Copa do Brasil. Isso também vai para o vestiário, o atleta sente dentro de campo a mudança da forma de torcer. Sempre senti a diferença da forma como a torcida se portava. É um título a nível nacional. Cada vez mais se vê igualar o sentido financeiro da Copa do Brasil e do Brasileirão. Hoje, se dá mais valor do que se dava antigamente — conclui.