Não é de hoje que o Grêmio busca um zagueiro para compor o elenco e se tornar um reserva imediato para Geromel e Kannemann. E a bola da vez é David Braz. Aos 31 anos, o jogador está há cerca de uma temporada no Sivasspor, da Turquia, emprestado pelo Santos.
— É um zagueiro muito técnico. Não tem muita velocidade, mas, para jogar na sobra, vai sobrar no futebol brasileiro, com o perdão da redundância. Além disso, tem um bom jogo aéreo no ataque. Ele costuma fazer muitos gols de cabeça — atesta Ademir Quintino, comentarista do canal Esporte Interativo e torcedor santista assumido.
De fato, o próprio Tricolor já foi vítima do faro ofensivo de David Braz. Em 2014, pelas quartas de final da Copa do Brasil, o zagueiro marcou um dos gols da vitória do Santos por 2 a 0. Em 2017, voltou a marcar no empate em 1 a 1 pelo Brasileirão, na Arena.
Mas, sem dúvidas, o gol mais importante contra o Grêmio aconteceu em 2009, quando ele defendia o Flamengo. Oito minutos após Roberson abrir o placar para o time gaúcho, David Braz chutou no canto direito de Grohe para empatar. Com um gol de Angelim no segundo tempo, os cariocas venceram o jogo por 2 a 1 e conquistaram o título brasileiro.
— Ele não era um titular daquele time. Em 2010, sim, virou titular do Flamengo, quando foi comprado junto ao futebol grego. A passagem dele pode ser considerada de razoável para boa, mas não é um jogador que a torcida lembre tanto ou queira de volta. O pessoal sempre comentava que ele, desde novo, já era um dos líderes do vestiário, sempre se posicionou. Talvez seja o ponto forte dele — comenta André Marques, repórter e narrador da Rádio Tupi, do Rio de Janeiro.
Logo no início da carreira, David Braz se envolveu em uma polêmica. Natural de Guarulhos, o jovem zagueiro deixou o Palmeiras, clube que o havia lançado como profissional, para defender o Panathinaikos. O zagueiro se transferiu para a Grécia após conseguir uma liminar que lhe deu o direito de deixar o clube paulista, alegando que foi obrigado a assinar um contrato de gaveta.
A diretoria do Palmeiras acionou a Fifa, dizendo que houve quebra contratual na transação, por isso o Panathinaikos deveria ter pago uma multa rescisória. Em novembro de 2019, os palmeirenses ganharam a ação e embolsaram R$ 2 milhões.
A transação ocorreu depois que o jogador integrou a seleção brasileira sub-20 que conquistou o Campeonato Sul-Americano, no Paraguai, em 2007. A equipe tinha, entre outros atletas, o goleiro Cássio, o lateral Fagner, o volante Lucas Leiva e o atacante Alexandre Pato.
O defensor fez três jogos, chegando a marcar o primeiro gol na vitória de 3 a 1 sobre o Uruguai (Cavani descontou para a Celeste). No entanto, foi reserva de uma defesa composta por Anderson Luís, ex-Fluminense, e Thiago Heleno, hoje no Athletico-PR. Depois, ainda integrou a delegação que acabaria eliminada pela Espanha nas oitavas de final do Mundial Sub-20.
Foi com este cartaz que David Braz desembarcou no Flamengo em 2009. Porém, foi com a camisa santista que ele alcançou seu maior destaque pessoal. Em quase seis temporadas de Vila Belmiro, conquistou dois Campeonatos Paulistas (2015 e 2016) e um vice de Copa do Brasil (2015).
— Ele chegou ao Santos em 2012, sendo trocado pelo Ibson. Veio ele e o Rafael Galhardo (lateral, hoje no Grêmio). No início, foi colocado de lado pelo Muricy Ramalho e foi até emprestado ao Vitória. Em 2014, com a chegada do Oswaldo de Oliveira, se tornou um dos líderes do vestiário ao lado de Robinho, Renato e Ricardo Oliveira, segurando os demais atletas que estavam indo para justiça para cobrar dívidas por direitos de imagem e trabalhista. Com a chegada do Cuca, voltou a perder espaço. No meu entendimento, porque, quando o Santos ganhou do Palmeiras em 2017, o então técnico do Palmeiras, Cuca, foi para cima do Elano e o David Braz foi defendê-lo. E esse mundo do futebol dá voltas. Quando o Cuca desembarcou na Vila (Belmiro), o Santos o emprestou. Se ele for mesmo para o Rio Grande do Sul, deseje toda a sorte do mundo. Sempre me tratou com respeito — descreve Quintino.