Uma das novidades do técnico Roger Machado no seu retorno ao Grêmio repete uma fórmula recente de sucesso no clube. João Paulo de Souza Mares, o Bitello, é o mais novo exemplo da conversão de meias em volantes. E com a atuação e o gol marcado contra o Ypiranga, o paranaense de 22 anos se encaminha para ser uma das peças do time titular para a sequência da temporada e também para o clássico Gre-Nal do próximo sábado (19), no Beira-Rio.
Nascido em Formosa do Oeste, o jogador terá em breve mais 20% dos seus direitos econômicos comprados. Dono de 50%, comprados por R$ 400 mil em 2019, o clube gaúcho exercerá nas próximas semanas a previsão em contrato para ampliar a parte que tem direito em uma futura negociação. Bitello entrou no radar do Grêmio em 2018. Terminou o Paranaense Sub-19 de 2018 com 11 gols marcados em 12 jogos. Com a camisa 10, o então meia marcou quatro gols na vitória por 7 a 1 do Cascavel sobre o Foz do Iguaçu, chamou a atenção de um dos observadores do Grêmio e foi indicado. Após essa partida, acertou-se o empréstimo por 12 meses para que o atleta iniciasse os treinos no CT de Eldorado do Sul.
Com dificuldade para jogar de costas para o gol, a ideia das comissões técnicas que treinaram o jogador foi testá-lo em uma nova posição. Como aconteceu com Walace, Arthur e Matheus Henrique, e também com o exemplo de Maicon no time profissional, Bitello passou a ser utilizado como um volante. Os próprios companheiros de categoria de base incentivaram para que ele abraçasse a nova posição. Passou a formar dupla com Sarará nos treinos e agradou.
Mesmo quase sem jogar pela equipe sub-20 em 2019, foi comprado em definitivo. Terminou a temporada com apenas nove jogos, mas a conversão de meia para volante deu esperanças para a direção da base fazer o investimento. Na época no comando da categoria sub-19, o ex-técnico do Grêmio, Guilherme Bossle, lembra do período de adaptação do jogador. Com a parte ofensiva bem formada, o trabalho no dia a dia era mais com os ajustes defensivos. Pela intensidade do meio-campista, o processo acabou facilitado.
Em 2020, com o retorno das competições após a pandemia, Bitello decolou de rendimento. Virou titular absoluto na categoria sub-20. Foi titular em 20 partidas no Brasileirão e teve a promoção no ano seguinte para o grupo de transição.
— Ele tem um índice alto de roubadas de bola, mas é mais em interceptações. Consegue roubar a bola assim, lê o gesto do adversário. Compensa as ações físicas com a inteligência — cita César Lopes, técnico da transição gremista e que comandou o Bitello a partir de 2020.
Foi sob o comando de Lopes, na derrota para o União Frederiquense, partida em que a comissão técnica atual acompanhou o jogo de um camarote, que o volante chamou a atenção de Roger.
— É um jogador muito técnico, que controla o jogo. É um cara que aparecia vindo de trás, que tem o passe vertical — conta o treinador do transição.
Na volta de Roger Machado ao comando do Grêmio, o volante formou o trio de meio com Villasanti e Gabriel Silva. A boa atuação, no entanto, não garantiu uma sequência. Seguiu entre os titulares na derrota para o Mirassol, mas começou entre os reservas no empate com o Novo Hamburgo e na derrota para o Inter. Voltou a iniciar uma partida diante do Ypiranga e deu mais uma mostra de que merece seguir na equipe.
Além de toda a contribuição defensiva, marcou um dos gols da vitória e mostrou uma outra faceta que apresentava na base: o chute de fora da área. Bitello era uma dos cobradores de falta, e também tinha a finalização de longa distância como uma das armas. A movimentação também rendeu frutos ao jogador, que marcou seus três gols na campanha do título do Brasileirão de Aspirantes do ano passado dentro da área, como elemento surpresa em cruzamentos.