O Grêmio encontrou em Nicolas a solução para a carência dos últimos anos na lateral-esquerda. Após Diogo Barbosa começar os primeiros jogos do ano como titular com Vagner Mancini, o atual dono da posição ganhou a vaga pela segurança defensiva e pela capacidade de dar assistências.
Com 11 passes para gol, e dois gols marcados, o paranaense justificou o apelido de chuta-chuta que recebeu dos companheiros pela insistência em buscar a goleira dos adversários. Herança ainda da época como atacante nas categorias de base do Athletico-PR.
Aos 25 anos, o lateral vive um dos melhores momentos da carreira, e explica como a questão do desempenho da equipe como visitante recebeu atenção dos jogadores. Invicto nos 17 jogos que fez na Série B, com nove vitórias e oito empates, Nicolas explicou como o período sem jogos serviu para ajustar detalhes antes da partida desta sexta-feira (4) contra o Guarani.
Com a conquista do acesso para a Primeira Divisão como principal meta da temporada, o vestiário gremista se mobiliza para encerrar na próxima rodada a sequência de jogos sem vencer como visitante.
Como vocês conseguiram aproveitar esse período de 10 dias sem jogos?
Tempo importante para nos prepararmos mais, principalmente a parte física. Perdemos um pouco dessa parte quando tem uma sequência maior de jogos em um espaço curto de tempo. Deu para trabalhar, repor as dificuldades que enfrentamos no calendário. Também serviu para entrosar o pessoal que chegou agora. Trabalhamos muito bem e tenho certeza de que será importante para fazermos um bom jogo contra o Guarani.
É a temporada com teu maior número de assistências
Tive duas temporadas boas no Atlético-GO e, ano passado, com o Athletico-PR. Tirei muito proveito disso. Não tive uma sequência como titular, mas mesmo assim, consegui ter um número bom de jogos em 2021. Esse está sendo um ano mágico. O Grêmio foi um clube que me abraçou. Desde quando saiu a notícia do meu acerto, recebia mensagens positivas. Vim para cá para ajudar no retorno à Série A. Os números estão bons, mas quero melhorar.
De onde veio essa facilidade na batida da bola?
Pessoal até brinca comigo que sou o "chuta-chuta" (risos). Gosto muito de chutar para o gol. A batida na bola é uma característica que sempre tive. As coisas se encaixaram. Sempre trabalhei e me dediquei. Meu foco é treinar. Me encaixei bem aqui no Grêmio e meu estilo de jogo combinou . Pude aparecer e mostrar mais meu futebol. Assim, também consigo ajudar meus companheiros.
Esse clima de pressão externa é algo que é conversado no vestiário?
Nem é algo que conversamos, mas quem veste essa camisa sabe a pressão que é. Todos conhecem o Grêmio. Brincamos que sempre a área de visitante está sempre cheia onde jogamos. Precisa entrar dentro de campo e dar o máximo para corresponder.
Conversou com alguém antes de acertar com o Grêmio?
Não. Joguei com o Pepê no Athletico-PR, mas ele já estava na Europa. Não conhecia mais ninguém. A única pessoa que me mandou mensagem foi o Janderson, que também estava acertando com o Grêmio. Fiz novas amizades aqui no clube.
Seu contrato de empréstimo não tem cláusula de compra. Deseja permanecer no Grêmio no ano que vem?
O Grêmio me abraçou. As coisas têm dado certo aqui. Estou focado no acesso, garantir o Grêmio na Série A. Vou focar nisso primeiro. Depois que conquistamos o acesso será a hora de pensar nisso. Se existir essa oportunidade, vou querer ficar. Trabalho para dar meu melhor e corresponder. Quando não posso entregar tecnicamente, vou ajudar correndo. Corri quase 12 km contra o Vila Nova, quando não estive bem tecnicamente.
Como é ser comandado por um técnico que foi um jogador da mesma posição que a sua?
Ele sempre brinca comigo e ajuda a corrigir posicionamentos ofensivos e defensivos. Ter um exemplo deste ajudando diariamente facilita. Nunca tinha trabalhado com o Roger. Gostei muito do trabalho da comissão dele. Tive contato com o James Freitas no Athletico-PR. No início, tivemos aquele processo para o time engrenar, mas depois disso conquistamos as vitórias e chegamos ao G-4.
