A defesa à queima-roupa feita por Gabriel Chapecó no chute de Anselmo Ramon que impediu a Chapecoense de abrir 2 a 0 contra o Grêmio aos 7 minutos do jogo da última segunda-feira (9) foi vista por muitos como determinante para o Tricolor poder virar o placar e obter a sua primeira vitória em casa no Campeonato Brasileiro. Esse lance simbolizou o bom momento do goleiro de 21 anos que atuou em todos as partidas desde a chegada do técnico Luiz Felipe Scolari ao clube. Com Brenno de volta após a conquista do ouro olímpico, o treinador precisará definir quem será o dono do gol gremista para a sequência da temporada.
Após a vitória de 2 a 1 sobre a Chapecoense, Felipão admitiu ter dúvida na posição. O técnico afirmou que vai observar Brenno nos treinamentos e depois tomará a decisão junto com o preparador de goleiros Mauri Lima.
— Tenho que observar os treinamentos. Não posso punir um jogador porque foi para a Seleção, mas também não posso deixar de examinar um goleiro que vem jogando muito bem. Eu e o Mauri vamos examinar essa questão, trabalhar com os dois. Eu mais ou menos imagino a decisão que vou tomar, mas vou ver com os meus olhos e com a palavra do meu treinador de goleiros, que é muito bom, que conhece, para ver como vamos tratar essa situação. Claro que, quando A ou B não joga, um vai ficar triste — declarou.
Em razão da ida para a Olimpíada e de convocações para amistosos de preparação para os Jogos de Tóquio, Brenno disputou apenas quatro partidas neste Brasileirão. Seu último jogo foi na derrota de 2 a 0 para o Palmeiras, antes da chegada de Felipão. Mesmo reserva, Gabriel Chapecó tem o dobro de presenças na competição: oito.
Os números individuais mostram pequena superioridade de Gabriel Chapecó. Ambos têm a mesma média de defesas por jogo, de 3,5, mas Chapecó atingiu a marca defendendo 80% dos chutes enquanto Brenno parou apenas 67% dos arremates adversários. Chapecó tem uma média de gols sofridos 0,87 por jogo enquanto a de Brenno é de 1,75, ampliada pelos três levados na derrota de 3 a 2 para o Ceará, na estreia.
Gabriel Chapecó não atuou no Gauchão e Brenno não entrou em campo pela Copa do Brasil. O outro torneio onde ambos jogaram foi a Sul-Americana, quatro partidas cada. Na competição continental, Chapecó tem vantagem no número de defesas – média de três por jogo contra duas -, mas Brenno sofreu menos gols - três contra quatro.
Diferente do que aconteceu nos últimos anos, quando a posição de goleiro foi discutida por falhas dos titulares, Brenno e Gabriel Chapecó dão a chamado bom problema para Felipão definir o dono da meta gremista.
O QUE DIZEM OS EX-GOLEIROS
Murilo, goleiro do Grêmio de 1994 a 2000
"Penso que o Brenno é o titular. Ele só saiu porque foi para a Seleção Brasileira. Se vai para a Seleção por ter mostrado algo melhor. Ele mostrou isso, foi convocado e agora volta como titular. Infelizmente para o Chapecó foi assim. Penso que o Felipão até não falou isso para não desmotivar o Chapecó. O Brenno volta como titular, mas o Chapecó mostrou que está pronto".
Emerson, goleiro do Grêmio de 1991 a 1994
"Goleiro é uma posição diferente e você nunca gosta de sair. Eu mesmo joguei machucado muitas vezes para não dar oportunidade para meu reserva jogar. Só que o caso do Brenno não foi uma oportunidade, ele foi premiado ao ir para a Seleção Brasileira. É uma decisão delicada, mas penso que o Brenno deve voltar a ser titular. Ele deve retornar por direito, mas não está em uma situação confortável porque o Chapecó mostrou que está apto a ser o titular".
Galatto, goleiro do Grêmio de 2004 a 2007
"O Felipão precisará escolher um porque aqui no Brasil não existe essa cultura de dividir goleiros por competições. Quando eu joguei na Espanha, lembro que na Copa do Rei jogava um goleiro e outro na Liga. Aqui não é assim. Se eu tivesse que tomar a decisão, o Brenno voltaria como titular por ter sido chamado para a Seleção. Agora ele terá que provar que segue sendo o Brenno de Seleção porque o Chapecó mostrou que tem condições. Isso é importante para o goleiro saber que tem um reserva pronto para assumir o lugar. Gera uma competição boa. Brenno volta pela condição que atingiu até ir para a Seleção com essa disputa. Se o Brenno cometer erros, aí o Chapecó poderá voltar".
Números no Brasileirão
Gabriel Chapecó
- Jogos: 8
- Gols sofridos: 7 (0,87 por jogo)
- Defesas por jogo: 3,5 (80% dos chutes)
- Jogos sem sofrer gol: 3
Brenno
- Jogos: 4
- Gols sofridos: 7 (1,75 por jogo)
- Defesas por jogo: 3,5 (67% dos chutes)
- Jogos sem sofrer gol: 0
Na Sul-Americana
Gabriel Chapecó
- Jogos: 4
- Gols sofridos: 4 (1 por jogo)
- Defesas por jogo: 3 (75% dos chutes)
- Jogos sem sofrer gol: 2
Brenno
- Jogos: 4
- Gols sofridos: 3 (0,75 por jogo)
- Defesas por jogo: 2 (73% dos chutes)
- Jogos sem sofrer gol: 1
Fonte: Sofascore