Sobra rodagem ao time que Renato Portaluppi irá escalar na estreia na edição 2019 da Libertadores. Dos 11 jogadores que começarão contra o Rosario Central-ARG, nesta quarta-feira (6), no Gigante de Arroyito, quase a metade já soma três dezenas de jogos pela competição. Como Kannemann estava suspenso na final contra o Lanús, Geromel, Cortez, Maicon, Luan e Everton são remanescentes do título de 2017 que estarão em campo na arrancada em busca do tetra.
O Grêmio ingressa em sua 19ª Libertadores com uma base de causar inveja aos demais participantes. Mantém, no grupo, onze jogadores que participaram da conquista do tricampeonato, em 2017. Mesmo o jovem Leonardo Gomes, agora titular da lateral direita, estava naquela lista, embora não tivesse espaço na concorrência com Edilson e Léo Moura. Diego Tardelli integrou-se ao elenco este ano trazendo na bagagem o título continental com as camisas de São Paulo e Atlético-MG. Kannemann, que, antes, havia erguido o troféu pelo San Lorenzo, é bicampeão. Acrescente-se o próprio Renato, campeão como jogador e técnico.
Um titular, contudo, ainda não conhece os rigores do mais valorizado torneio do continente. Felipe Vizeu, 21 anos, que ganhou a camisa 10 na lista dos 30 inscritos, foi relacionado para jogos contra San Lorenzo-ARG e Universidad Católica, em 2017, e River Plate, em 2018, mas não entrou em campo. O carioca de Três Rios exibe no currículo, contudo, a Copa Sul-Americana de 2017. Experiência traumática para o Flamengo, seu clube na época, derrotado na final pelo argentino Independiente, a competição abriu para Vizeu as portas do mercado da Europa. Foram nove partidas e cinco gols no torneio, marca que nenhum outro centroavante do clube havia atingido na competição. Dois desses gols o atacante marcou contra o Junior de Barranquilla, na Colômbia.
— A pressão maior é vestir a camisa do Grêmio, independentemente da competição. A Libertadores tem um gosto maior, sem dúvidas é muito difícil. São três títulos e é preciso manter o foco para alcançar a próxima conquista — projeta Vizeu.
Ex-técnico de Vizeu no Flamengo, Zé Ricardo, hoje no Botafogo, surpreendeu-se com o retorno do jogador ao futebol brasileiro. Acreditava que, por suas qualidades, seria mais duradoura a permanência do centroavante na Udinese.
— O Grêmio fez uma baita contratação — analisa o treinador. — Vizeu sabe jogar entre os zagueiros, mas também sabe sair da área. Vai se dar bem em um time técnico, rápido, que dá muitas oportunidades para um atacante finalizar.
Outra virtude que Zé Ricardo detecta em Vizeu é a facilidade para concluir com os dois pés. Além da força física, vital para sucesso no futebol atual.
— É um atacante bastante promissor. Chegou à base do Flamengo com 15 para 16 anos. Começou atuando lateralizado, mas logo enxergamos potencial para que fosse um homem de área — destaca o ex-treinador de Vizeu.
Com 31 partidas de Libertadores, todas elas pelo Grêmio, Geromel só é superado na equipe que atuará nesta quarta-feira por Luan (35) e Kannemann (33). Experiente, o zagueiro acredita que Vizeu tem a exata noção do peso da disputa, prioridade do clube na temporada.
— Todos nós, na categoria de base, sonhamos com o momento de jogar uma Libertadores. Ele também viveu esse sonho no Flamengo. E tem completa noção do que irá enfrentar —diz Geromel.
O ineditismo que a Libertadores representa para Vizeu contrasta com a realidade vivida por Diego Tardelli, outro centroavante inscrito pelo Grêmio — o terceiro é André. Aos 33 anos, ele computa 38 partidas, jogadas por São Paulo, Flamengo e Atlético-MG. Ainda sem o melhor condicionamento físico, Tardelli deverá ser relacionado para o terceiro jogo da fase de grupos, dia 4 de abril, no Chile, contra a Universidad Católica. Tempo de sobra para que Vizeu se consolide e faça valer o investimento de 1 milhão de euros (R$ 4,2 milhões) por um ano de empréstimo.