Por Isabel Amorim, superintendente-executiva do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad)
A música brasileira é tão rica culturalmente que, se olharmos para cada região do país, veremos a tradição e a história de cada lugar. No Sul, o Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) é uma das sólidas expressões culturais. Vai muito além do estilo nativista dos Pampas. É uma música ligada à identidade gaúcha que busca preservar e valorizar as suas raízes culturais.
Não é à toa que o MTG é reconhecido pela gestão coletiva da música no Brasil por sua importância, obtendo a classificação de segmento para distribuição dos direitos autorais. Isso significa que valores de licenciamento musical pagos por organizadores de eventos do MTG vão para os compositores deste estilo, já que há distinção para remunerar os criadores das canções que tocam nos Centros de Tradições Gaúchas (CTGs).
Esse círculo virtuoso só se reproduz quando há a adimplência de quem utilizou a música nesses eventos
Essa distinção reforça a importância do MTG, permite que a música gaúcha viva e garante a remuneração de seus compositores. No entanto, esse círculo virtuoso só se reproduz quando há a adimplência de quem utilizou a música nesses eventos.
Clássicos como Lembranças, de autoria de Telmo de Lima Freitas; Do Fundo da Grota, composição de Baitaca; e Nossa Vanera, de Capim, formaram o top 3 das mais tocadas do segmento de MTG em 2024. Esses sucessos representam compositores que construíram a trilha sonora da identidade gaúcha e merecem ter seus repasses financeiros em dia.
Em um tempo em que culturas locais são engolidas pela padronização, o fato de a música gaúcha garantir espaço de valorização autoral é uma forma de resistência. A cadeia de produção do MTG vive da atuação de compositores, e o pagamento dos direitos autorais é o meio pelo qual cada um deles pode seguir apresentando suas inspirações.
Respeitar o direito autoral do MTG é respeitar a sua cultura. O movimento segue como símbolo de orgulho e pertencimento para milhares de gaúchos e admiradores. Valorizar esse ambiente criativo é, portanto, garantir que a música continue sendo a ponte entre o passado, o presente e o futuro dessa tradição.