Considerado um dos maiores jogadores de futsal de todos os tempos, Manoel Tobias trocou os tênis pelas chuteiras em 1996 e tentou a carreira no futebol de campo vestindo a camisa do Grêmio. Nesta terça-feira (19), em participação no programa Bola Nas Costas, da Rádio Atlântida, o ex-craque das quadras recordou a passagem de quatro meses pelo Estádio Olímpico.
Apesar da tentativa no campo não ter dado certo, o pernambucano avalia que o período no Grêmio foi positivo para a sequência da carreira nas quadras e também para sua vida pessoal.
— A adaptação foi muito difícil. Jogar de chuteira, o tamanho do campo, a preparação física. Eu sofri na pré-temporada, tive tendinite no joelho. Acabou sendo importante, porque eu vi que não conseguiria chegar ao nível ideal. Ali foi bom, porque entendi que o propósito da minha vida era jogar futsal — relembrou Manoel Tobias, que tinha 24 anos quando atuou pelo Grêmio.
Após deixar o Tricolor, Manoel Tobias retornou ao futsal para vestir a camisa do Inter. Ele recordou que a decisão gerou polêmica na época, mas acabou sendo positiva para sua trjetória nas quadras.
— Voltei para o futsal e fui para o Inter. Deu até polêmica na época, mas foi uma parceria vencedora. Ganhamos a Liga Nacional e o Mundial. Depois, fui para a seleção e acabei sendo campeão mundial— citou.
Conversa com Felipão
Manoel Tobias admitiu que teve receio de fazer a mudança para o campo quando já era considerado o melhor jogador do Brasil no futsal, mas revelou que uma conversa com o técnico Luiz Felipe Scolari foi determinante para aceitar o desafio de jogar no Grêmio. Ele, no entanto, acredita que Felipão não estava 100% de acordo com a ideia.
— Naquele época, o Cacalo (então vice de futebol do Grêmio) insistia, e eu negava. O que fez eu aceitar foi o telefonema do Felipão dizendo: "Vem cá, vai dar tudo certo". Eu não consegui fazer no campo aquilo que fazia no futsal, eu admito isso, mas também percebi que o convite que foi feito não era 100% do que o técnico queria. Ele pode ter sido convencido pelo presidente — contou.
Vinte e quatro anos depois de sua passagem pelo Grêmio, Manoel Tobias acredita que a diferença de jogo entre o futsal e o futebol de campo aumentou, o que torna muito difícil a mudança para um atleta já consolidado em uma das modalidades.
— O tempo é outro. O treinamento é outro. Se o Neymar hoje tentasse ir para o futsal, ele teria dificuldade. Vai conseguir jogar? Vai, mas não será o Neymar do campo — finalizou.