Planos “A”, “B” e “C”, a temporada 2023 tem sido marcada pelas mudanças táticas de Renato Portaluppi no Grêmio. Na goleada de 3 a 0 sobre o Cruzeiro neste domingo (27), na Arena, o treinador mostrou seu Plano “D”, um time no 4-4-2 com um losango no meio-campo. O Desenho Tático de GZH mostra como funcionou a equipe gremista com a nova formação.
Renato nunca escondeu sua preferência por atuar no 4-2-3-1 tendo, pelo menos, um extrema na linha de três. Foi assim que ele iniciou a temporada com a goleada sobre o São Luiz na Recopa Gaúcha. A carência de pontas do elenco, no entanto, fez o treinador mexer na equipe. Ainda dentro do 4-2-3-1, o Tricolor teve um time com cinco meio-campistas atrás de Suárez na maior parte da campanha do título do Gauchão, o que foi definido por Renato como o Plano B.
O aumento de nível dos adversários no Brasileirão expôs uma dificuldade gremista sem a bola naquela formação de sucesso no estadual. Foi então apareceu a formação com três zagueiros. No 3-4-2-1- com liberdade para os alas que o Tricolor teve seus melhores momentos no primeiro turno do Campeonato Brasileiro e na campanha de chegada à semifinal da Copa do Brasil.
A recuperação de Ferreira combinada a problemas com os zagueiros levaram ao retorno do 4-2-3-1 nos últimos jogos do Brasileirão e no confronto de volta com o Flamengo pela Copa do Brasil, no Maracanã. Mas o desempenho do Grêmio deixou a desejar, principalmente nas derrotas para Vasco e Santos, dois times do Z-4.
Novo sistema com superioridade
Para enfrentar o Cruzeiro neste domingo, o Grêmio contou com o retorno de Geromel após 10 meses afastado dos gramados pela lesão no joelho. A ausência de Reinaldo, suspenso, abriu a possibilidade para Cuiabano entrar na lateral esquerda. A linha de quatro defensiva foi completada por João Pedro e Kannemann.
A mudança estrutural, porém, esteve do meio para frente. Bitello e Ferreira foram sacados. O meio-campo contou com um losango. Villasanti atuou como primeiro volante tendo Carballo pela direita e Pepê pela esquerda. Cristaldo foi o meia que fez a ligação com o ataque formado por Suárez e João Pedro Galvão. O uruguaio, assim, teve um companheiro para formar uma dupla de atacantes.
A formação com quatro meio-campistas deu ao Grêmio um controle no setor. Sem a bola, Villasanti, Carballo e Pepê se movimentavam bastante e até trocavam de posição para garantir superioridade numérica no setor da bola. Sem extremas, os laterais João Pedro e Cuiabano tiveram o papel de dar amplitude, mas sempre que chegavam ao ataque contavam com aproximações dos meio-campistas e de, pelo menos, um dos atacantes. Mobilidade e aproximação foram as bases para o funcionamento do sistema ofensiva gremista.
Responsável por comandar a equipe no banco de reservas diante da suspensão de Renato, o auxiliar técnico gremista Alexandre Mendes revelou que o Grêmio testou três formações diferentes ao longo da semana antes da decisão de iniciar com o 4-4-2, que, na sua visão, deu maior suporte ao uruguaio Suárez.
— O Renato treinou três esquemas de jogo para essa partida, com três zagueiros, com uma composição mais diferente. Esses jogadores (que iniciaram no 4-4-2), principalmente o JP Galvão, que aproxima bastante e tem uma condição de condução de bola e enxergar o jogo ajuda bastante. Não só ele, mas o setor de meio campo ofensivo dá esse suporte que o Suárez precisa. Ele precisa de companheirismo. Não adianta colocar um jogador do nível do Suárez isolado na frente. Alguma situação ou outra vai acontecer. Mas colocando um jogador para ajudar ele na frente, auxilia na sustentação de bola, a circulação de bola e favorece ele numa finalização — analisou.
Mudança no segundo tempo
Com a vantagem obtida pelo gol de Suárez no primeiro tempo, o Grêmio voltou do intervalo com uma mudança de posicionamento. Na fase defensiva, o Tricolor contou com o retorno de João Pedro Galvão pelo lado esquerdo. Assim, o time se defendia em duas linhas de quatro, tendo Carballo pela direita e Villasanti e Pepê como volantes. Cristaldo ficava adiantado junto a Suárez. Foi já com esse posicionamento que a equipe gaúcha chegou ao segundo gol com com Carballo, que aproveitou passe de Suárez para dobrar a vantagem gremista.
Com 2 a 0, as primeiras trocas gremistas vieram com Bitello e Ferreira nos lugares de JP Galvão e Carballo. O Grêmio passou a jogar no 4-2-3-1 tendo Bitello como o homem aberto do lado direito e Ferreira pela esquerda e Cristaldo como meia central. Já com 3 a 0, Luan entrou no lugar de Cristaldo para atuar como o meia central, a função que executou no tri da Libertadores em 2017, ano que foi eleito o Rei da América.
Variações táticas não costumam ser bem vistas no futebol brasileiro, onde ainda impera a visão de que é preciso repetir formações e até mesmo os onze titulares - algo cada vez mais raro diante do exigente calendário. Nesta temporada, no entanto, Renato Portaluppi tem encontrado em mudanças táticas a forma de reerguer o Grêmio nos momentos de dificuldade na temporada.
Números de Grêmio 3 x 0 Cruzeiro
- Posse de bola: 40% x 60%
- Finalizações: 10 x 6
- Finalizações no gol: 4 x 1