Uma das principais promessas do futebol brasileiro, o lateral-direito Vanderson, 20 anos, vem sendo aproveitado no Monaco como meia direita e já estreou no novo clube marcando gol. Cria da base do Grêmio, o atleta sonha em se firmar no alto nível do futebol europeu e conquistar uma vaga na Seleção Brasileira.
Curiosamente, o defensor enfrenta, no Monaco, a mesma dificuldade que viveu no Grêmio em 2021 para se firmar no time titular. Se na Arena o atleta passou a maior parte do tempo como reserva de Rafinha, no novo clube a concorrência é ainda maior. Afinal, o clube do principado possui dois laterais da seleção francesa: Ruben Aguilar e o campeão do mundo Djibril Sidibé.
Por isso, Vanderson vem sendo aproveitado como meia direita e alega não ter pressa para se firmar na sua função de origem. Mesmo atuando fora da sua posição, o atleta já mostrou as suas credenciais logo no primeiro jogo, quando marcou um belo gol na derrota por 3 a 2 para o Montpellier, no dia 23 de janeiro.
Em entrevista a GZH, o ex-lateral do Grêmio falou sobre o rebaixamento para a Série B, as recordações dos tempos de Arena, os planos no futebol europeu e o sonho de chegar à Seleção. Confira a entrevista com Vanderson:
Após o turbilhão de 2021 no Grêmio, como foi a sua chegada ao Monaco e os primeiros jogos pelo novo clube?
Sei que a torcida do Grêmio está triste pelo que foi 2021 pra gente. Não foi fácil. Quem esteve lá sabe da dificuldade que passamos. Mas agora é uma página virada. O Grêmio está sempre no meu coração e o torcedor e quem está próximo de mim sabe muito bem disso. Mas agora tenho uma carreira pela frente e aqui no Monaco está sendo maravilhoso. Espero evoluir e melhorar aqui na Europa.
Você estreou marcando um belo gol na derrota por 3 a 2 para o Montpellier. Apesar do resultado, de que forma o gol pode te ajudar a ganhar espaço no clube?
Apesar do resultado negativo contra o Montpellier, fiquei muito feliz por marcar meu primeiro gol. O Monaco é um clube perfeito para os jovens. Tem muitos jovens com muito potencial e grandes jogadores que fizeram história na Europa. O Monaco vai ser uma porta maravilhosa para mim na Europa. É um clube maravilhoso, com grande estrutura. Só espero coisas boas para frente. Vou trabalhar muito aqui para almejar coisas grandes com esta camisa.
Você acredita haver tempo hábil para conquistar uma vaga na Copa do Catar. Trabalha com esse objetivo?
Não só eu. Todo jogador sonha em veste a camisa do seu país, e comigo não é diferente. Mas, como eu falei, estou chegando agora. Espero me adaptar bem aqui, começar a jogar mais, aprender muito mais e evoluir muito mais em algum aspectos. A seleção será uma consequência de um trabalho bem feito aqui no clube. Então, eu quero pensar aqui no Monaco. Claro, se surgir uma oportunidade, quem não quer disputar uma Copa do Mundo? Mas o foco é o trabalho aqui. Então, é trabalhar, evoluir e a Seleção será uma consequência de um trabalho bem feito.
Você tem atuado como meia no Monaco e não na lateral direita. Por que motivo?
Aqui no Monaco tem dois laterais-direitos de renome na França e na seleção francesa, que são o Djibril Sidibé e o Ruben Aguilar. Por isso, neste primeiro momento, o treinador está me usando na segunda linha como meia direita e estou entrando assim no decorrer dos jogos. Fico muito feliz de ter participado de todos os jogos. Desde quando eu cheguei, ele está me colocando na segunda linha, então eu tenho a função de entrar na área e de ficar perto do gol.
Você cogita se firmar na meia direita?
Os jogadores hoje em dia têm que abrir um leque de opções. Quero aprender muito não só como como lateral-direito, mas quero ajudar em outras posições também. E isso é muito importante para mim e para a minha carreira. E quem sabe seja uma nova posição? Mas nunca abrindo mão da posição onde eu comecei, que foi a lateral direita.
O Rafinha me ajudou muito, me deu conselhos, e aprendi demais com ele. E aqui não vai ser diferente.
VANDERSON
sobre disputa por posição
Essa dificuldade que você está tendo no Monaco de superar a concorrência com os laterais Sidibé e Aguilar é parecida com a que você passou no Grêmio quando chegou o Rafinha?
É uma situação parecida, mas eu vim aqui para somar e ajudar. Na hora certa, as coisas vão acontecer. Quero ajudar o Monaco e quero ser ajudado também. Então, vou trabalhar e logo mais vou conquistando as coisas aos poucos. Cheguei agora ao clube, vou completar um mês. Quero aprender ao máximo. Se existe um cara como o Sidibé, que é campeão do mundo, ou o Aguilar, que é jogador de seleção, a convivência com eles é muito importante para o meu crescimento, como foi com o Rafinha lá no Grêmio. O Rafinha me ajudou muito, me deu conselhos, e aprendi demais com ele. E aqui não vai ser diferente. Quero aprender com os outros que já estavam aqui e tem mais experiência. E quem tem que ganhar com isso são o Monaco e o Vanderson. Pretendo aprender muito com esses caras.
