O verbo “decolar” foi conjugado nove vezes pelo técnico do Grêmio, Renato Portaluppi, na entrevista concedida após o empate por 1 a 1 no Gre-Nal, sábado (3). Apesar da situação incômoda na tabela do Brasileirão, o treinador prometeu que a equipe vai alçar voos mais altos até o final do primeiro turno. O comandante aposta sobretudo na volta dos lesionados, no novo esquema tático e no entrosamento adquirido nos últimos jogos.
— Eu sei que vai virar manchete, mas pode botar aí: daqui a pouco o Grêmio vai decolar, como todo ano decola. No final do turno a gente vai conversar e vocês vão ver quem é o grupo do Grêmio — declarou Renato, utilizando uma expressão que seria repetida em vários momentos da entrevista.
A mesma analogia aeronáutica foi usada em 2019 pelo treinador, após o mau início no Brasileirão. Na ocasião, a promessa foi cumprida, e o Tricolor terminou a competição em quarto lugar, confirmando a vaga direta na fase de grupos da Copa Libertadores.
Desta vez, a data da decolagem está estipulada pela torre de comando. Renato projeta uma boa sequência de vitórias nas seis partidas que ainda restam no primeiro turno, contra Coritiba, Santos, Botafogo, São Paulo, Athletico-PR e Bragantino.
Pelo menos nos dois últimos jogos, o treinador espera ter todos os titulares à disposição, caso não haja novos problemas médicos.
Volta dos lesionados
Os zagueiros Pedro Geromel e Kannemann testaram positivo para covid-19 em exame realizado no dia 28 de setembro. Para o jogo contra o Coritiba, na próxima quarta (7), a presença da dupla ainda é uma incógnita e dependerá de um novo resultado positivo. Caso contrário, o retorno dos dois defensores ficaria para os jogos contra o Santos, no dia 11, ou contra o Botafogo, dia 14.
Já o meia Jean Pyerre testou positivo para covid-19 no exame realizado na última sexta (2). Além disso, o atleta ainda precisa aprimorar a forma física, pois se recuperou há pouco tempo de uma lesão muscular. O jogador será desfalque contra o Coritiba e ainda tem poucas possibilidades de voltar ao time contra o Santos. Se o afastamento for de 15 dias, ficaria fora também da partida contra o São Paulo. Contudo, deve estar disponível para os dois jogos finais do primeiro turno, contra Athletico-PR e Bragantino.
O volante Maicon, por sua vez, está recuperado de lesão muscular e, inclusive, ficou no banco no Gre-Nal de sábado (3), embora não tenha entrado no jogo.
O entrosamento da equipe
Além da volta dos lesionados, Renato aposta muito na retomada do entrosamento. Na avaliação do treinador, a saída de Everton e o alto número de lesões obrigou o treinador a escalar uma equipe que nunca havia atuado junto. Com a sequência de jogos, porém, o comandante acredita que o desempenho vai melhorar.
— Eu treino um grupo e não uma equipe, mas entrosamento é entrosamento. Muitas vezes você acaba correndo mais e errando mais por falta de entrosamento. Ninguém vai jogar um futebol bonito que encanta todo mundo o tempo todo. O Grêmio está com um sistema diferente, pois tem mudado vários jogadores. Devemos reinventar o esquema, com atletas diferentes e sem tempo para treinar, pois a cada três dias temos uma decisão — disse.
A consolidação do novo esquema
A “reinvenção” do sistema de jogo passa sobretudo pela consolidação da formação com três volantes, que vem sendo adotada por Renato desde o empate com o Palmeiras, no dia 20 de setembro, quando o treinador desfez o esquema 4-2-3-1, com dois pontas. Porém, além disso, o treinador prepara uma terceira formação, que ainda não foi utilizada.
— Eu vinha usando muito um sistema (4-2-3-1) porque ele vinha dando muito certo. Treinei também outro esquema que eu já iria colocar em prática no segundo tempo depois que a gente fez o gol. Mas aí o Inter teve um jogador expulso, e eu achei melhor não colocar. Tínhamos um plano B para o jogo de hoje (sábado), que foi treinado ontem (sexta). Naquele pouco tempo que eu tenho, tenho que treinar os esquemas — finalizou.
Mudando a tripulação e alterando o “plano de voo”, Renato espera fazer o Grêmio decolar rumo ao topo da tabela do Brasileirão, a exemplo do que já ocorreu em 2017, 2018 e 2019.