As ausências de Jean Pyerre e Luan fizeram o técnico Renato Portaluppi buscar no grupo de jogadores alternativas para repor aos lesionados. O treinador testou Thaciano e um tripé de volantes — com Michel, Matheus Henrique e Maicon —, mas não teve a resposta esperada. Depois da goleada sofrida para o Flamengo, o comandante tricolor optou por jogar com Tardelli e Luciano alternando entre o meio e o ataque. E a estratégia funcionou.
Contra o Botafogo, no domingo passado, 3 a 0 para o Grêmio na Arena, com direito a assistência e bola no travessão de Luciano. Na quarta-feira (30), nova vitória, desta vez fora de casa: 3 a 1 sobre o Vasco. Nesta partida, com direito a gol de pênalti do atacante.
— Ele é um atleta de muitos recursos, que participa bem do jogo. Tem boa técnica e ótima finalização. É um definidor e está mostrando isso agora pelo Grêmio. Trocando com o Tardelli, eles conseguem fugir da marcação com boa movimentação e têm chegada na área. Esse casamento só tende a melhorar — afirmou o ex-volante do Grêmio e ex-técnico de Luciano no Corinthians, Cristóvão Borges.
Em relação a Tardelli, ainda que essa parceria não tenha lhe rendido bola na rede ou algum passe decisivo, sua importância está na movimentação e fluidez das jogadas. No entendimento de Muricy Ramalho, que trabalhou com o camisa 9 gremista no São Paulo, essa é a posição em que o experiente jogador de 34 anos rende mais.
— Hoje, o Tardelli é o cara para essa função, porque ele não é um centroavante, nem um homem de lado. É um jogador de movimentação. Junto com o Luciano, o Grêmio se torna um time mais agressivo, que joga mais em direção ao gol — destaca o ex-treinador, atualmente comentarista do Grupo Globo.
Ao lado de Everton e Alisson, a dupla deverá ter uma sequência importante no Gre-Nal de domingo (3). Essa será a grande prova de fogo de Tardelli e Luciano, que foram reservas na eliminação da Libertadores. Depois da vitória sobre o Vasco, Renato destacou a importância de ter à disposição atletas de qualidade no grupo.
— Eles têm de estar sempre preparados, porque a qualquer momento a oportunidade chega e eles têm de dar resposta. Tanto Tardelli quanto Luciano se comportaram bem. Mas é por isso que temos um grupo grande, bom, porque sabemos que não vamos poder contar com todo mundo — destacou o comandante após a virada no São Januário.
E é provável que ele precise utilizar esse esquema com Luciano e Tardelli mais vezes. Isso porque Jean Pyerre ainda se recupera de uma lesão muscular na coxa direita, Luan fraturou o segundo metatarso do pé direito e não deve retornar nesta temporada e Thaciano, que seria outra alternativa, também se machucou e vira desfalque para essa reta final de temporada.
Com os dois, a equipe ganha em poder de fogo e perde em criação. Essa é a avaliação de Cristóvão Borges, que entende que o posicionamento dos atletas é a maior diferença em relação aos tradicionais meio-campistas.
— Muda a característica do time. Tanto Luciano quanto Tardelli são muito mais meias-atacantes. Já o Jean e o Luan são meias-armadores. Isso representa uma pequena diferença no posicionamento. Essa dupla que está jogando fica mais próxima ao gol, enquanto os outros dois armam o jogo vindo de trás — explica o treinador.
Quem viveu situação semelhante foi o Corinthians comandado por Jair Ventura em 2018. O treinador recorda que, sem um centroavante de ofício à disposição, precisou armar a equipe com dois meias. Segundo ele, há benefícios e prejuízos:
— O Vágner Love estava sem condições de jogo e acabei usando Romero e Jadson juntos. Tem os prós e contras. Perdemos em profundidade e presença de área, mas ganhamos em mobilidade e movimentação. Dá para jogar assim, porque dificulta o encaixe da marcação.