O rápido crescimento da inteligência artificial (IA) está contribuindo para acelerar processos e transformar áreas como saúde, educação, indústria criativa, recursos humanos, arquitetura e urbanismo, direito, entre outras. Em 2025, a tecnologia seguirá avançando e sendo adotada nos mais segmentos.
Conforme o relatório The Year of Impact: 2025 Media Trends, elaborado pela agência japonesa Dentsu, a consolidação da “era algorítmica” deve marcar o próximo ano, com o desenvolvimento de algoritmos avançados e da IA. Segundo levantamento da consultoria SAS, quase metade das empresas brasileiras já adotou em seus processos o uso de IA generativa.
É o caso de 46% das companhias, incluindo 8% que integraram a tecnologia em escala corporativa. A maioria das empresas (77%) está investindo em IA generativa para implementar o uso das ferramentas até 2025, e 69% estão em processo ou planejam projetos para criar seus próprios Large Language Models (LLMs) – grandes modelos – internamente.
Pequenos modelos de linguagem em alta
Embora ainda sejam dominantes os grandes modelos de linguagem, como aqueles utilizados por ferramentas como ChatGPT e Gemini, uma tendência que deve ganhar força em 2025 são os pequenos modelos de linguagem, ou Small Language Models (SLMs), em inglês. São modelos de IA mais compactos, voltados a um determinado assunto ou tarefa.
Segundo o pesquisador e gerente de IA da Nelogica, Rafael Bordini, os SLMs são menores, com milhões ou poucos bilhões de parâmetros. Já os modelos maiores, que são mais complexos, possuem centenas de bilhões ou trilhões de parâmetros. Os pequenos modelos de linguagem são ideais para executar tarefas específicas que não exigem a complexidade dos LLMs.
— Os SLMs não são voltados somente a domínios específicos do conhecimento, mas também a tarefas específicas. Por exemplo, é possível criar um modelo especializado em fazer resumos de prontuários eletrônicos de pacientes. Fazer o resumo é uma tarefa específica, e só exigiria o conhecimento da área médica — explica Bordini, tomando como exemplo a área da saúde.
Em breve, áreas como varejo devem aderir aos modelos pequenos e especializados. Diferentemente de modelos maiores, os SLMs são mais leves e rápidos. Conforme Bordini, isso também é uma vantagem em termos de sustentabilidade, tendo em vista que os grandes modelos de linguagem consomem muita energia e água, para a manutenção de centros de armazenamento e processamento de dados que rodam esses sistemas.
Conforme o pesquisador, outra perspectiva sendo discutida por especialistas na área é o desenvolvimento de modelos de linguagem que funcionem melhor com outros idiomas, para além do inglês. Está sendo desenvolvido em Portugal um LLM especializado em português, por exemplo.
Agentes de IA
Outra tendência para 2025 citada pelo especialista é o desenvolvimento de agentes de IA, que são sistemas ou programas capazes de executar tarefas de forma autônoma, ou em nome de um usuário ou outro sistema. Essas ferramentas projetam um fluxo de trabalho utilizando outras disponíveis.
Chamada de "agentic AI" em inglês, essa tecnologia pode englobar uma ampla variedade de funcionalidades, além do processamento de linguagem natural, incluindo a tomada de decisões, resolução de problemas e tarefas complexas.
— Esses agentes podem auxiliar na oferta de serviços. Eu posso desenvolver um sistema que reserve pacotes de viagem para mim, por exemplo. Esse agente teria o poder de tomar decisões, como escolher as melhores passagens buscar os melhores roteiros e preços conforme os parâmetros que eu definir, combinando diferentes fontes de informação — explica Bordini.
Esse recurso pode auxiliar na escolha de produtos, por exemplo, facilitando processos para consumidores. Outro uso possível seria na área de Recursos Humanos. Os agentes de IA podem facilitar a gestão de talentos, automatizando processos como as triagens iniciais de candidatos, agendamento de entrevistas e gestão atividades de integração e onboarding.
Regulamentação
Também deve avançar em 2025 a regulamentação da IA no Brasil. No início de dezembro, foi aprovado no Senado Federal um projeto de lei baseado no PL 2.338/2023, que regulamenta o uso dessa tecnologia no país. O texto segue agora para a análise da Câmara dos Deputados, o que deve ocorrer no próximo ano.
Com o avanço da IA, desafios legais e éticos também devem ser levados em consideração pelas empresas, segundo Bordini, sobretudo no campo da governança interna de IA. De acordo com o especialista, cada vez mais, essas questões devem ser discutidas nas organizações, de modo a garantir um uso responsável das ferramentas.