As últimas 48 horas de Darli João da Silva, 83 anos, foram intensas. Afinal, no último sábado (12), o ex-massagista do Grêmio, conhecido como Limonada, foi homenageado com um minuto de silêncio em função de sua “morte”. Porém, ele estava vivo, diante da TV em sua residência, no bairro Rio Branco, em Canoas, pronto para assistir à partida contra o Ypiranga, pelo Gauchão.
Nesta segunda-feira (14), Darli recebeu a reportagem de GZH para comentar a situação inusitada. Apesar do fato que assustou familiares e amigos, Limonada já leva o assunto na brincadeira. Ele contou que, no sábado, acompanhado da esposa, perdeu os momentos que antecederam o início do jogo. Assim, não viu a "homenagem".
— Hoje (segunda-feira) fui no armazém e o cara olhou para mim: “Ué, tu está vivo?” Eu disse: “Estou”. Agora virou piada. Foi (uma homenagem) em vida — brinca o ex-massagista, fora do clube desde 2005, quando começou a sofrer com o avanço da surdez.
No sábado, após rádios e a emissora de TV justificarem o minuto de silêncio em função da "morte" de Limonada, não demorou para o telefone convencional da residência começar a tocar. Parentes, vizinhos, ex-jogadores, ex-companheiros de Tricolor e amigos ligaram espantados. A responsável por desmentir e tranquilizar as pessoas foi a fiel companheira, Liberaci da Silva, 82 anos:
— A minha sobrinha ligou. Todo mundo ligou. Meu irmão, que já teve um derrame, ficou muito nervoso. Era telefonema para cá de todos os lugares. A gente não esperava isso. Nunca.
Quando a companheira contou do episódio, sua reação foi curiosa:
— Preocupada, não queria dizer para ele o que havia acontecido. Mas contei e ele deu risada.
Em 43 anos dedicados ao Tricolor como auxiliar do departamento médico, participou de conquistas históricas, como as duas primeiras Libertadores e o Mundial, além de torneios nacionais e estaduais. Quadros de tempos gloriosos decoram a parede da sala.
— Estou bem. O único problema é a surdez. Isso aqui me tirou do Grêmio. Na época era pouquinho, o médico disse que iria aumentar. Eu fiz um aparelho, ficou fraco. Se eu tiro (o aparelho), não escuto nada — disse Limonada, que utilizava calça de abrigo do Grêmio.
O equívoco teve origem no ex-presidente José Alberto Guerreiro, que procurou o clube afirmando que o ex-funcionário gremista havia morrido. Um amigo de Limonada teria falado da "morte" para Guerreiro. O assunto chegou à Arena ainda na última segunda-feira (7) e se espalhou entre conselheiros, dirigentes e membros da comissão técnica.
— Talvez não tenham checado por eu ter dado a informação — afirmou Guerreiro a GZH.
Duas horas depois do minuto de silêncio, o Grêmio percebeu o erro e entrou em contato com a família, pedindo desculpas pelo fato. O Tricolor foi avisado por uma filha e uma sobrinha de Limonada sobre o equívoco.