Montoya ou Marinho? Essa é a principal questão para saber que time Renato Portaluppi irá escalar na estreia do Grêmio na Libertadores 2019, 6 de março, contra o Rosario Central, na Argentina.
Após a saída de Ramiro, titular absoluto do lado direito do campo desde a chegada do treinador, a vaga ficou aberta e os candidatos surgiram. No começo do Gauchão, Renato chegou a testar o volante Kaio, quando escalou o time reserva contra Novo Hamburgo, na estreia do Gauchão. Porém, a má atuação do jogador fez com que ele fosse substituído por Marinho aos 9 minutos do segundo tempo.
Marinho entrou e, 16 segundos depois, no seu primeiro toque na bola, marcou o segundo gol da vitória gremista por 4 a 0 e tornou-se uma das grandes alternativas. Na terceira partida do ano, contra o Juventude, o ex-jogador do Vitória ganhou a chance de atuar com a equipe titular e teve um bom desempenho. Na rodada seguinte, contra o São Luiz, Marinho marcou um golaço e foi ovacionado pela torcida que compareceu à Arena do Grêmio. Sua última atuação foi na goleada sobre o Avenida, quando deu o passe para o primeiro gol de Luan.
No final de 2018, o meia-atacante teve sua imagem arranhada, depois do vazamento de um vídeo onde ele aparece falando sobre o desejo de jogar no Flamengo. Após o jogo contra o Juventude, ele falou sobre o que pretende para este ano.
— Tudo o que aconteceu em 2018 passou. Marinho com uma cabeça diferente, com todo mundo me incentivando, me apoiando, o Renato me dando confiança. É bom, o torcedor reconhece quando nos dedicamos — disse, após deixar o campo com nota 8 na cotação de GaúchaZH.
Contratado no começo de janeiro, Walter Montoya chegou a Porto Alegre cercado de expectativa, afinal seu bom desempenho no Rosario Central durante a Libertadores 2016 lhe rendeu uma transferência para o Sevilla, da Espanha, onde não foi muito aproveitado e acabou sendo emprestado para o Cruz Azul, do México. Em terras mexicanas, a história se repetiu e o argentino pouco jogou. Por isso existia a dúvida. Que Montoya desembarcou em Porto Alegre, o do Rosario Central ou que atuou na Espanha e no México?
Depois de passar por um período de pré-temporada e adaptação, Montoya fez sua estreia contra o São Luiz. Do banco, ele viu Marinho jogar bem e marcou um gol. Depois, substituiu o companheiro e com 19 minutos em campo marcou o seu. Voltou ao banco contra o Avenida e teve a chance de ser titular diante do Brasil-Pel, quando foi discreto e acabou sendo substituído. Na avaliação de GaúchaZH, seu desempenho no Bento Freitas mereceu uma nota 4.
Em entrevista coletiva na última quarta (20), o camisa 20 analisou sua atuação em Pelotas.
—Me senti muito bem na estreia como titular. Foi um jogo muito complicado, mas estou contente com o meu rendimento. Agora é seguir trabalhando para ganhar novas chances e mostrar serviço para o Renato.
Para Diogo Olivier, esta posição não terá um titular absoluto.
— Creio que esta será uma posição variável em 2019. Fora de casa, um meio-campo mais preenchido, com Walter Montoya. Gostaria de ver Matheus Henrique exercendo essa função a título de curiosidade, mas a ideia não parece estar nos planos do Grêmio. Ele ainda não apareceu por ali no laboratório de testes que é o Campeonato Gaúcho. Na estreia da Libertadores, contra o Rosario, fora, Montoya. Em casa, na Arena, com posse de bola e agressividade para impor o fator local, aí o Marinho participativo e disciplinado taticamente do Gauchão ganha corpo – escreveu o colunista em Gaúcha ZH nesta quinta-feira (21).
Sérgio Xavier Filho, comentarista dos canais SporTV, acredita que os dois ainda precisam mostrar mais credenciais.
