Ainda que o grave erro de arbitragem nos acréscimos tenha roubado a cena, houve um duelo tático no qual Grêmio e Corinthians apresentaram virtudes ofensivas e problemas defensivos em Itaquera, na noite de segunda-feira (18), no jogo atrasado da 15ª rodada do Brasileirão. Pelo lado gremista, Renato Portaluppi apostou em uma nova mudança de posicionamento no meio-campo. O Desenho Tático de GZH mostra o que deu certo e o que deu errado na nova formação gremista.
Diante do Bragantino, o Grêmio havia tido dificuldades para marcar pelos lados do campo com a formação com o losango no meio-campo. Renato, então, decidiu mexer no posicionamento do setor em Itaquera.
Ainda no 4-4-2, o Tricolor deixou de ter um losango no meio-campo e passou a contar com dois volantes e dois meias. Sem Carballo, lesionado, Villasanti e Pepê foram acompanhados por Nathan e Cristaldo. Sem a bola, os meias tinham a missão de cobrir os lados do campo e ajudar os laterais. Com posse, eles ganharam liberdade para aparecer por dentro, atacando espaços atrás da linha de meais do Timão.
Nathan e Cristaldo simbolizaram o que o Grêmio teve de positivo e negativo nos primeiros 45 minutos. Além de terem sido os autores dos primeiros gols gremistas, os dois meias conseguiram bagunçar a marcação corintiana. Quando saíam dos lados, eles encontravam espaços às costas de Maycon e Renato Augusto fazendo o Tricolor ter superioridade, o que foi determinante para a vantagem inicial de 2 a 0.
O problema que o Grêmio passou a ter com Nathan e Cristaldo foi a partir do momento que o Corinthians aumentou seu volume de jogo. Sem a defesa subir para encurtar os espaços, Villasanti e Pepê precisaram recuar por dentro. Nathan e Cristaldo foram exigidos a fechar os lados e sofreram para sustentar as subidas de Fagner e Fábio Santos. Assim, o Timão passou a ter superioridade para buscar a virada com três gols em um intervalo de seis minutos.
O primeiro tempo terminou com 13 finalizações do Corinthians, seis delas no gol, contra oito do Grêmio, quatro delas no alvo. Além das questões táticas e da dificuldade de Nathan e Cristaldo para a marcação pelos lados, a atuações com erros em disputas do lateral Fábio e do zagueiro Rodrigo Ely foram determinantes para o Tricolor levar os gols. Villasanti, que taticamente esteve bem, falhou ao cometer o pênalti para o primeiro gol corintiano.
Renato aumenta intensidade nos lados do campo
Com o placar desfavorável, Renato optou por fazer duas trocas na volta para o segundo tempo. Cristaldo e Nathan foram os escolhidos para sair. Galdino e Ferreira entraram com a manutenção do sistema 4-4-2, mas com a mudança de características. Com dois atacantes ocupando lugares dos meias, o Tricolor ganhou maior intensidade pelos lados, tanto para marcar quanto para atacar em transições. O ponto negativo foi a perda de controle de jogo
Mas a ideia de Renato deu resultado. Aos 5, Galdino conduziu e acertou um belo chute sem chance para Cássio. Aos 12, Suárez recebeu na direita, tocou para Villasanti e recebeu um passe milimétrico do paraguaio para finalizar cruzado e decretar o 4 a 3.
Com as trocas de Renato tendo dado sucesso, Luxemburgo também recorreu ao banco. Giuliano e Wesley entraram nos lugares de Moscardo e Pedro. A dupla foi decisiva para o Corinthians buscar o empate em lance que novamente teve Rodrigo Ely batido. O zagueiro deixou a linha defensiva acompanhando Yuri Alberto e tentou sem sucesso fazer a falta. Yuri conseguiu tocar em Wesley, que conduziu e deu o passe na área para Giuliano. Na dúvida entre cobrir o espaço de Ely ou guardar o seu, Kannemann permitiu que Giuliano recebesse sozinho para finalizar no canto de Grando e decretar o 4 a 4.
O Grêmio poderia ter vencido o jogo se não houvesse o grave erro de Wilton Pereira Sampaio e do VAR na não marcação do pênalti de Yuri Alberto, mas a perda de dois pontos em São Paulo não pode ficar apenas na conta da arbitragem. Nos quatro gols sofridos, o Tricolor repetiu fragilidades defensivas de outros jogos. Não bastou mudar o posicionamento do meio-campo, Renato Portaluppi ainda segue buscando equilíbrio entre defender e atacar bem.
O Grêmio tem no momento o segundo melhor ataque do Brasileirão, com 38 gols marcados, apenas um a menos do que o Botafogo. Já na defesa, o Tricolor aparece como a sexta mais vazada, com 31, à frente apenas dos times que brigam contra o rebaixamento: Vasco (33), Bahia (33), Santos (40), Coritiba (46) e América-MG (47).