A campanha do Vasco está longe de ter a mesma solidez da construída pelo Cruzeiro. Mas ela é segura e já faz a torcida sonhar com o desembarque na Série A, atracado nos milhões da holding norte-americana 777 Partners. Daí, para nunca mais voltar à Série B, para onde foi rebaixado quatro vezes em 14 anos.
Se ampliarmos a conta, o clube passou cinco dos últimos 15 anos na Segunda Divisão. Sim, um terço do tempo nos últimos 15 anos. Diante de todo esse sofrimento, os vascaínos comemoram a estabilidade do time, o único invicto nesta Série B. São apenas quatro vitórias em nove rodadas, mas, para quem passou 44 rodadas seguidas fora do G-4, estar como vice-líder e sem perder é luxo.
Zé Ricardo, depois de começo convulsionado, conseguiu um pouco de paz. O Vasco caiu para a Juazeirense na segunda fase da Copa do Brasil e para o Flamengo na semifinal do Carioca. O clube decidiu bancar o técnico e se concentrar no grande objetivo do ano, que é evitar a terceira temporada seguida na Série B. Estar na elite em 2023 é pavimentar o caminho para que o clube recupere seu protagonismo com a chegada da 777 Partners.
Na última semana, executivos do grupo estiveram no Rio e se reuniram com integrantes da comissão criada pelo Vasco para tratar da SAF. O plano é vender 70% dela ao 777, que é dono do Genoa, da Itália, do Standard Liege, da Bélgica, e de percentual do Sevilla, da Espanha.
Os norte-americanos também negociam a compra do Red Stars, da França, e atuam nos mercados de aviação, seguros, consumo e comércio, mídia e entretenimento, braço no qual estão os clubes de futebol. O 777 anunciou nesta semana a contratação do diretor de estratégia do City Group, Don Dransfield, para ser seu chefe mundial de futebol.
O plano do Vasco é votar a venda, no Conselho, em julho. Os debates, porém, são quentes. Seis vices do presidente Jorge Salgado reclamam mais transparência nas tratativas, que estão restritas a ele e outros quatro dirigentes.
O tio e os guris
O Vasco dispensou 20 jogadores de 2021 e trouxe outros 21. Entre eles Isaque, emprestado pelo Grêmio, e Palacios e Zé Gabriel, negociados com o Inter. O perfil buscado pelo clube foi, na maioria, de jogadores talhados para a aspereza da Série B. O goleiro Thiago Rodrigues e o volante Yuri, trazidos do CSA, por exemplo, são referências do time hoje.
Só não mais do que Nenê. Aos 40 anos, ele é quem tira alguns coelhos da cartola e faz os jovens Pec e Figueiredo acelerarem pelas beiradas. Andrey, 18 anos feitos em maio, é outra joia buscada na base. Foi ele que colocou Zé Gabriel no banco de reservas.
Palacios em alta
O Vasco tem em Carlos Palacios a aposta de um futuro alvissareiro. O chileno ainda carece, segundo os cariocas, de melhor condição física. Mas será titular ali na frente. Ou, no mínimo, um nome para alternar como camisa 10 com Nenê, que já sente o peso dos jogos. Palacios entrou bem contra o Guarani, 0 a 0 em Manaus, e foi titular contra o Brusque.
Porém, nesse jogo, não convenceu Zé Ricardo de que deve ser titular agora. O jogo contra os catarinenses serviu para Getúlio, destaque do Avaí em 2021, ganhar o lugar de Raniel. Embora ele garanta um pix de R$ 500 a quem der assistência, Raniel parou de fazer gols. Getúlio entrou e deu outra vida ao ataque. Aliás, olho nele, Grêmio.