A permanência de Vagner Mancini como técnico do Grêmio para a temporada de 2022 foi confirmada na segunda-feira (13) após reunião do vice de futebol Dênis Abrahão com o treinador. A ideia de manutenção da comissão técnica havia sido manifestada pelo dirigente logo após o rebaixamento do Tricolor, na última rodada do Brasileirão, e teve a confirmação na manhã desta segunda-feira.
Contratado para dirigir o Grêmio nos últimos 14 jogos do Brasileirão, Vagner Mancini tem contrato até o final de 2022 e, por isso, não precisou ter o vínculo prorrogado. Houve, no entanto, o estabelecimento de metas para a temporada na qual o clube irá disputar a Série B pela terceira vez em sua história.
A manutenção de Mancini ocorre em razão da avaliação feita pela direção de que o time mostrou evolução na reta final do campeonato e de que a atual comissão técnica tem os diagnósticos dos motivos que levaram o clube para a Série B.
— Eu trabalhei com o Mancini por 50 dias. A convicção nessa decisão foi pela evolução que o time mostrou depois de ele ter assumido sem conhecer os jogadores e em curto espaço de tempo tirou o melhor deles. Se o Mancini tivesse chegado antes, pelo aproveitamento dele, o Grêmio teria ficado entre os seis primeiros. Ele pegou esse time pronto, trabalhou exaustivamente, venceu partidas importantes e fomos prejudicados em outras. Isso não vou deixar de falar. O Grêmio foi muito prejudicado pela arbitragem, mas não passa por aí o rebaixamento. Tenho a convicção de que o Vagner fará um grande trabalho para levar o Grêmio para a Série A — seguiu.
Com o comando do futebol e a comissão técnica mantida, o Grêmio apostará na mudança da fotografia do elenco para tentar o acesso para a Série A do Brasileirão.
— Estou tratando com profissionais de futebol, muitos jogadores deixarão o grupo principal. Muitos deixarão o clube, alguns serão contratados. Se isso é mudança de fotografia, isso é o que irá acontecer. Muitos jogadores sairão e outros chegarão para suprir essas vagas — ressaltou Dênis Abrahão.
A permanência de um treinador para o ano seguinte após um rebaixamento no Brasileirão é algo raro nas quedas de grandes clubes. Em 2019, por exemplo, o Cruzeiro manteve Adílson Batista, mas o treinador foi demitido ainda durante a disputa do Campeonato Mineiro de 2020 e sequer iniciou a campanha da Série B.
O Palmeiras, em 2012, fez o mesmo movimento, mas com sucesso. Gilson Kleina tinha assumido o clube faltando 13 rodadas para acabar o Brasileirão, também substituindo Luiz Felipe Scolari, e seguiu no Palestra Itália sendo o comandante da campanha do título da Série B em 2013. Em conversa com GZH, Kleina disse que vê vantagens na manutenção de Mancini pelo Grêmio.
— A queda de um grande clube não vem pelo último trabalho, é uma série de situações. Vejo a manutenção do Mancini como vantajosa para o Grêmio, pois dá a possibilidade de o clube atingir o patamar mais elevado na análise do elenco e na busca por soluções. Ele conhece os atletas, conviveu no momento da queda e sabe como irá conviver com essa situação de pressão durante a temporada — avalia.
Gilson Kleina, porém, observa como natural que grande parte da torcida se posicione contra a permanência do treinador que estava na casamata no rebaixamento. Em razão disso, ele ressalta que a diretoria precisa ter convicção nessa ideia para manter o trabalho em caso de dificuldade no começo da próxima temporada.
— O ano de Série B é diferente. Você precisa focar na competição. Atualmente não é mais tão simples para os grandes subirem. A Série B está ficando uma Série A disfarçada. Não é um campeonato que você pode cravar que vai subir porque o acesso é difícil. É preciso saber conviver com a pressão. Se não começar bem o estadual, todos devem entender que a prioridade é a Série B —completa.
A aposta do Grêmio de manter Mancini foge do habitual no futebol brasileiro depois de grandes derrotas, como um rebaixamento. O treinador terá de mostrar em 2022 que a direção agiu de forma correta. É isso que os gremistas, que tanto sofreram em 2021, esperam.