O returno da Série B representou uma virada de chave para o Grêmio. Com a segurança defensiva como marca dos primeiros 19 jogos, em que sofreu apenas seis gols, a produção do ataque é o grande destaque tricolor das últimas seis rodadas. O time de Roger Machado tem a melhor produção ofensiva da segunda metade do campeonato, depois de balançar as redes adversárias 11 vezes, média de quase dois gols por jogo. É com essa nova identidade que o Grêmio encara o Ituano nesta sexta-feira (26), às 19h, na Arena, pela 26ª rodada.
A melhor produção na frente foi registrada mesmo com problemas físicos em uma das principais apostas do clube para a temporada. Por conta de duas lesões musculares, Ferreira jogou apenas 177 dos 540 minutos totais nas seis partidas do returno. Guilherme, substituto escolhido por Roger para a função, também participou pouco da evolução ofensiva. O atacante deu apenas uma assistência, na vitória por 2 a 1 sobre o Guarani.
Por isso mesmo, coube a um velho conhecido do torcedor a responsabilidade de colocar a bola nas redes. Diego Souza, aos 37 anos, segue como principal referência do sistema ofensivo do Grêmio. O centroavante, além de marcar seus gols, também mostrou qualidade como garçom nos últimos jogos: foram duas assistências, mesmo rendimento de Bitello e Villasanti.
— Sou um dos poucos camisas 9 do Brasil que, se estiver na cara do goleiro, toco a bola para meu companheiros fazer o gol. Finalizo muito pouco. Tem vezes em que fico chateado com uma situação ou outra, mas sempre em prol de ganhar o jogo. Se fizer o gol, der assistência ou não participar, o mais importante é vencer — disse o centroavante gremista.
A lista de artilheiros do clube na temporada tem Diego Souza isolado na liderança, com 17 gols. O segundo colocado na relação nem está mais em Porto Alegre. Elias, negociado com o New York Red Bulls, fez sete. Bitello é o próximo, com seis gols. Janderson e Campaz, cada um com cinco, fecham o top 5.
O jogo desta sexta também tem o fator local como aliado. Dos 12 gols de Diego Souza na Série B, 11 foram marcados na Arena.
— Tenho mais sorte dentro de casa. Sou mais feliz aqui — brincou.
Além do ataque, outra evolução no segundo turno, essa mais surpreendente, é a de Villasanti. Desde a chegada de Lucas Leiva, o paraguaio passou a mostrar sua vocação para atacar. Mesmo que seja o jogador com maior responsabilidade na proteção aos zagueiros, ele virou elemento surpresa e participou diretamente de três gols nas últimas seis rodadas.
— O meio-campo tem servido o ataque com mais capacidade do que no primeiro turno. E servido a Diego Souza, que carrega o setor sozinho no Grêmio. Ferreira não tem jogado com regularidade. Biel tem enorme dificuldade na tomada de decisão e Guilherme não desembarcou ainda. O "Tanque Showza" compensa a falta de mobilidade com inteligência e talento que tanto falta nos colegas de ataque — comenta Gustavo Manhago, narrador do Grupo RBS.
Para Gilson Maciel, ex-centroavante e atualmente técnico, a melhora do Grêmio tem elementos da influência do trabalho de Roger e da sua comissão. O time passou por uma série de adaptações ao longo da Série B, mas só se afirmou quando adotou a atual estrutura tática. Com dois volantes, dois pontas e um meia centralizado, passou a ter maior capacidade ofensiva.
— Acompanhei por quase 30 dias o trabalho do Roger. É uma questão de as peças se encaixarem. As vitórias ajudaram o time a crescer ao natural. E, se receber a bola, Diego Souza coloca para dentro — explica Maciel.
A questão que ainda liga o alerta nos bastidores do clube é a dificuldade recente em impedir que os adversários marquem. O sistema defensivo só teve atuação segura no empate sem gols contra a Chapecoense. Nos outros cinco jogos, o time foi vazado. Fica a missão para esta sexta-feira à noite: manter o ataque bem e fazer a defesa melhorar.