Depois de sofrer defensivamente no empate em 4 a 4 com o Corinthians, em Itaquera, o Grêmio voltou a terminar uma partida sem sofrer gol na vitória de 1 a 0 sobre o Palmeiras, nesta quinta-feira (21), na Arena. No confronto com o atual campeão brasileiro, o Tricolor teve mérito ao fechar o jogo pela faixa central da equipe adversária e contou com ajustes táticos de Renato Portaluppi para ganhar maior solidez no segundo tempo. O Desenho Tático de GZH mostra como foi o duelo entre Renato e Abel Ferreira na Arena.
Renato Portaluppi optou por iniciar o jogo com a mesma formação de meio-campo do Grêmio da partida contra o Corinthians, no 4-4-2 tendo Nathan e Cristaldo como meias com liberdade para criar pelo meio, mas com a missão de fechar os lados do campo sem a bola. As mudanças na escalação foram na defesa, com Bruno Alves no lugar do suspenso Kannemann e João Pedro de volta à lateral direita, na vaga de Fabio.
No Palmeiras, Abel Ferreira optou por preservar Rony (o camisa 10 entrou apenas aos 20 do segundo tempo) escalando o garoto Endrick no comando do ataque e repetiu a ideia de ter Artur aberto pelo lado esquerdo, opção adotada desde a lesão de Dudu e que vem gerando críticas na imprensa paulista.
O jogo de mobilidade ofensiva de Renato deu resultado logo com João Pedro aparecendo na área para receber passe de Suárez e abrir o placar aos 8 minutos. O gol cedo impactou no comportamento dos dois times.
Em vantagem, o Grêmio recuou suas linhas e permitiu ao Palmeiras propor o jogo. Com a postura mais defensiva, o jogo passou a exigir de Nathan e Cristaldo mais funções defensivas do que ofensivas Nesse quesito, o argentino teve dificuldade para cumprir a função pelo lado esquerdo, o que gerou irritação de Renato Portaluppi à beira do campo.
O Palmeiras conseguiu encontrar espaços e transformou Gabriel Grando no grande nome da primeira etapa. Foram nove finalizações alviverdes, duas delas no gol. Uma foi de Raphael Veiga à queima-roupa para a grande defesa do goleiro gremista no jogo. O Tricolor finalizou apenas três vezes, sendo o gol de João Pedro a única no alvo.
O antídoto de Renato
Para tentar manipular a marcação gremista. Abel Ferreira mudou a forma de sair jogando do Palmeiras. Ele abriu mão da saída de três segurando os dois laterais junto aos zagueiros. A ideia visava atrair a marcação gremista e gerar espaços para Mayke e Artur abertos em uma iniciativa para explorar as dificuldades defensivas de Nathan e Cristaldo. A dúvida estava clara. Se abrissem para ajudar os meias, Pepê e Villasanti gerariam espaços por dentro.
Para o segundo tempo, porém, Renato repetiu as trocas feitas em Itaquera. Nathan e Cristaldo saíram para as entradas de Galdino e Ferreira. JP Galvão - depois André Henrique - teve um papel defensivo maior na volta do intervalo. Com dois jogadores mais habituados a marcar pelos lados, o Grêmio conseguiu neutralizar a principal jogada palmeirense. Villasanti e Pepê ficaram mais posicionados à frente, e o time paulista teve liberdade apenas para fazer cruzamentos da intermediária.
O resultado disso foi um Palmeiras que abusou dos cruzamentos, fez 27 no segundo tempo contra 16 da primeira etapa. O Alviverde até repetiu o número de finalizações, de nove, mas cinco delas foram travadas. A chance mais perigosa veio em cabeçada de Gustavo Gómez no travessão, nos acréscimos, após escanteio.
Não muito afeito a falar detalhadamente de questões táticas, Renato dessa vez explicou sua decisão de mexer nos homens de lado de campo no intervalo.
— Nós temos uma equipe muito ofensiva. São praticamente quatro atacantes, Nathan e Cristaldo pelos lados e Suárez e JP por dentro. Quando o adversário quebra a nossa primeira linha, eu fico com dois homens no meio. Aí tem superioridade do adversário e isso obriga nossos volantes a dar botes gerando espaços. Por isso mudei, coloquei Ferreira e Galdino porque eles têm força para ajudar na marcação e para contra-atacar. A gente sabia que iria sofrer com Cristaldo e Nathan pelos lados porque estão em posições que não é a deles. Mas por que eu escalo os dois? Porque eu gosto que o time retenha a bola e são quatro jogadores no meio que gostam na bola. Nathan, Pepê, Villa e Cristaldo. Por isso temos que colocar o adversário a correr atrás da gente — explicou.
No mais, o Grêmio teve maior consistência defensiva ao longo do segundo tempo. As medidas de Renato foram determinantes para esse maior controle defensivo, que obrigou o Palmeiras a abusar dos cruzamentos na etapa final. O Tricolor, assim, voltou a vencer e segue sua luta para se aproximar do líder Botafogo.