Leonardo Astrada, quando volante, tinha um apelido que praticamente previa o futuro. El Jefe (O Chefe) foi uma das bandeiras do River Plate por praticamente 20 anos. A única camiseta que vestiu a não ser aquela que emoldura o Monumental de Núñez foi, justamente, a do Grêmio. Naquele arroubo milionário da parceria com a ISL, o jogador foi uma das estrelas a desembarcar em 2000. Apesar de não ter conseguido se destacar em Porto Alegre, ainda guarda carinho da cidade, do time e dos amigos gaúchos.
Aos 48 anos, agora treinador, aguarda oportunidades para dar sequência a uma carreira que teve um início fulminante. Logo que trocou a chuteira pela prancheta, em 2004, assumiu o River Plate e já conquistou o Campeonato Argentino. Na Libertadores, caiu nas semifinais em dois clássicos eletrizantes contra o Boca, sendo eliminado nos pênaltis. Saiu do clube em 2005 e foi para o Rosario Central. Depois, andou por Colón, Estudiantes (inclusive perdendo a decisão da Sul-Americana para o Inter) e, novamente, River. Saiu da Argentina, foi para o Cerro Porteño, em duas passagens, e ainda, de volta a seu país, no Argentinos Juniors e no Atlético de Rafaela, em 2015 (seu último time). Após deixar o clube, decidiu tirar um período sabático, atualizar-se para depois retornar.
Em entrevista ao GaúchaZH, o treinador revelou que assistiu ao jogo de terça-feira (23). Considera o confronto entre River Plate e Grêmio como "parelho e indefinido".
— O Grêmio foi muito inteligente em cortar os circuitos ofensivos do River Plate e ganhou porque soube aproveitar suas virtudes na bola parada — comentou Astrada, que fez um alerta: — A série não está decidida. O River pode dar o troco se melhorar o coletivo, porque tem jogadores que podem desequilibrar. Mas vai precisar ser paciente e não se abrir muito porque o Grêmio, com espaços, é muito perigoso.
Os elogios de Astrada ao time gaúcho não param por aí:
— Ao longo de toda a competição, o Grêmio se mostrou um time equilibrado defensivamente e com um poderio de ataque importante. É um sério candidato ao título.
Do outro lado da chave, Astrada também vê equilíbrio. Para o ex-volante, apesar da vantagem aberta pelo Boca Juniors, de ter feito 2 a 0 em cima do Palmeiras, na Bombonera, o time paulista tem um ataque muito poderoso.
O ex-jogador também falou sobre Porto Alegre. Viveu um ano na cidade, mas disputou apenas seis partidas pelo Grêmio, em 2000. Ainda assim, garante guardar carinho do Rio Grande do Sul:
— Tenho ótimas lembranças da passagem por lá. Sei que desportivamente não fui bem, mas sempre serei grato ao clube e aos torcedores pelo carinho que me brindaram. Porto Alegre é uma cidade maravilhosa, ainda tenho amigos queridos que me abriram as portas de suas casas e sempre que posso, vou visitá-los.
Astrada não descartou também retornar ao Brasil profissionalmente, como treinador.
— Seria um orgulho dirigir uma equipe lá — declarou, e completou, sobre a situação da AFA, que ainda não conseguiu efetivar um técnico na seleção argentina. — É um momento de repensar um montão de coisas para que melhore o futebol.