O Grêmio terá uma decisão contra o Vasco nesta quinta-feira (2) , a partir das 20h. Muito mais pelo ambiente do clube do que pelo resultado do confronto direto na tabela, a atuação tricolor definirá os rumos para o planejamento na sequência da Série B. Em caso de derrota, ou a repetição do fraco desempenho dos empates contra Criciúma e Vila Nova, a expectativa é de mudanças na comissão técnica e no departamento de futebol.
Mesmo que o presidente Romildo Bolzan negue a existência de um "ultimato", a previsão é de que um eventual tropeço resulte nas saídas de Denis Abrahão e Sérgio Vazques, e do técnico Roger Machado.
— Esse debate não existe. Roger acertou o time no Gauchão, soube entender o momento que estávamos enfrentando. Acredito que ele fará novamente isso — disse Bolzan.
Uma das medidas adotadas para tirar o Grêmio deste momento de pressão foi a presença mais ativa de Romildo Bolzan na rotina do CT Luiz Carvalho. Na noite da última segunda-feira, o presidente reuniu o departamento de futebol para realizar cobranças mais fortes sobre o péssimo desempenho do clube na Série B. Os trabalhos do vice de futebol Denis Abrahão, do diretor Sérgio Vazques e do diretor-executivo Diego Cerri foram duramente cobrados. No dia seguinte, antes do treino de terça-feira, a conversa de Bolzan foi com Roger Machado. O presidente ouviu do técnico as avaliações sobre o grupo de jogadores, rotina de trabalho e as perspectivas na Série B. Na quarta-feira, no hotel que recebeu a delegação gremista no Rio de Janeiro, o papo foi com os jogadores.
— Mobilização de ambiente, visualização do que temos que fazer. Nós temos responsabilidade de ganhar. Temos de criar o ambiente para isso. Não sei se vamos ganhar, mas vamos nos preparar para isso — comentou Bolzan.
A série de encontros foi resumida a GZH por um dos participantes como um alerta de que "a corda esticou". O relato de quem acompanhou a delegação no Rio de Janeiro é de que o ambiente se distensionou com o passar da semana. Após a pressão pela sequência de quatro jogos sem vitória na Série B, o temor era de que os últimos dias poderiam ser de protestos e pressão de torcedores. Mas desde a reapresentação do grupo na última terça-feira, o tempo de trabalho ficou focado apenas na busca pelos ajustes necessários e na tentativa de recuperar o ânimo dos jogadores.
Além dos movimentos feitos pela direção, a comissão técnica também busca preparar um time mais capacitado para enfrentar a turbulência do momento. A opção por jogadores mais experientes, como Thiago Santos e Benítez, foi citada como uma das providências tomadas para amenizar a pressão externa. Nas conversas na concentração no Rio de Janeiro entre os atletas, o favoritismo dado ao Vasco foi utilizado como ponto de mobilização para o grupo.
A semelhança do momento atual lembra um episódio de pressão enfrentado por Roger Machado em 2016. Após as eliminações no Gauchão e na Libertadores, o Grêmio tinha a estreia no Brasileirão contra o Corinthians, que defendia o título, em Itaquera. Em caso de derrota, a demissão da comissão técnica era apontada como garantida. O empate em 0 a 0 deu sobrevida ao trabalho.
— Sei que ele tenta não prestar atenção, mas é impossível que esse tipo de conversa não chegue ao Roger. Em 2016, confiávamos muito na comissão técnica. Nos preparamos bem e demos a volta por cima. Agora é um time mais novo, com alguns veteranos. É normal essa turbulência. Acho que isso também não pega bem no vestiário. Trabalhar a semana toda e saber que, se não vencer, o técnico pode ser demitido — comentou Fred, zagueiro do Grêmio na temporada de 2016.
Assim como soube buscar forças para dar a volta por cima em um momento de desconfiança seis anos atrás, Roger Machado aposta que a semana de trabalho e muita conversa reflita em um bom resultado em campo nesta quinta-feira.