De contrato renovado após uma longa novela, e com a camisa 10 às costas, Ferreira se transformou na grande esperança gremista para ser o diferencial técnico no ano de disputa da Série B. Mas, com três meses de temporada e uma estreia sem tanto brilho, o atacante ainda busca sua melhor forma dentro do modelo de jogo pensado por Roger Machado. Uma lesão muscular sofrida na perna direita no dia 13 de fevereiro, e o período de 38 dias sem jogos, é apontada no clube como razão para o início de ano abaixo das expectativas.
— Não preocupa de jeito nenhum. Temos convicção na qualidade do Ferreira. É difícil quando um jogador, especialmente da posição dele, ainda está sem ritmo de jogo. Ficou um mês e meio parado por conta de lesão. Está evoluindo. No segundo tempo contra a Ponte já mostrou evolução e tenho certeza que será importantíssimo no time — afirmou o diretor-executivo Diego Cerri.
Para afastar de vez o assédio dos interessados — Flamengo e Fenerbahçe, da Turquia —, o Grêmio finalizou em janeiro uma negociação que se arrastava desde junho de 2021. Entre as idas e vindas na relação no ano passado, já que o Atlanta United quase levou o atacante para o futebol dos Estados Unidos, as partes se acertaram para garantir que a permanência de Ferreira seria uma das apostas para a disputa da Série B. Com contrato ampliado até o final de 2024 e salário reajustado para refletir o protagonismo do jogador no clube, o atacante também recebeu de Douglas Costa a camisa 10 como sinal de relevância na hierarquia do vestiário gremista.
Com todas as questões extracampo resolvidas antes do início dos jogos de 2022, o desempenho do jogador é que virou pauta no clube. O retorno da lesão muscular sofrida no Gauchão é a razão apontada pelos profissionais do Grêmio como razão do início lento de temporada.
Para Paulo Paixão, coordenador de preparação física do Grêmio, a questão com Ferreira tem uma solução simples. Basta que ele jogue para recuperar o ritmo ideal.
— Ritmo de jogo é uma situação igual ao jogador que está vindo de uma pré-temporada. A partir do sexto, sétimo jogo que você começa a pegar ritmo novamente. Só precisa jogar — comentou.
O retorno aos gramados após a ausência de quase 40 dias ainda acabou prejudicada por conta da expulsão no Gre-Nal da volta das semifinais. Expulso nos acréscimos, perdeu a partida de ida da final contra o Ypiranga. No retorno, na decisão do título, se envolveu em nova confusão com Diego Porfírio e foi advertido pela arbitragem. Recebeu um alerta ainda durante a partida da comissão técnica e teve uma atuação sem nenhum problema disciplinar contra a Ponte Preta, na estreia da Série B.
Mesmo com as dificuldades da equipe em 2021, Ferreira teve um desempenho individual de alto nível. Em 52 jogos na última temporada, o atacante marcou 14 gols e deu 13 assistências. Terminou o ano como o jogador do grupo com o maior número de passes para os companheiros marcarem. Também foi o jogador que mais acertou dribles entre todos que disputaram o Brasileirão no ano passado. Concluiu 88 dribles, contra 81 de Ademir, que assinou com o Atlético-MG para 2022. Na atual temporada, os números são bem diferentes: sete jogos e nenhum registro de gol ou assistência.
— Vai muito da parte clínica, ter recuperado bem. E depois é confiança do atleta, da quantidade de treinos que fez antes de voltar e do jogo em si. O Ferreira jogou pouco tempo ainda para se ter um retorno adequado para voltar com confiança plena. Não acho que ele tenha apresentado o mesmo futebol da última temporada, mas o ano é longo e dependerá de ele estar focado em jogar o futebol que sabe — opina o ex-atacante Rodrigo Mendes.
A partida desta sexta, contra a Chapecoense, a quarta desde o retorno da lesão na coxa, será mais uma oportunidade de voltar a mostrar o potencial que rendeu ao jogador a confiança da direção e dos torcedores em seu potencial. Com Ferreira como aposta de protagonista, o Grêmio tentará conquistar sua primeira vitória na Série B.