O Grêmio entrará em campo no domingo (31), contra o Palmeiras, ainda mais pressionado por conta da vitória do Santos e do empate do Bahia em jogos atrasados na quarta-feira (27). Os resultados deixaram o Tricolor seis pontos atrás dos dois clubes, que são os primeiros fora da zona de rebaixamento do Brasileirão.
Para chegar aos mesmos 32 pontos desses rivais diretos contra o Z-4, o time do técnico Vagner Mancini precisa de ao menos duas rodadas, já que hoje soma apenas 26 pontos. A conta projetada para escapar do rebaixamento é 44, e hoje o Tricolor tem apenas 26. Para piorar, no fim de semana a equipe gaúcha terá pela frente o vice-líder do campeonato, e com cinco desfalques por suspensão: Rafinha, Paulo Miranda, Luiz Fernando, Ferreira e Borja.
Dois deles são titulares: Rafinha e Borja. Paulo Miranda vinha sendo o escolhido para substituir Geromel, ainda em busca da melhor forma física para retornar após lesão. E Ferreira era uma alternativa quase certa para o segundo tempo. Agora, sem eles, Mancini precisará buscar as reposições dentro do próprio grupo.
— O jogo de futebol está muito próximo do xadrez. Quando se perde uma peça importante, começa a não conseguir bloquear o adversário. A gente vai lutar até o final e não tenho dúvida de que ficaremos na Série A — afirmou o treinador após a derrota para o Atlético-GO, na rodada passada.
No tabuleiro de Mancini, a principal dúvida recai na lateral esquerda. As opções para substituir Rafinha são Bruno Cortez, Diogo Barbosa e Guilherme Guedes. Nenhum deles, porém, conseguiu dar uma resposta positiva quando foi escalado. Para o ex-lateral Gilberto, com passagem pelo Grêmio e pela Seleção Brasileira, Mancini agora terá de lidar com outro problema: a motivação dos jogadores que foram preteridos por um atleta que atua improvisado.
— É complicado você ter jogadores de origem, que já atuaram em grandes clubes, e escalar um improvisado. É como avisar para o cara que ele não serve, mesmo que o Rafinha seja um grande lateral e esteja dando conta do recado — avalia ele, que hoje é coordenador Programa de Desenvolvimento Individual das categorias de base do Flamengo.
Gilberto crê também que a escolha deva ser baseada na avaliação do que o técnico tem observado nos treinos e na característica que quer dar à equipe. Ele passou por uma situação parecida no Grêmio em 2003, quando o time escapou da queda para a Série B apenas na última rodada. Recorda que naquela época a estratégia e a postura do Tricolor variavam de acordo com o adversário, por vezes mais cauteloso, em outras mais agressivo.
— Nós também tínhamos um time com nomes que gostavam de propor o jogo, como eu, o Christian, o Tinga, mas não dava para ser assim sempre. Tinha jogos que não dava para sair muito, e o grupo se reuniu e entendeu o momento. Lembro que fomos enfrentar o Santos na Vila, com Diego e Robinho, e a gente agredia muito pouco os caras, todo mundo sabia que precisávamos somar pontos, então a aposta era em um estilo mais transitório, de contra-ataque — recorda.
Há outra indefinição no time que irá a campo final de semana. O centroavante Borja retornou de lesão na segunda-feira, mas está suspenso para o jogo diante dos paulistas. Assim, a tendência é de que Diego Souza seja novamente titular, repetindo escalação que vem gerando muitas contestações, por diminuir a mobilidade da parte ofensiva da equipe – as outras alternativas são o garoto Elias, de 19 anos, ou uma equipe sem centroavante.
Campeão da Copa do Brasil de 1994 pelo Tricolor, Nildo acredita que o veterano, artilheiro gremista na temporada, ainda é a melhor opção para substituir o colombiano.
— Dos centroavantes que tem no grupo, em uma fase difícil dessas, onde requer experiência, acho que você não pode abrir mão do Diego Souza — opina.
Na visão de Nildo, a própria mudança na lateral esquerda deve facilitar a vida do nome que for escolhido por Mancini para começar o confronto contra os atuais campeões da Libertadores. Ele vê no futebol atual mudanças estruturais que prejudicam a situação de quem ganha a vida dentro da área, disputando espaços com zagueiros e esperando a oportunidade de botar a bola na rede. Uma delas é o fato de os extremas jogarem com os pés invertidos. Isto é: o destro na esquerda, o canhoto na direita. No Grêmio, inclui-se o lateral nesta equação.
— O grande problema, na maioria dos clubes, foi a inversão dos pontas. Dificilmente vem um passe ou um cruzamento, eles geralmente buscam cortar para dentro e chutar para o gol. Se você assistir aos jogos, o Diego Souza está sempre balançando a cabeça, lamentando que não recebeu. Se ele estivesse perdendo vários gols, o Mancini poderia optar por outro jogador, mas são poucas as oportunidades claras — analisa o herói de 1994.
Contra o Palmeiras, ao menos uma coisa é cerca: seja qual for o centroavante escolhido por Mancini, ele terá ao seu lado um lateral-esquerdo canhoto, independentemente das características. É bom que as coisas estejam sendo ajustadas, pois um novo tropeço pode encaminhar o time para o fim de uma luta que o clube não pode perder pela terceira vez na sua história.