Uma máxima no futebol diz que tudo pode mudar rapidamente. Para um dos campeões da América pelo Grêmio em 1995, ela se encaixa perfeitamente. Arílson estava com contrato encerrando com o clube naquele ano, treinando em separado, quando foi chamado em meio à Libertadores para integrar a delegação tricolor.
O vínculo, claro, foi prorrogado. Afinal, o técnico Luiz Felipe Scolari havia perdido o meia Vágner Mancini por lesão e precisava de um substituto. A história foi contada pelo goleiro Danrlei no Papo Gre-Nal, em GaúchaZH, ao longo da semana, e confirmada por Arílson.
— São coisas do futebol. Fiquei duas semanas treinando em Porto Alegre, jogando amistosos, até que fui chamado. Renovaram o meu contrato em cima da hora, e entrei em uma partida da Copa do Brasil, contra o Palmeiras. Depois dali, não saí mais do time — recorda o ex-jogador, que tinha apenas 22 anos à época.
Antes da decisão contra o Atlético Nacional, em Medellín — jogo que será retransmitido pela Rádio Gaúcha às 16h deste domingo (14) —, Arílson lembra do clima na cidade colombiana. Além de muitos carros do Exército e soldados armados, já que o país ainda era assolado pelo narcotráfico, a torcida do time da casa fazia muito barulho.
— Na noite anterior ao jogo, eu e o Carlos Miguel estávamos no mesmo quarto e eu falei para ele: "Vai ser difícil". Quando começou a partida e eles fizeram um gol antes dos 15 minutos, pensei que não ia dar — diz Arílson, que tem uma lembrança curiosa do jogo:
— Uma coisa que nunca vou esquecer é o nome do árbitro. Salvador Imperatore, chileno. Ele deu aquele pênalti para nós aos 40 minutos do segundo tempo, com o estádio lotado. Precisava ter muita coragem. Foi pênalti mesmo, mas não vou esquecer nunca o nome dele.
Assim como ele não esquecerá o nome do árbitro daquela partida, a torcida do Grêmio sempre lembrará com carinho de Arílson. Até hoje, mesmo morando em Imbituba, Santa Catarina, conta que o carinho do torcedor segue o mesmo.
— Joguei em vários clubes, mas sou conhecido como o Arílson do Grêmio. Isso me deixa muito feliz — conta ele, que atualmente é treinador.
O ex-meio-campista havia acertado com o Bagé para a disputa da Divisão de Acesso do Campeonato Gaúcho deste ano, mas com a pandemia do coronavírus acabou se desligando do clube. Aos 47 anos recém comemorados (fez aniversário na quinta-feira, 11), leva uma vida tranquila junto à praia e mantendo a boa relação com os companheiros da época — um deles, Carlos Miguel, que fez aniversário na sexta-feira, um dia depois.
— Moro em Imbituba, sou muito bem casado e gosto de dar a minha caminhadinha na praia, tomar uma cervejinha. Falei com o Miguel para dar os parabéns a ele, que já tinha me dado no dia anterior, e ele ainda brincou: "Tu tá no paraíso". Não posso reclamar — relata Arílson, aos risos.
Quem diria que o Grêmio que quase viu Arílson sair sem contrato em 1995 o teria como ídolo 25 anos depois. Isso é o futebol.