A passagem de Thiago Gomes pelo Grêmio começou em 2018 e terminou na segunda-feira (13). Profissional contratado para comandar o time de transição, o treinador assumiu como auxiliar técnico fixo na gestão de Luiz Felipe Scolari. Menos de quatro meses depois, recebeu uma ligação para se reunir com o vice de futebol Dênis Abrahão. No encontro, foi informado do seu desligamento do clube. O motivo: corte de custos.
A justificativa causou estranheza. Thiago tem as contas da economia que suas decisões geraram aos cofres tricolores. Como técnico do último degrau antes da equipe profissional, foi responsável por definir que 70 jogadores não teriam seus contratos renovados. Outros 25 foram desligados antes de subirem da base para a transição. Pelos seus cálculos, caso cada um dos dispensados tivessem renovado o contrato por mais um ano, o gasto seria na casa dos R$ 40 milhões.
— Pode pesquisar onde estão cada um desses jogadores. Não tem nenhum em grande clube — explica.
— Representei muita economia para o clube — assegura.
Thiago argumenta que além de evitar o custo, ajudou a gerar lucro com a venda de jogadores. Nomes como Tetê e Diego Rosa foram negociados sem passar pela equipe principal.
A venda de jogadores, Thiago pondera que faz parte de um trabalho em conjunto com diversos outros profissionais envolvidos com a formação de atletas no Grêmio. Porém, em um deles a decisão foi individualizada.
Ferreira estava com um pé fora do Grêmio. Tinha voltado de empréstimo do Aimoré. O contrato se aproximava do fim. O atacante seria emprestado para o São José até o vínculo expirar, e ele seguiria a sua vida profissional em outro clube.
— Ninguém queria mais ele e eu bati o pé. O Kevin (Krieger) e o Romildinho (diretores da base) renovaram o contrato. Disse que ele (Ferreira) tinha um amadurecimento tardio. Hoje ele vale 8 milhões de euros — conta.
Situação similar foi vivida com Pepê, vendido ao Porto. Com poucas oportunidades na transição, jogador e empresários queriam ir para um lugar onde o jogador tivesse mais tempo de jogo. O destino era a Ponte Preta. Junto com o gerente executivo André Zanotta, Thiago contornou a situação, culminando na permanência do atacante da Arena. O Porto depositou 15 milhões de euros nos cofres tricolores para comprá-lo.
O trabalho na equipe de transição e os seus períodos como interino do time principal quase renderam a efetivação a Thiago após a saída de Tiago Nunes. Em uma reunião entre jogadores e direção, os atletas sugeriram que o comandante da equipe de transição fosse galgado ao comando do vestiário gremista.
Apesar da vontade do elenco, o comando de futebol tricolor optou pela chegada de Luiz Felipe Scolari. Thiago foi transformado em auxiliar fixo do clube.
— Foi muito legal trabalhar com o Felipão. Ele me abraçou de uma forma fantástica. Foi muito receptivo. Algo que levo para toda minha carreira — relata.
Na sequência, chegou Vagner Mancini, veio a queda para a Série B e a necessidade, segundo a direção, de diminuir os custos. E, assim, Thiago Gomes foi uma das primeiras vítimas da nova realidade do Grêmio.