O ano de 2023 apresentou uma nova versão de Renato Portaluppi no Grêmio. Conhecido por sua capacidade de preparar o time em um sistema que colocou o clube no caminho dos títulos desde 2016, o técnico mostrou uma nova faceta, alterando o esquema ao longo de 2023.
Em oito meses, a equipe atuou no terceiro modelo diferente. Após o tradicional 4-2-3-1, a formação com três zagueiros, chegou a vez do 4-4-2. A vitória sobre o Cruzeiro apresentou essa novidade. Além de apostar em dois atacantes, o Tricolor teve três meio-campistas para dar suporte a Cristaldo na armação das jogadas.
O resultado contra o Cruzeiro reuniu boa parte dos melhores momentos das formações anteriores. O Grêmio pressionou a saída de bola, mas também teve efetividade para fazer gols. Muito pela estratégia de aproximar as jogadores de Suárez, que ficou mais próximo da meta adversária.
— Achei essa formação muito interessante. Pensava que os três volantes seriam para proteger Geromel e Kannemann, mas gostei muito. O Grêmio perdeu velocidade pelos lados, mas ganhou superioridade para pressionar. Foi um time maduro para aproveitar os espaços — analisou Ramon, ex-lateral e atualmente comentarista do SporTV.
Os números refletem o novo estilo. Em média, de acordo com o Footstats, o Grêmio troca 358 passes por rodada. Contra o Cruzeiro, tentou apenas 259. O time também finalizou menos do que no restante do campeonato. Foram oito chutes no gol, quatro certos e quatro errados, contra 13 do Brasileirão.
— A gente precisa ponderar a fraqueza do Cruzeiro nesta partida. Eles consideram o pior jogo no campeonato. Fora isso, é claro que o Grêmio fez um jogo muito bom. É um sistema que não funcionará em todos os jogos. Mas pode resolver várias partidas — opinou Sergio Xavier, comentarista do SporTV que trabalhou ao lado da Ramon na transmissão de Grêmio e Cruzeiro.
O que melhor traduz a diferença para os outros modelos se observa no quesito desarmes. O Tricolor roubou a bola 14 vezes. A média da equipe na competição era de 10. E, após começar a última rodada como um dos times que mais permitia finalizações ao adversário, o Grêmio teve apenas um chute na direção do seu gol, defendido por Gabriel Grando.
A mudança ainda não é tratada como definitiva. Enquanto Renato preparou a equipe durante a semana passada, seu auxiliar Alexandre Mendes foi quem esteve na casamata contra o Cruzeiro. Em coletiva, quando perguntado sobre a efetivação do novo sistema tático, Mendes preferiu exaltar a atuação contra os mineiros.
— Quando você fala em volantes, geralmente se pensa na parte defensiva. Mas, na verdade, nós temos três volantes que constroem muito bem. Eles se tornam meias e às vezes atacantes. Prova disso é o gol marcado pelo Felipe (Carballo). A aproximação desses jogadores como surpresa para o adversário é importante. O Renato treinou isso durante a semana e deu certo — explicou o auxiliar.
A previsão é de que a comissão técnica inicie nesta terça-feira a definição da manutenção ou não da estratégia para enfrentar o Cuiabá neste domingo. A tendência é de que além das mudanças já previstas, como a entrada de Rodrigo Ely no lugar do lesionado Geromel e o retorno de Reinaldo na vaga de Cuiabano, o mesmo padrão tático do último final de semana seja mantido. A posição em aberto no momento é a de goleiro. Suspenso, Grando tem Caíque e Felipe como alternativas.