Como foi a tua convivência com o Rafinha no Grêmio? Em que fundamentos você acha que o Rafinha te ajudou?
Em vários. O Rafinha foi um grande jogador aqui na Europa. Por onde passou, conquistou títulos. Ele me ajudava em quase todos os aspectos dentro do campo: posicionamento, jeito de marcar e várias outras coisas. Cada vez que ele passava um ensinamento, eu tentava pegar o máximo. Por isso, eu tive uma sequência boa no Grêmio, graças a ajuda do ajuda do Rafinha e de outros mais experientes, como Geromel e Kannemann, que sempre estavam alinhados a me ajudar. Graças a Deus tive esse contato com esses jogadores, que são grandes pessoas e me ajudaram a crescer.
O que aconteceu com o Grêmio no ano passado? Na tua avaliação, por que o time caiu para a Série B?
É difícil explicar. Foi uma coisa que a gente lá dentro nunca esperava passar. Quando começou o Campeonato Gaúcho, desde lá atrás na Pré-Libertadores, montávamos um grande time e conquistamos o Campeonato Gaúcho e a Recopa Gaúcha. E aí vieram as eliminações na Libertadores na Sul-Americana. Eu não esperava passar por isso. O time era bom e estavam chegando grandes jogadores. É difícil explicar. Todos tentamos e trabalhamos para evitar. Havia horas em que a gente se excedia um pouco e passava um pouco dos limites para tentar ajudar, mas é difícil explicar. Mas tenho certeza de que o Grêmio vai sair dessa situação. Lá tem grandes jogadores que vão tirar o time desta situação e vão recolocar o time em seu lugar, de onde ele nunca deveria ter saído.
Que recordações você tem do técnico Renato Portaluppi, que te lançou no time principal?
O Renato é... sem palavras. É um ser humano incrível, que me ajudou bastante e que me deu confiança. Ele me colocou para jogar mesmo tendo muitos grandes jogadores na posição. Lembro muito bem que ele perguntou: "Você está pronto para jogar?". E eu falei: "Estou pronto". Todos lembram que era a final da Copa do Brasil (contra o Palmeiras). Saímos infelizes naquele dia (pela derrota), mas eu saí com a certeza de que foi um dever cumprido. Consegui ir bem no jogo, e ele me passou essa confiança. É um grande ser humano e um grande treinador que com certeza vou levar para sempre.
Não acredito que a saída do Renato tenha sido o maior fator para a queda.
VANDERSON
sobre rebaixamento do Grêmio à Série B
Você acha que a saída do Renato pode ter atrapalhado o Grêmio na temporada passada?
Não acredito que a saída do Renato tenha sido um estopim para a queda. Tivemos quatro grandes treinadores. O Tiago Nunes é um grande treinador. Teve o Felipão a quem também tenho que agradecer. Ele e seus auxiliares me ajudaram muito na minha evolução. Teve o Mancini também com quem trabalhei por pouco tempo, mas me ajudou também. Eles são grandes treinadores. Não acredito que a saída do Renato tenha sido o maior fator para a queda.
Você tinha uma negociação avançada com o Brentford-ING e, na última hora, acabou acertando com o Monaco. Como foi essa decisão?
Foi uma decisão minha e da minha família. Nos reunimos e conversamos sobre a situação que tinha aparecido. Eu já conhecia a história do Monaco, um clube importante e grande aqui na Europa. Quando surgiu essa oportunidade, não pensamos duas vezes. É uma cidade maravilhosa e perfeita. Quando surgiu o interesse, nos reunimos e achamos que seria a melhor situação naquele momento. Está sendo perfeito. Quero evoluir mais para dar alegrias à torcida do Monaco.
Como é a vida no Principado de Monaco?
O Principado de Monaco é muito, muito lindo. É um lugar ótimo para morar. Quando eu cheguei, fiquei hospedado em um hotel em que dava para ver as pistas do Grande Prêmio de Fórmula-1, que eu só via pela televisão. Estou muito feliz. É maravilhoso e ótimo de morar. Tenho certeza de que isso só agrega dentro e fora de campo. É um lugar muito lindo e muito maravilhoso.
Está nos teus planos retornar ao Grêmio no futuro, em uma situação mais tranquila?
Saí do Grêmio recentemente. Tenho grande caminho pela frente. Tenho meus planos de carreira. Se Deus quiser vou jogar por muito tempo na Europa em alto nível. Quem sabe mais para frente, mas agora é pensar no futuro próximo para depois pensar em retorno ao Brasil e ao Grêmio.