A vitória do Grêmio sobre o América de Cali por 2 a 0, na Colômbia, teve mais uma vez três volantes no meio-campo tricolor. O tripé com Lucas Silva, Maicon e Matheus Henrique deu resultado na estreia da Libertadores, mas não é o esquema da preferência do técnico Renato Portaluppi. O comandante gremista deixou claro em entrevistas recentes que espera contar com Jean Pyerre e Thiago Neves, mas ambos seguem sem a melhor condição de jogo.
Mas, afinal, como Renato irá escalar a equipe para o Gre-Nal da próxima quinta-feira (12), o primeiro válido pelo torneio sul-americano na história? Essa resposta ainda não pode ser dada. O Grêmio encara o Pelotas, domingo, na Boca do Lobo, e terá Thiago Neves entre os titulares — assim como na vitória por 3 a 0 sobre o Juventude, na Arena, no fim de semana passado. Com isso, a equipe retorna ao tradicional 4-2-3-1, com um meia mais ofensivo, como o Grêmio de Renato se acostumou a jogar nas últimas temporadas. Se for bem, vira candidato a atuar no clássico. Caso contrário, a ideia dos três volantes voltará a tomar força.
— Tendo o Diego Souza como homem de área, acho importante ter um meia abastecendo, e não três volantes. Ele precisa de sustentação e bons passadores atrás dele — avalia Osvaldo, ex-meia campeão da Libertadores pelo Grêmio em 1983.
Observando os números dos dois últimos jogos do Grêmio, contra América de Cali e Juventude, com esquemas diferentes, fica claro que, com um homem mais avançado no meio-campo, a equipe tem mais posse de bola. Guardadas as ressalvas técnicas dos adversários e o fator local, contra o time da Serra o Tricolor teve o domínio da bola por 67% do tempo, acertou 618 passes e finalizou 17 vezes. Enquanto no confronto com o América, na Colômbia, o time gaúcho teve 43% da posse de bola, 354 passes certos e 11 chutes contra a meta adversária.
Porém, pensando no Gre-Nal da Libertadores, o esquema com três volantes poderia dar maior proteção defensiva ao Grêmio. Aliás, foi no clássico válido pela semifinal do primeiro turno do Gauchão que Renato utilizou Lucas Silva, Maicon e Matheus Henrique juntos pela primeira vez. Depois do jogo, que teve vitória gremista por 1 a 0 no Beira-Rio, o técnico tricolor justificou a escolha explicando que a ideia era atrair o Inter para o campo de ataque e aproveitar os contra-ataques com Everton e Alisson.
— Tudo é uma questão de necessidade. Acho que o Renato está fazendo o certo, embora muita gente discorde. Ele não tem o Jean Pyerre e o Thiago Neves em condições ideais, tem o Thaciano como elemento para tentar mudar as características, então acredito que a escolha seja acertada — afirma Cláudio Duarte, ex-técnico do Grêmio campeão gaúcho e da Copa do Brasil pelo clube em 1989.
Citado por Claudião, Thaciano entrou bem na partida em Cali. O Grêmio havia iniciado o jogo na Colômbia melhor do que o seu adversário, tanto que abriu o placar e tinha domínio das ações ofensivas. Mas quando o América se jogou ao ataque em busca do empate, o Tricolor teve dificuldade para conter os avanços dos donos da casa, que tiveram até mesmo bola na trave. No intervalo, Renato sacou Maicon para a entrada de Thaciano. O time ganhou um meia com boa movimentação e retomou o domínio da partida, chegando ao segundo gol com Matheus Henrique.
— O Thaciano já está no Grêmio há dois anos. É importante para o grupo, entra bem nas partidas, é participativo. E ele também marca bastante. Pode ser uma alternativa, sim. Mas não sei se será titular — pondera Cláudio Duarte, que entende que Renato manterá a estrutura de três volantes para o clássico da semana que vem.
Ainda que tenha dado boa resposta diante do América e garantido três pontos preciosos para o Grêmio na briga do Grupo E da Libertadores, quem participou de Gre-Nais dentro de campo vê o clássico histórico como uma partida na qual será necessário atacar, principalmente por jogar em casa.
— Na Colômbia, pode ter dado certo e o time até mereceu a vitória. Mas era um jogo fora de casa, que um empate poderia ser bom. Para o Gre-Nal, na Arena, é outra pegada. Com três volantes, pode faltar ímpeto ofensivo. Por isso, eu usaria um meia, que poderia ser o Thiago Neves se tiver condições — defende Osvaldo.
O certo é que as dúvidas seguirão até a semana que vem. Não há consenso sobre a melhor escolha. O que pode ser projetado é que os treinamentos dos próximos dias e a partida diante do Pelotas poderão indicar a escalação para o clássico. Quem for bem, terá a chance de estar em uma partida histórica. Agora, é tudo com eles.
Escalação contra o América de Cali:
Vanderlei; Victor Ferraz, Geromel, David Braz e Caio Henrique; Lucas Silva; Alisson, Maicon, Matheus Henrique e Everton; Diego Souza.
Possível mudança para o Gre-Nal:
Vanderlei; Victor Ferraz, Geromel, David Braz e Caio Henrique; Maicon (Lucas Silva) e Matheus Henrique; Alisson, Thiago Neves (Thaciano) e Everton; Diego Souza.
Números dos dois últimos jogos do Grêmio
Pela Libertadores, com três volantes
América de Cali 0x2 Grêmio
Posse de bola: 43,8%
Passes: 394 (354 certos)
Finalizações: 11 (5 certas)
Pelo Gauchão, com dois volantes e um meia
Grêmio 3x0 Juventude
Posse de bola: 67,1%
Passes: 642 (618 certos)
Finalizações: 17 (9 certas)