Poucos podiam prever que a vitória do Santos sobre o Grêmio no último dia 11 de outubro seria um balisador. Era a 15ªrodada do Brasileirão, o time de Renato Portaluppi tentava sair de uma situação próxima das últimas posições na tabela e, após vencer o Coritiba, buscava uma segunda vitória consecutiva. O placar se deu com dois gols de pênalti marcados pelo santista Marinho contra um, feito por Diego Souza. Daquele jogo para cá, o Tricolor mudou muito e está bem diferente da equipe mista que jogou na Vila Belmiro. Simplesmente não houve mais derrotas gremistas, seja na competição que for. Aconteceu a "decolegem" prometida por Renato, e o confronto da Libertadores tem um novo cenário.
Analisando a escalação gremista naquela partida, só quatro dos prováveis titulares para a próxima quarta-feira (9) estavam em campo no início do jogo, o goleiro Vanderlei e os atacantes Luiz Fernando, Pepê e Diego Souza. Na comparação com a equipe atual do Grêmio havia uma diferença fundamental; a não presença de Jean Pyerre que ainda estava no departamento médico e só voltou três dodadas depois. O técnico, sem um articulador, tentava opções que não funcionavam como Robinho, ou alterava o esquema para o uso de três volantes, algo que funcionava parcialmente pois deixava o time sem uma boa ligação entre os setores. O volante Darlan não figurava entre as alternativas e havia ainda a dependência da qualidade de Maicon, cuja situação física gerava inconstância.
Sem enfrentar naquela ocasião o paralelismo com Libertadores e Copa do Brasil, o Grêmio entrou em campo num sistema 4-3-3 com Vanderlei; Orejuela, Paulo Miranda, David Braz e Cortez; Lucas Silva, Thaciano e Robinho; Luiz Fernando, Pepê e Diego Souza. Entraram durante a partida Rodrigues, Diogo Barbosa, Maicon, Isaque e Everton. A atuação coletiva foi fraca, ficando como destaque negativo o fracasso de Robinho, substituído por Isaque no intervalo. Diogo Barbosa, entrando na vaga de Cortez na segunda etapa, foi a boa notícia tricolor, embora a derrota.
Passados praticamente dois meses, e com 16 partidas invictas, o Grêmio retomou sua esquematização clássica do 4 - 2 - 3 - 1 e viu individualidades se afirmando ou recuperando uma boa forma. A defesa tende a ter a formação principal nesta quarta-feira (9) com Victor Ferraz, Pedro Geromel, Kannemann e Diogo Barbosa. Mesmo que Maicon tenha jogado contra o Vasco nesse domingo (6), Renato pode colocar Darlan e Matheus Henrique. Mais à frente, o time que já não tinha Alisson em outubro viu Luiz Fernando e Ferreira passarem a disputar a posição em alto nível. Jean Pyerre é o principal acréscimo, mas agora há uma reposição qualificada como Pinares que demonstrou isto diante do Vasco. Pepê segue sendo referência técnica e Diego Souza readquiriu sua performance do início do ano, quando brilhou no Gauchão. Além de tudo isto, a reposição para praticamente todas as posições passou a garantir equilíbrio.
Se na última vez em que jogou contra o Santos o Grêmio queria se afastar do final da tabela do Brasileirão, agora está no G-4. Na Libertadores, houve passagem com 100% de aproveitamento nas oitavas-de-final e na Copa do Brasil há a espera do confronto com o São Paulo para chegar a mais uma decisão da competição. Tudo isto confirma que o Tricolor chega nas quartas-de-final da disputa sul-americana em seu melhor momento técnico de 2020, algo que é confirmado por Renato Portaluppi que após vencer o Vasco voltou a dizer que seu time joga o "melhor futebol do Brasil".