— É uma pergunta de resposta bem difícil porque os elementos não estão na mesa. O Montoya tem pouca rodagem de Grêmio para se fazer um diagnóstico se é confiável, como vai se integrar ao time numa situação complexa. O Grêmio, por enquanto, está jogando contra equipes muito mais fracas. Quando começar a Libertadores será um outro tipo de desafio. O Marinho é um jogador muito instável. Você nunca sabe exatamente o que ele vai entregar. Como está pegando equipes menores, a vida dele está razoavelmente fácil. E quando ele tiver uma marcação mais forte, um time fechado? Este tipo de situação ainda não apareceu.
Xavier, no entanto, acredita que o argentino leva vantagem na disputa.
— Para não ficar em cima do muro, eu acho que o que o Renato tende a fazer é usar o Montoya, porque é taticamente a formação mais confiável para começar as partidas maiores, com o Marinho entrando com o adversário mais cansado. Mas o Renato deve estar cheio de dúvidas porque é time em formação e os dois jogadores ainda não deram as respostas mais razoáveis para se tomar uma decisão.
Com base nos números fornecidos pelo site InStat, que leva em conta os minutos jogados de cada atleta, incluindo os acréscimos, o analista de desempenho Gustavo Fogaça avaliou o a performance dos dois.
— São jogadores de características diferentes e que entregam dinâmicas diferentes ao coletivo. Se pensa que Montoya dá mais resguardo defensivo, mas os números (de 2019) mostram que não: nas disputas aéreas, Marinho venceu 32% e Montoya 0%. O atacante faz em média 12 disputas no ataque, contra nove do argentino. No geral, Marinho tem 70% de aproveitamento nos desarmes contra 20% de Montoya — revela Fogaça.
Para o analista, no entanto, nenhum deve seguir no time titular com o decorrer da temporada.
— Levando em consideração que Marinho jogou mais minutos que Montoya na temporada, na construção de jogo é o argentino que tem o melhor aproveitamento: faz 2.9 passes-chave por 90 minutos, contra dois de Marinho. Verdade que o atacante finaliza mais na média/90 min: 4 x 1.4. Mas o argentino é mais eficiente e faz 0.73 gol/90 min contra 0.62 de Marinho. Ou seja: são dois bons jogadores, eficientes e que entenderam o modelo de jogo de Renato. Uma ideia seria começar o jogo com Marinho, que é mais vertical e, no segundo tempo, entrar com Montoya. Mas, ao meu entender, ambos serão reservas no decorrer da temporada — pondera.
Além de Marinho e Montoya, Renato ainda tem Alisson como opção. Decisivo em jogos do Gauchão e da Libertadores de 2018, o atacante acabou se lesionando na primeira rodada do Estadual, quando foi escalado pelo lado esquerdo. No momento, ele ainda cumpre os últimos trabalhos junto aos fisioterapeutas antes de ser liberado para a preparação física. Assim que isso ocorrer será incorporado, pouco a pouco, aos trabalhos com bola sem impacto e, posteriormente poderá disputar coletivos e ser relacionado para jogos. Porém, o período inativo pode pesar contra na corrida por um lugar na equipe.
Confira os números de Marinho e Montoya na temporada:
Marinho
- 5 jogos (3 como titular) - 278 minutos em campo
- 2 gols - 1 assistência - 6 passes para finalização
- 5 finalizações certas - 6 finalizações erradas
- 3 cruzamentos certos - 12 cruzamentos errados
- 110 passes certos - 11 passes errados
- 3 desarmes certos - 1 desarme errado
- 13 faltas recebidas - 4 faltas cometidas
Montoya
- 3 jogos (1 como titular) - 119 minutos em campo
- 1 gol - 1 assistência - 1 passe para finalização
- 1 finalização certa - 1 finalização errada
- 3 cruzamentos certos - 1 cruzamento errado
- 50 passes certos - 8 passes errados
- 2 desarmes certos - 0 desarme errado
- 2 faltas cometidas - 0 falta sofrida
Fonte: Footstats