O Gre-Nal deste domingo (24) escreverá um capítulo até então inédito na centenária história da rivalidade. Embora estejam entre os técnicos que mais comandaram Inter e Grêmio, Abel Braga e Renato Portaluppi jamais se enfrentaram no clássico gaúcho.
Ao mesmo tempo que tem deixado escapar pontos preciosos nas últimas rodadas, o Tricolor ainda sonha em alcançar o G-4. Além disso, carrega consigo uma invencibilidade de 16 jogos no campeonato.
Equipe que mais empatou no campeonato até agora (15 vezes), o Grêmio não consegue repetir nesta temporada o mesmo futebol que o levou às conquistas recentes. Até mesmo para se classificar à final da Copa do Brasil, a estratégia foi baixar a guarda contra o São Paulo e brigar muito mais do que jogar.
A fórmula também foi posta em prática nos seis Gre-Nais de 2020, com êxito quase que total: foram quatro vitórias e dois empates. Em muitos desses duelos, inclusive, Renato optou por escalar três volantes, entregando a bola ao rival e saindo em velocidade nas arrancadas de Pepê e, antes, Everton.
— Nos últimos jogos, o Grêmio fugiu do toque de bola, até porque o Maicon não está conseguindo jogar, e está vivendo de seu histórico de time vibrador e lutador. Perdeu um pouco de técnica e voltou às suas raízes, de superação. Principalmente, porque alguns jogadores não estão conseguindo repetir as atuações do ano passado, como o Matheusinho — avalia o ex-zagueiro e treinador Cassiá Carpes.
Neste domingo, é improvável que Renato volte a apostar na escalação de três volantes. Até porque, ao que tudo indica, a bola irá circular mais em pés gremistas do que colorados. Mesmo distante do seu melhor momento, o Tricolor está entre as equipes que apresentam as maiores médias de posse de bola na Série A (52,4%).
Seguindo roteiros semelhantes, as apresentações contra Palmeiras e Atlético-MG servem para explicar o que tem acontecido. Sem a presença de Maicon, que não tem mais capacidade física para aguentar os 90 minutos, o time acaba sendo envolvido pelo adversário na primeira etapa. Neste cenário, Jean Pyerre tem recuado para auxiliar na construção das jogadas, ficando cada vez mais distante da área adversária.
O Grêmio fugiu do toque de bola, até porque o Maicon não está conseguindo jogar, e está vivendo de seu histórico de time vibrador e lutador
CASSIÁ CARPES
ex-zagueiro e treinador
Com a entrada do camisa 8 após o intervalo, o Tricolor volta a se impor, fazendo a torcida gremista reviver os melhores momentos desta geração vitoriosa. Resta saber qual será a proposta de jogo para o Beira-Rio. Jogando mal ou bem, o clube vive uma invencibilidade que já dura 11 clássicos.
— Psicologicamente, o Grêmio entra mais tranquilo. O Inter tem a obrigação de ganhar e isso pode atrapalhar. O Abel deve estar trabalhando o lado emocional, mas agora se trata do Grêmio, um adversário maior. O Grêmio não vai se atirar. Vai jogar no erro do Inter, como tem feito nos clássicos. O Inter disputa o título brasileiro e o Grêmio disputa um campeonato à parte, que é manter a sua invencibilidade e tirar o adversário do título. Portanto, são tarefas diferentes. Ninguém pode afirmar neste momento que o empate não é bom para o Inter, mas o Grêmio quer atrapalhar a vida do Inter. O jogo vai ser truncado. Os Gre-Nais, em média, são mais táticos e físicos do que técnicos — sentencia Cassiá.
Afastado dos gramados desde dezembro, quando sofreu uma lesão no músculo posterior da coxa esquerda, Geromel deve voltar para formar com Kannemann a dupla de zaga invicta em clássicos. As maiores dúvidas estão à frente, onde Lucas Silva sente dores no pé esquerdo e Matheus Henrique se recupera de uma pancada na panturrilha esquerda. Darlan e Thaciano são as opções para este setor.