Grêmio e Cruzeiro empataram em 2 a 2 neste domingo (21), na Arena, no encerramento da 25ª rodada da Série B. Diante do líder, o técnico Roger Machado promoveu mudanças no sistema tático da equipe gremista ao longo dos 90 minutos que foram além das novidades nos nomes com os retornos de Ferreira e Bitello ao time titular.
Dono da melhor campanha da Série B, com 10 dez pontos de vantagem para o vice-líder Bahia, o Cruzeiro também é o time que mais costuma ter a bola na competição. Os mineiros lideram os quesitos de posse de bola, média de 61,9% por partida, e de passes, 385 certos por jogo. Os dados são do Sofascore.
Para tentar conter o jogo do Cruzeiro, o Grêmio buscou inicialmente fazer uma marcação alta no campo de ataque. Com Bitello começando a partida, Roger Machado saiu do 4-2-3-1 habitual para o 4-1-4-1. Lucas Leiva se posicionou como primeiro volante com Villasanti e Bitello adiantados. Biel e Ferreira avançavam para se juntar a Diego Souza em uma primeira marcação na saída de bola.
Jogo iniciou com o Grêmio adiantando a marcação:
Os altos índices de posse de bola do Cruzeiro na Série B, no entanto, não acontecem por acaso. O time de Paulo Pezzolano tem mecanismos para sair desse tipo de abordagem dos adversários. Na Arena, o uruguaio apostou em liberar o zagueiro Zé Ivaldo para virar lateral-direito, abrindo mão da saída de três atrás. Esse movimento fez Ferreira recuar para acompanhar o zagueiro improvisado como lateral e fez o Cruzeiro começar a encontrar espaços pelo setor direito, onde Zé Ivaldo tinhas as companhias do volante Machado, do ala Bruno Rodrigues e Daniel Jr, que alternava entre ser um extrema e um meia pelo setor.
A estratégia de Roger para marcar no momento que o Cruzeiro ocupava o campo do Grêmio foi uma novidade nesta Série B. Lucas Leiva passou a recuar para atuar entre os zagueiros formando uma linha de cinco defensores. O Tricolor, assim, se posicionava sem a bola no 5-4-1.
— No primeiro tempo, eu coloquei o Lucas Leiva na linha de defesa, na fase defensiva, porque o ataque do Cruzeiro ocupa todas as posições no ataque. Se a gente considerar o campo com cinco corredores, o Cruzeiro ocupa todas elas. Com uma linha de quatro na defesa, as bolas acabam entrando nas posições de desequilíbrio, onde causa a dúvida se a abordagem é do lateral ou do zagueiro. O Lucas por dentro foi para, em tese, termos cinco jogadores para ocupar todos esses corredores — explicou Roger Machado.
Apesar desse encaixe de marcação, o Cruzeiro conseguiu abrir 1 a 0 em passe do zagueiro Lucas Oliveira que encontrou Luvannor às costas de Lucas Leiva. Na jogada, o volante deslocado como zagueiro errou o bote e permitiu que o atacante mineiro estrasse cara a cara com Brenno para fazer o 1 a 0, aos 16 minutos.
Após o gol do Cruzeiro, o jogo teve duas paralisações em função da briga no setor das torcidas organizadas da Arena, o que quebrou o andamento da partida. Ainda assim, o Tricolor conseguiu pressionar na reta final da primeira etapa e chegou ao empate com o gol de Diego Souza em escanteio batido por Bitello. O primeiro tempo terminou com o Cruzeiro tendo uma maior posse de bola - 59% a 41% - ,mas com o Grêmio tendo mais finalizações - 10 a 6.
Essa reta final de primeiro tempo, Lucas Leiva ficou como volante mesmo nos momentos que o Grêmio defendia. Roger, porém, entendeu que o time havia demonstrado fragilidades defensivas. Em razão disso voltou para o segundo tempo formando novamente uma linha de cinco na fase defensiva. Dessa vez, porém, foi Villasanti quem se juntou aos zagueiros.
— No final do primeiro tempo montamos um tripé no meio, mas ele acabou desprotegendo essas posições dois (entre zagueiros e laterais). A bola do Cruzeiro entrou bastante ali. Então fizemos a reposição com o Villasanti — justificou Roger Machado.
Logo no começo do segundo tempo, Bitello fez o gol da virada. Em vantagem, o Grêmio recuou e tinha o jogo controlado até os erros de Brenno e Villasanti, que se chocaram e permitiram que a bola sobrasse limpa para Rafa Silva empatar.
Em busca da vitória, Roger mudou novamente o sistema tático da equipe tricolor. Já com Guilherme e Janderson em campo, o treinador promoveu a entrada de Campaz no lugar de Natã, mudança que fez Lucas Leiva voltar a ser zagueiro, mas formando uma dupla com Bruno Alves. Elkeson também entrou em uma troca simples de centroavantes com a saída de Diego Souza.
O jogo terminou com uma posse de bola total de 62% para o Cruzeiro contra 38% do Grêmio. O Tricolor teve mais finalizações, 21 a 14. Nos chutes no alvo, a vantagem também foi gaúcha, de seis a cinco. O placar de 2 a 2, porém, manteve os mineiros com dez pontos de vantagem e em situação confortável na disputa pelo título da Série B.