A vida de João Paulo de Souza Mares, o Bitello, mudou radicalmente em um ano. O paranaense de Formosa do Oeste deixou em 2022 o rótulo de promessa para se tornar protagonista do Grêmio em 2023. Mesmo em uma equipe com Luis Suárez, Carballo, Cristaldo e outros nomes conhecidos do torcedor, o meio-campista é vice-artilheiro na temporada com quatro gols. E é o terceiro jogador a dar mais assistências, com três.
Após passar por todas as funções do meio de campo nos últimos meses, o ex-camisa 8 da base se consolidou como meia e é uma das principais apostas do time que encara o Ypiranga neste domingo, às 16h, em Erechim. Exatamente 12 meses após o jovem de 23 anos deixar o Beira-Rio como um dos nomes da goleada tricolor por 3 a 0 no Gre-Nal de ida das semifinais do Gauchão.
O híbrido de volante, meia e atacante foi uma das surpresas promovidas por Roger Machado na escalação do Grêmio do início de 2022. Em uma nova função dentro da estrutura tática montada por Renato Portaluppi, deu um passo à frente na carreira. Deixou de ser volante e virou um meia-atacante, o inverso do movimento que fez nas categorias de base do Grêmio, quando chegou como um camisa 10 vindo do Cascavel.
Promovido das categorias de base após a demissão de Vagner Mancini, Bitello, é um caso raro no futebol. Fez sua estreia junto ao time principal só aos 22 anos. Chamou atenção na derrota por 3 a 1 para o União-FW, quando César Lopes, ex-técnico do time de transição, comandou interinamente a equipe profissional. Roger, que acompanhou o jogo dos camarotes em Frederico Westphalen, gostou da movimentação do então volante.
Desde então, Bitello não saiu mais do time. Não ganhou apenas a vaga de titular no Gauchão de 2022, como terminou o campeonato eleito como o melhor jogador da competição. Sofreu as mesmas oscilações do restante da equipe na Série B, mas terminou o ano como grande destaque do time. Nos Aflitos, na partida que confirmou o retorno do Grêmio à Série A, marcou duas vezes e deu uma assistência na goleada por 3 a 0.
Apaixonado pela NBA, a liga de basquete dos Estados Unidos, Bitello incorporou alguns dos gestos das quadras de basquete em sua rotina. O meio-campista gosta de imitar as comemorações dos astros das quadras em seus gols. O alvo preferido é Stephen Curry, principal jogador do Golden State Warriors. A repetição do gesto de colocar as duas mãos no rosto, como se fosse dormir, ocorreu em alguns de seus 14 gols. Uma dança também faz parte do repertório. Os apertos de mão coreografados são a novidade de 2023, principalmente com Pepê, um dos amigos mais próximos do vestiário.
Nas poucas horas de folga, Bitello gosta de jogar no celular. Em um grupo de amigos fora do futebol, o jovem ganhou uma nova versão do apelido. Agora é chamado de Tritello.
— Antes, ele marcava e armava. Agora marca, ataca e faz gols — brinca um dos amigos do atleta.
Arquiteto desta nova versão de Bitello, Renato resume em poucas palavras o que faz de Bitello uma peça tão valiosa e de fácil adaptação nas mudanças do esquema.
— Inteligência para jogar — disse o técnico, em contato com GZH.
Na marcação ou com a bola nos pés para atacar, Bitello é esperança de que o Grêmio repita o sucesso que teve no Gauchão do ano passado. E para conquistar seu segundo estadual, o sexto consecutivo do clube, a versatilidade do camisa 39 é uma peça importante do Tricolor.