Carlos André Avelino de Lima começou a carreira no pequeno Ypiranga, de Salvador, mas foi com as camisas de Grêmio e Vitória que escreveu seu nome na história do futebol brasileiro. No Rubro-Negro baiano, André Catimba, como era conhecido, comemorou o título estadual de 1972. Mais tarde, no Tricolor, levantou as taças dos Gauchão em 1977 e 1979. O ex-jogador morreu nesta quarta-feira, aos 74 anos.
Na Capital, Catimba formou ao lado de Tarciso e Éder um dos mais celebrados trios de ataque que já passaram pelo clube gaúcho. Foi com eles – e sob o comando de Telê Santana –, em 1977, que o Grêmio pôs fim a uma sequência de oito títulos gaúchos do Inter.
No jogo decisivo, no Estádio Olímpico, o centroavante marcou o único gol da tarde naquele 25 de setembro. Tão emblemática quanto a conquista sobre o maior rival, que recolocou o clube no caminho das vitórias, foi a comemoração do baiano. Especialista em saltos mortais, tentou fazer o movimento diante da torcida, mas sentiu uma distensão. Parou no ar, antes do giro, e caiu de frente no chão.
Quase 45 anos depois, a foto daquele momento ainda é uma das mais famosas da história gremista. E era exibida como quadro na parede de sua casa, em Salvador.
— Na hora foi horrível, pela dor. Mas agora, olhando assim e falando contigo, dá um saudade — disse, em 2017, em entrevista a GZH.
A passagem por Porto Alegre encerrou-se em 1979, aos 33 anos. Foram 133 jogos e 65 gols marcados com as cores do Grêmio. Ainda hoje é um dos 30 maiores artilheiros do clube, na 27ª posição. Está à frente de nomes como Jardel, artilheiro no bicampeonato da Libertadores de 1995.
Em 1980, Catimba assinou com o Argentinos Juniors. Por lá, conheceu um jovem que logo encantaria o mundo inteiro: Diego Maradona. Ele foi o primeiro brasileiro a atuar ao lado do camisa 10 e capitão da Argentina na conquista da Copa do Mundo de 1986. E os dois logo fizeram amizade.
Em 2020, quando o ídolo argentino morreu, o baiano deu entrevista à Folha e recordou sua trajetória pelo país vizinho. Uma experiência desagradável, que ele fez questão de encerrar após alguns meses, cansados de ouvir insultos racistas dos torcedores adversários. O único a defendê-lo? Maradona.
— Só ele ficou indignado e ia pedir para a torcida adversária parar com aquilo. Ele já tinha muita moral com todo mundo e era muito conhecido. Então, podia fazer isso. Foi difícil. Toda vez que eu pegava na bola eram gritos, xingamentos e ofensas racistas — revelou à Folha.
Em 1981, retornou ao Brasil para defender o Pinheiros, de São Paulo. Ainda rodou por Náutico, Comercial-SP e voltou, em 1983, ao Ypiranga, onde fora revelado. Encerrou a carreira como jogador em 1985, no Fast Clube, de Manaus. Longe dos gramados, chegou a trabalhar como motorista de táxi nas ruas de Salvador no final da década de 1990. Atualmente, estava aposentado e seguia vivendo na capital baiana.