O Grêmio de Renato tem em Jean Pyerre uma liderança técnica desde 2019, quando o meia assumiu a titularidade na reta final da fase de grupos daquela Libertadores. A lesão em setembro tirou o jogador dos gramados por mais de seis meses, completando a recuperação apenas na pandemia. Jean e o Tricolor emplacam uma sequência invicta que já dura 16 jogos até esta segunda-feira (7). O camisa 10 não esquece das dificuldades enfrentadas nos meses em que esteve afastado.
— Ao longo de toda minha parada, o Renato procurou me manter próximo do elenco e das ideias do time — disse Jean Pyerre, em entrevista ao Bem, Amigos,do SporTV elogiando o comandante:
— O conhecimento dele (Renato) da nossa evolução é importante por manter a confiança. Se tivesse mudado o treinador, o novo pode até reconhecer tua qualidade, mas não saber tanto quanto o antigo.
A sequência de Renato, treinador mais longevo do futebol brasileiro e único que começou o Brasileirão em agosto e segue no cargo, foi fundamental no início da carreira de Jean Pyerre, 22 anos. Os primeiros 12 meses dele como titular foram marcados por lesões musculares, contágio de covid-19 e medo de perder o pai. A família de Alvorada viu o patriarca Eduardo encarar semanas de UTI até recuperar-se.
— O dia que espalharam que meu pai tinha morrido foi o pior. Vi minha mãe desesperada, meu irmão mais novo chorando por ter acreditado. Foi um baque e um choque muito forte para todos nós. Deu uma dimensão de como as coisas estavam. Prometi que iria cada vez mais dar orgulho para família porque tivemos de ter muita força e fé para superar aquilo. Dentro do clube, era o único lugar onde eu conseguia esquecer e tirar a cabeça daquilo, mas as coisas também não iam bem ali dentro de campo — relembrou.
Jean relembra que no dia de sua estreia pelo time profissional do Grêmio, ainda em 2017, a casa onde moravam em Alvorada pegou fogo. O susto também vinha à sua memória quando cogitava a hipótese de perder o pai:
— O tempo foi passando e as coisas foram melhorando. Hoje, a melhor parte disso é poder chegar em casa e entregar um troféu de melhor do jogo para o meu pai, ver a felicidade dele e também dos companheiros por mim.
O comando de Renato
Jean confirma que o técnico Renato Portaluppi conversa muito com os atletas, passa conselhos e de fato relembra jogadas dos anos 1980 onde "ensina" como fazer gols.
— Às vezes ele (Renato) nos mostra alguns lances dele nas palestras... E contra fatos não há argumentos — brinca o camisa 10.
Em uma conversa entre o ex-camisa 7 e o armador, Renato deu o caminho do sucesso com uma dica de posicionamento para Jean Pyerre, que subiu para o profissional como volante: "Só faz gol quem pisa na área. Me escuta, que tu vai ficar rico", teria lhe dito o técnico.
