O bom rendimento do Grêmio contra o Cruzeiro reabriu a disputa pela função de meia para a sequência da Série B. Campaz, antigo dono da vaga, cedeu lugar para Bitello contra os líderes da competição. A aposta da comissão técnica teve resultado: o jovem de 22 anos terminou a tarde do último domingo como grande destaque tricolor no empate em 2 a 2.
Além da assistência para o gol de Diego Souza, ele também marcou um. A tendência é de que o menino formado na base seja mantido como titular nesta sexta-feira, contra o Ituano, novamente na Arena.
Utilizado como volante e também como meia, Bitello conta com a confiança de Roger Machado. Foi o treinador que chegou ao Grêmio em meio à temporada e o escalou no seu primeiro jogo no retorno ao clube, contra o São Luiz. Depois de ficar com tarefas mais defensivas nas primeiras partidas, o garoto teve novo posicionamento contra o Cruzeiro — recuperando algo que fazia antes da sua chegada a Porto Alegre. Com a camisa 10 do Cascavel às costas, Bitello terminou o Paranaense Sub-19 de 2018 com 11 gols em 12 jogos. Suas características ofensivas que despertaram a atenção da captação da base gremista.
E são as mesmas credenciais que fizeram o Grêmio desembolsar cerca de R$ 20 milhões para buscar Campaz no Tolima, em 2021. O meia-atacante de 22 anos, com drible fácil e chute forte com a perna esquerda, ainda não repetiu no Brasil o mesmo nível que o levou até a seleção colombiana.
Por conta dos perfis semelhantes, essa briga pela titularidade é tratada com muita atenção pela comissão técnica. Campaz também teve boas atuações com o atual esquema, com dois volantes e um meia. Mas o rendimento irregular do colombiano, além da cobrança da torcida, abriu margem para busca uma nova opção.
— Bitello fez tudo que um meia precisa: articulou, finalizou de fora da área, marcou e entrou na área para definir as jogadas. Dentro de casa, contra uma equipe que restringe os espaços, ele conseguiu se locomover bem. Campaz também entrou bem, deu controle técnico. Tudo é possível — disse Roger, no domingo, ao ser questionado sobre os dois.
Paulo Vinícius Coelho, comentarista do Grupo Globo, acredita que seria bom para o Grêmio apostar na sequência de uma mesma estrutura. Para PVC, a constante troca de escalações pode explicar parte das dificuldades na Série B.
— O time jogou bem com Bitello, mas é preciso estruturar um time. Ainda não sabemos como é este time. O rendimento melhorou, mas Roger precisa dar sequência. Se você tem Campaz, precisa atacar. E o Grêmio não conseguiu isso ainda. Por enquanto, é manter o que vem dando certo — avalia o jornalista.
O retorno de Bitello ao time titular, no entanto, não se sustenta apenas pela sua contribuição defensiva. Além de ser o quinto jogador que mais intercepta passes e o 10º em desarmes em toda a Série B, ele também é o vice-artilheiro tricolor na competição, com quatro gols e mais duas assistências. Campaz, por sua vez, marcou dois e ainda não tem nenhum passe para gol.
— Campaz faz o meio-campo ficar caótico. Quando ele perde a bola, não se preocupa com quem está atrás. Essa falta de noção tática, de recomposição, é um desastre. Bitello tem essa consciência, mesmo sendo garoto. Ele organiza melhor o time. Roger sabe que pode contar mais com Bitello, recuado ou adiantado. É muito mais útil por conta dessa capacidade, mais decisivo do que Campaz — destaca Sérgio Xavier, comentarista do SporTV.
No treino da última terça-feira (23), Campaz participou da atividade pelo lado esquerdo. No trabalho de cruzamentos e movimentação, feito apenas com os jogadores que não atuaram desde o início contra o Cruzeiro, o colombiano combinou com Diogo Barbosa entre cruzamentos e finalizações.
Se isso for o indício de um novo posicionamento, ele vira alternativa para substituir Ferreira. Guilherme, provável herdeiro da vaga do lado esquerdo de ataque, não participou do trabalho com os reservas.