A leveza da escalação, e também da atuação, na vitória sobre o Ypiranga, se espalhou para o ambiente do clube. Com mais dois Gre-Nais pela frente antes de encarar a realidade da disputa pela Série B, o ambiente na Arena se distensionou com a atuação de sábado e a perspectiva de encaixe de algumas das peças à disposição no momento. Enquanto a semana de trabalho no clube será de espera pelos retornos de Ferreira e Diego Souza, o modelo de jogo se afirmou para a comissão técnica.
O grande nome da vitória de sábado foi Bitello. Após perder lugar para que Thiago Santos formasse a dupla com Villasanti no Beira-Rio, o jovem de 22 anos mostrou que o Grêmio de Roger Machado passa nesse momento por ele como peça chave na estrutura da equipe.
Mas além da atuação individual do garoto, que marcou seu primeiro gol como profissional, o o que trouxe nova sensação de evolução foi o encaixe das peças. Principalmente no meio-campo. Com Villasanti mais recuado, Bitello e Campaz deram ao time a mobilidade e a capacidade ofensiva que faltavam nas últimas três partidas. A utilização do paraguaio em um posicionamento mais defensivo também reflete um conselho recebido de um antigo companheiro, e que deve ter sequência para os Gre-Nais.
— O Arce me disse que o Villa gosta de jogar tendo o controle do meio, observando o jogo por trás da linha da bola. Que ele faz uma leitura de jogo muito boa e que seria um jogador que ajudaria como um camisa 5. Como foi contra o São Luiz. É uma tendência, sim. Optei por outras formações em busca do equilíbrio e talvez a gente tenha encontrado esse ponto — disse Roger.
Com o time mais leve, sem a presença de Thiago Santos ou Lucas Silvas, o time soube marcar as jogadas de ataque do Ypiranga. Mesmo que o adversário tenha terminado a partida com mais posse de bola, Brenno não foi testado. E o Tricolor ainda teve poder de fogo para criar uma série de situações em que teve a chance de marcar. Não fossem alguns erros técnicos de Elias, o placar poderia registrar melhor o domínio gremista das ações.
— A gente tem margem para evoluir. Em alguns momentos mostrou que pode ser uma equipe que pode fazer uma grande campanha, mas em outros nos mostraram fragilidades que precisamos evoluir e até buscar reforços para aumentar o nível de qualidade. Até mesmo dos treinos, quando isso acontece, também aumenta a evolução dos atletas. A gente sabe aonde quer chegar, mas é um caminho longo. Vamos pensar nessa fase do Estadual e acreditar que acontecerá uma evolução — comentou Roger, ao ser questionado sobre o que o Gauchão aponta para a disputa da Série B.
A parte de motivação e mobilização para o reencontro com o Inter e o Beira-Rio, onde o time perdeu os dois últimos clássicos e fez atuações muito criticadas, terá cuidados especiais também. A ideia da comissão técnica é não colocar mais peso nos jogadores em resolver uma sequência negativa.
— Temos de cuidar para não passar do tom. Temos de estar envolvido emocionalmente com a partida, mas também lúcidos para tomar as melhores decisões. Tenho tido muito cuidado para não encher os jogadores de muita informação de como a gente quer atuar. Tem vezes que mais é menos. Mas essa semana a ideia é que a gente consiga fazer os ajustes dentro do que a gente encaixou nesse jogo e funcionou. Dar motivação e intensidade no treino, mas tirar um pouco o peso da responsabilidade. É menos obrigação e mais desejo entrar em um clássico como esse — alertou o técnico.
A atuação contra o Ypiranga apontou que os dias de conversa e trabalho no CT Presidente Luiz Carvalho, após a derrota no último clássico, cumpriram o objetivo de preparar o grupo para a reta final do Gauchão. A avaliação do presidente Romildo Bolzan é de que o receio de que o grupo de jogadores apresente dificuldades emocionais ficou para trás.
— Hoje (sábado) dá para ver que essa questão foi recuperada. O time teve atitude. Essa questão está superada. O trabalho da direção é o apoio, dar confiança. Estamos juntos em qualquer situação. Já vivemos situação de que depois de um susto grande veio uma situação melhor. Todos têm a capacidade de entender que a carreira passa por vitórias e desempenho — comentou Bolzan.