
Um dos principais pontos comentados durante a Copa América foi o estado do gramado da Arena do Grêmio. Quase todas as seleções que atuaram em Porto Alegre reclamaram do estado do campo de jogo. Há um bom tempo, Renato Portaluppi também é um crítico da situação.
Soluções estão sendo buscadas e, na última terça-feira (9), o presidente da Arena Porto-Alegrense, Mauro Guilherme Araújo, que administra o empreendimento, defendeu a implementação de grama sintética.
— Ele permite um uso mais racional, com tecnologia para não afetar a parte técnica do futebol, nos tornando menos dependentes das questões climáticas. Não seria absurdo, é o que quero dizer. Existe em outros lugares. Mas vale dizer que também implica custos. Não é tão simples assim — argumenta.
Um dos especialistas do ramo no país, Christian Truda, representante da Limonta Sport, que coloca campos sintéticos, projeta um gasto de R$ 3,5 milhões para alteração do gramado da Arena.

— Eu recomendaria um gramado muito moderno, que conheci na Itália. Mais moderno do que o da Arena da Baixada. Ele tem recheio 100% orgânico, o da Arena da Baixada tem borracha — explicou Truda.
De acordo com o especialista, esse modelo sugerido é tratado como a "Ferrari dos gramados". O custo de manutenção após a colocação seria de R$ 50 mil por ano. Para efeito de comparação, o sistema de iluminação utilizado atualmente para o gramado natural tem um custo superior a R$ 200 mil por mês.
A diferenciação é a não utilização de borracha na mistura, tendo em sua elaboração orgânica com fibra de coco, arroz e cortiça. Na América do Sul, o Alianza Lima adquiriu essa tecnologia. Na África, o Mazembe usufruiu da estrutura, assim como o Milan possui em seu centro de treinamentos.
Em Porto Alegre, o São José foi pioneiro no piso sintético. No começo da década, promoveu a troca do campo no Passo D'Areia. No início de 2019, novamente foram investidos recursos num gramado de melhor qualidade.
Um dos argumentos de quem é contra o gramado sintético é o desequilíbrio. Em casa, um estilo de condições para jogar. Fora, o tradicional campo natural. O mandatário do São José, Flávio Abreu, não acredita nesta justificativa.
— Não noto diferença — defende o dirigente.
Na Série A do Campeonato Brasileiro, o exemplo a ser seguido é o do Athletico-PR. Luiz Salim Emed, presidente do clube, se diz satisfeito com a opção feita há alguns anos. Garante que o campo sintético não é o diferencial para os bons números do time como mandante. Para ele, a aposta é válida para a região sul do país.
— Fizemos a troca pela qualidade do gramado. Lamentavelmente, no Sul, que acaba chovendo mais, é mais frio, isso agrava a qualidade do gramado. Aqui, particularmente, existe uma umidade muito próxima do estádio. Falta sol e vento para a grama se desenvolver. A solução foi substituir. Esse foi o motivo, é muito mais econômico — ressalta. Os valores investidos na Arena da Baixada não são confirmados por Emed.
Outro ponto levantado pelo mandatário da equipe paranaense é uma espécie de conceito existente sobre essa alternativa:
— É muito mais (uma questão de) convencer alguns comentaristas, que ficam afirmando que o gramado sintético traz vantagem técnica. Temos que desmistificar.