Mais do que a busca por três pontos que podem garantir a classificação antecipada do Grêmio às quartas de final do Gauchão, o jogo de segunda-feira, 20h, na Arena, contra o Veranópolis, pode ajudar o técnico Renato Portaluppi a resolver suas últimas dúvidas para a estreia na Libertadores. São ainda três posições em aberto para a partida que ocorre em 6 de março, na Argentina, contra o Rosario Central. Na prática, seis jogadores disputam as vagas.
No gol, Paulo Victor é o favorito para iniciar o confronto com os argentinos, mas Julio César também briga pela camisa 1. Na lateral direita, o vigor de Leonardo Gomes tende a ser utilizado por Renato em Rosario, mas o talentoso Léo Moura, apesar de ter sido preservado em algumas partidas, promete estar 100% para o início da caminhada do clube em busca do tetra da América.
No entanto, a briga mais acirrada está no meio-campo. Como Diego Tardelli ainda não terá condições físicas para atuar na Argentina, o técnico gremista terá de escolher entre Marinho e Montoya. Para o capitão Maicon, o rodízio feito nas primeiras rodadas do Gauchão deixou todos os atletas do grupo com ritmo de jogo para encarar o Rosario.
— O professor trocou os jogadores (rodízio) para que todos estivessem em condições iguais. Assim, quando iniciar a sequência de jogos (entre Estadual e Libertadores) todos estarão preparados. Temos este jogo na segunda-feira (Veranópolis) e depois mais 10 dias. Este tempo será importante para trabalhar e chegar mais forte ainda nesta estreia — avaliou o capitão tricolor.
Este tempo para rodar o elenco só foi viabilizado para Renato pelo fato de o Grêmio ter obtido vaga no G-4 do Brasileirão e a classificação direta para a fase de grupos da Libertadores. Assim, o clube evitou a estreia logo nas etapas preliminares da competição, ainda em fevereiro, e ganhou quase um mês a mais para preparar seus atletas. Veja quais são as credenciais dos seis concorrentes pelas três vagas abertas no Grêmio para o confronto com o Rosario Central.
Marinho x Montoya
É, sem dúvidas, a briga mais acirrada por vaga no Grêmio neste momento. Ainda que Marinho tenha se mostrado mais intenso neste início de temporada, marcando dois gols em cinco jogos, Montoya oferece características que podem ser muito úteis para Renato contra o Rosario Central.
Além de ter sido formado pelo clube argentino e conhecer o estádio Gigante de Arroyito como poucos, o meia deixaria o time mais equilibrado, até por ter um estilo mais parecido com o de Ramiro, aliando marcação intensa e boa chegada na frente. Caso escolha Marinho, o treinador deixaria sua equipe mais agressiva, com mais força de chegada ao ataque. No entanto, poderia perder parte do poder de recomposição defensiva.
— Vamos ver se vou jogar. Mas seria uma partida especial, porque tenho apreço muito grande ao Central. Joguei lá desde pequeno e foi bom para mim. Vai ser muito especial se eu atuar, vai ser lindo. Tomara que a gente ganhe — disse Montoya.
O capitão Maicon também compara os estilos das duas opções de Renato para o lado direito do meio-campo.
— São características diferentes. O Marinho te dá mais velocidade e o Montoya é mais de aproximar, jogar, e finaliza bem. Quem entrar, estará preparado. Cabe ao Renato escolher — comentou o volante.
Marinho
5 jogos
2 gols
278 minutos
0,4 gol por partida
Montoya
3 jogos
1 gol
146 minutos
0,3 gol por partida
Leonardo x Léo Moura
Esta é a disputa a juventude contra a experiência. Desde o ano passado, principalmente nos confrontos contra o River Plate, pela semifinal da Libertadores, Leonardo Gomes, 22 anos, foi um dos destaques do Grêmio. Neste ano, o protagonismo continua, com atuações consistentes e, sobretudo, gols.
Mas Léo Moura, mesmo que tenha 40 anos, tem habilidade de sobra. É capaz de realizar cruzamentos precisos na área adversária e também de aparecer na frente para balançar as redes. Só que, por conta da idade, já não pode atuar em todas as partidas. Por isso, Renato o utiliza em jogos estratégicos, como pode ser o caso na Argentina.
— Quero chegar a este jogo da Libertadores apto a começá-lo, independentemente de ser fora de casa. Fiz poucas partidas neste ano, se eu estiver com 100% de condições, o Renato vai saber disso. Ainda temos algum tempo até lá. Vou fazer de tudo para estar jogando — comentou Léo Moura.
Campeão do Mundo pelo Grêmio em 1983, o ex-lateral Paulo Roberto, o Coelhinho, vê a disputa entre os dois Leonardos como importante para o grupo. Com os dois atletas em bom nível, Renato poderá escolher quem melhor se encaixa conforme as características dos adversários.
— Tecnicamente, é indiscutível que o Léo Moura é melhor. Ele tem mais experiência.
O Leonardo é um jovem promissor, está mostrando seu valor nestes jogos de início de temporada. É um bom problema para o treinador resolver. Como o Moura já tem 40 anos, vai ser difícil jogar todas as partidas no ano. Assim, é importante ter outro jogador preparado. Com isso, o Renato mantém os dois atletas motivados e o time ganha muito com isso — analisa Paulo Roberto.
Leonardo
7 jogos
1 gol
585 minutos
0,14 gol por partida
Léo Moura
1 jogo
0 gol
45 minutos
0 gol por partida
Paulo Victor x Julio César
Após a saída de Marcelo Grohe, o Grêmio ainda busca seu titular absoluto no gol. Até o momento, Paulo Victor disputou quatro partidas e sofreu um gol, enquanto Julio César atuou três vezes e não foi vazado. Como o próprio técnico Renato já disse no início do ano, Paulo Victor começa a temporada com vantagem nesta disputa. No entanto, Julio César, que chegou ao clube após o término de seu contrato com o Fluminense, também pretende mostrar serviço para ganhar a confiança do chefe. O rodízio que Renato tem feito no Gauchão, aliás, não é novidade para ele.
— Quando atuei no Benfica-POR, nós tínhamos esta rotatividade em relação ao campeonato português e as ligas europeias. Todos tinham de estar sempre bem e isso traz grande competitividade aos treinamentos. Não pode relaxar, nem abaixar a cabeça. Tem de estar pronto para fazer grandes jogos — explicou Julio César.
Mas Paulo Victor conta com o maior tempo de casa no Grêmio como principal trunfo pela titularidade. No clube desde julho de 2017, o goleiro revelado pelo Flamengo já conquistou quatro títulos com a camisa tricolor: Libertadores, Recopa Sul-Americana, Gauchão e Recopa Gaúcha. Agora, sem a sombra de Marcelo Grohe, pretende se firmar como a primeira opção no gol tricolor.
— A concorrência vai existir sempre. Quando cheguei, sabia do potencial do Marcelo. Mas brigava para ser titular sempre. Independentemente da situação em que ele se encontrava e da idolatria dele no clube. Abri mão de muitas coisas, até de parte financeira, para receber esta chance — disse o goleiro em entrevista recente a GZH.
Paulo Victor
4 jogos
360 minutos
1 gol sofrido
Julio César
3 jogos
270 minutos
0 gol sofrido