O Conselho Deliberativo do Grêmio instaurou na última sexta-feira (11) a Comissão Especial para analisar o funcionamento dos clubes-empresas. O presidente do Conselho, Carlos Biedermann, nomeou seis conselheiros do clube que terão o papel de estudar sobre as legislações das Sociedades Anônimas do Futebol (SAF) e apresentar o relatório de estudo com a missão de estabelecer um nivelamento no conhecimento sobre o tema, já que são 354 integrantes do Conselho Deliberativo e nem todos possuem o total domínio obre as novas leis do futebol.
Importante ressaltar que isso não é o início de um processo de transição do Grêmio. Nesse momento, não é estudado pelo clube a hipótese de se tornar uma empresa. A ideia do presidente é que todos os conselheiros estejam na mesma página no assunto, caso isso seja debatido futuramente. Integrante da Comissão Especial, Cristiano Costa explicou como funcionará o trabalho dos seis conselheiros que terão a missão de apresentar o relatório com todas as informações sobre as SAFs.
— No fim do ano passado, após uma reunião, um conselheiro sugeriu o estudo dessa nova legislação. A ideia foi acatada pelo presidente Carlos Biedermann, que colocou em prática. A comissão terá o papel de estudar as leis e todas as possibilidades que existem na SAF. Ao fim, faremos um relatório com as informações e sem posicionamentos. Estamos pensando na proteção do clube. Quando veio a Lei Pelé, perdemos o Ronaldinho de graça — comentou o conselheiro, que completa: — Quando saiu o Profut em 2016, também foi feita uma comissão de estudo. O relatório terá como objetivo estabelecer um nivelamento de conhecimento sobre as SAF dentro do Conselho. Sem as informações completas sobre o tema, não é possível nem formar opiniões, tampouco debatê-las.
Os seis integrantes da Comissão Especial para analisar Clube/Empresa são:
- Carlos Alberto Diehl
- Fernando Antonio Zanella
- Jeferson Thomas
- Jorge Luiz Pimentel Junior
- Cristiano Machado Costa
- Marcio Floriano Junior
Nas redes sociais, o assunto gerou muita repercussão e dividiu opiniões entre os torcedores do Grêmio. Conselheiro do clube, Eduardo Magrisso afirmou em seu perfil do Twitter ser totalmente contra o clube se tornar empresa. Entretanto, concorda com a atitude tomada pelo Conselho Deliberativo em buscar conhecimento sobre o tema.
— Eu venho acompanhando essa legislação desde que ela estava em tramitação, quando fazia parte de uma comissão do conselho que tratava de assuntos legais do clube. A última coisa que eu quero é que o Grêmio vire uma empresa. Não me vejo torcendo para um clube que tem um dono. Essa é uma nova legislação complexa, que traz possibilidades para clubes que estão mal pegarem o seu passado de erros, jogarem em uma gaveta e começarem totalmente do zero. Botafogo e Cruzeiro, por exemplo. Eles saem em vantagem em relação aos demais clubes. Além disso, clubes como o Bragantino vão conquistar cada vez mais espaço em um médio prazo. Para ficar no topo, os clubes têm que conhecer essa dinâmica. Clubes-empresas bem organizados vão disputar posições na Série A, e quem não estiver fortalecido, como o Grêmio nesse momento, terá muita dificuldade. É louvável que o conselho esteja estudando os processos — comentou o conselheiro em contato com a reportagem de GZH.
Magrisso ainda ressaltou que a repercussão negativa por parte da torcida nas redes sociais tem a ver com a falta de comunicação entre clube e torcida e os exemplos negativos vividos pelo Tricolor em sua história com empresas.
— O Grêmio foi rebaixado e, por isso, todos os assuntos ganham grandes proporções. Uma simples nota oficial explicando a ideia do Conselho serviria para diminuir a repercussão negativa. Mas o clube se comunica muito mal. Além disso, as experiências com a ISL e com a própria OAS deixam o torcedor desconfiado — finalizou.