O Grêmio ainda não perdeu contigo em campo na Série B. Qual a razão?
Esses dias comentaram comigo isso. São nove vitórias e oito empates. Fico feliz. Vou tentar lutar para manter essa invencibilidade até o final da Série B. Seria perfeito (risos). Precisamos pontuar na Série B. Estamos mais próximos do nosso objetivo cada vez que evitamos uma derrota.
Essa questão dos 15 jogos de invencibilidade é algo conversado pelos jogadores no vestiário?
O ponto mais debatido é a questão de vencer fora de casa. Todos nós queremos isso. Temos esse jogo contra o Guarani, que é muito importante para a nossa sequência. Mas precisamos continuar pontuando. Se você somar um ponto e no outro jogo mais três, você vai alcançar seu objetivo. Estar pontuando é muito importante para a sequência.
Qual a razão do Grêmio não ter mais vitórias como visitante na Série B?
São detalhes, principalmente quando chegamos no último terço do campo. É a questão de fazer gols e seguir sem tomar. Vai começar a acontecer. Temos um grande jogo pela frente nesta sexta-feira (5). Bem provável que o estádio esteja cheio. Temos que entrar focados para conseguir a vitória.
Mas tem alguma mudança de orientação para jogar fora de casa?
O gramado do Brusque foi o mais atípico. Isso atrapalha a forma do nosso time jogar. Mas é natural que a equipe da casa ataque mais. É um detalhe. Tenho certeza de que nossa vitória fora de casa virá. Quanto mais rápido ela vier, melhor. Assim acaba esse debate. Estamos pontuando fora e vencendo em casa. Quando ajustarmos esse detalhe de conseguir fazer os gols, e seguir sem sofrer, nossas vitórias virão.
Como você vê a relação com a torcida em um ano de tanta pressão pelo rebaixamento?
É um ano diferente. Quando comecei a jogar, sentia a tristeza do torcedor. Não tiro a razão. É muito dolorido um clube da grandeza do Grêmio ser rebaixado. Sabia da dificuldade e da pressão que teríamos. Aumentou ainda mais a pressão após a eliminação para o Mirassol. Mas temos que saber lidar com isso. Com o passar do tempo, todos os atletas melhoraram na compreensão disso e entenderam como é disputar a Série B. Você pega campos que não são bons, então precisa competir. É na raça e na força para conseguir resultados. Sabemos que é um ano difícil. Mas precisamos passar por isso para recolocar o Grêmio na Série A.
Você teve propostas para sair?
Só penso quando tem proposta oficial. Não ligo para sondagens. Isso atrapalha muito na concentração do atleta. Meu foco hoje é o Grêmio. Estava no Athletico-PR ano passado e tive propostas para sair com três meses para encerrar a temporada. Decidi ficar e deu certo. Penso que é assim. É mais fácil definir quando é algo oficial. Não chegou nada.
O Grêmio mira o título da Série B?
É possível, mas nosso maior foco é o G-4, abrir vantagem para o quinto colocado. Nosso objetivo é conquistar o acesso. Se estivermos em condições de brigar pelo título, seria perfeito. Mas o nosso foco principal é estar o mais longe possível do quinto colocado. Queremos jogar e ganhar todos os jogos. Mas sabemos que não é assim. Teremos oscilações.
O grupo parece ser bastante unido. Esse tipo de relação interfere dentro de campo?
Faz muita diferença. Já participei de grupos assim em outros times. Nosso ambiente hoje é bom de se trabalhar, de fazer amigos e ter os momentos de descontração fora de campo. É muito agradável para quem quer trabalhar. Estão todos se dedicando.
O que dificulta mais na Série B: gramados ruins ou os adversários colocarem o Grêmio como objetivo?
Brinco até com a minha esposa. Todos que nos enfrentam é o jogo da vida. Cada jogo é uma guerra. Pega equipes em fase ruim e o jogo da vida deles é contra o Grêmio. Todos que nos enfrentam nos enxergam de forma diferente. Os clubes sempre dão um pouco a mais contra o Grêmio.