O técnico Felipão mandou a campo pela primeira vez desde que retornou ao Grêmio, no início do mês, um time com três zagueiros. A estreia com o novo esquema tático, porém, foi de empate em 1 a 1, na Arena, contra o América-MG. Na ocasião, sem Geromel, lesionado, e Kannemann, suspenso, o treinador optou por escalar Ruan, Paulo Miranda e Rodrigues na defesa.
Após o jogo, o técnico explicou que só utilizará essa formação em determinados momentos, quando o adversário mantiver dois atacantes mais próximos à área gremista. Caso contrário, o time perde força no meio-campo, no entendimento do comandante.
— Vou manter na medida em que o adversário tenha dois atacantes em cima dos meus zagueiros. Se tivermos três zagueiros para um atacante só, vamos perder em outros setores. Aí vamos voltar ao 4-2-3-1 ou o 4-1-4-1, que são trabalhados no dia a dia — disse Felipão, que acrescentou: — Nós sempre vamos analisar o adversário para colocar o time ideal em campo.
Na avaliação de quem acompanhou o jogo de perto, o esquema com três zagueiros funcionou bem contra o time mineiro. Apesar do maior número de finalizações do adversário na partida (18 a 12), o Grêmio não sofreu com o ataque do América-MG.
— Na minha opinião, esse sistema funciona bem se os laterais forem bem construtivos e se um dos zagueiros, ao menos, tiver boa saída de bola. No caso do esquema que adotou o Felipão achei que foi positivo, porque os dois laterais foram fundamentais no jogo. Vanderson sobrou participando de muitas jogadas ofensivas, com velocidade na combinação com o Douglas Costa e ajudou na flutuação do Alisson. Por outro lado, Guilherme Guedes tinha sempre liberdade para atacar, tanto que fez o gol — ressalta o narrador Julio Oliveira, que trabalhou na partida pelo canal Premiere.
Faltou, quem sabe, um pouco mais de entrosamentos entre os três defensores, que ainda não haviam jogado juntos nesta formação. Ainda que, com mais sessões de treinamento, a ideia possa funcionar melhor, o comentarista da Rádio Gaúcha Adroaldo Guerra Filho entende que esse não é o maior problema do time gremista:
— O esquema de três zagueiro precisa, antes de tudo, ser treinado. E ele precisa ser escalado contra adversários que usem, no mínimo, dois atacantes. Contra o América-MG, não foi um grande problema, mas foi uma solução emergencial. Com a volta do Geromel, Felipão não vai utilizar três zagueiros. Não precisa. O que o Grêmio precisa, em vez de três zagueiros, é de quatro ou cinco jogadores no meio-campo, aí a coisa pode evoluir.
Felipão já disse que não será uma situação para todos os jogos. Por isso, é dúvida se o treinador utilizará essa estratégia novamente contra o Vitória, no Barradão, pelo jogo de ida das oitavas de final da Copa do Brasil, nesta terça-feira (27). Mas a primeira amostragem indica que há, sim, uma boa perspectiva com o novo esquema.
— Penso que essa formação tem sempre de levar em conta também um pouco o adversário. Mas o Grêmio pode usar mais vezes, sim — destaca Oliveira.