
Está aberta uma disputa de gerações pela lateral direita do Grêmio. A boa atuação na vitória de sábado, contra o Corinthians, dá pontos a Leonardo, o Léo Gomes, 22 anos, na concorrência com Léo Moura, 39. Sobram razões para que a preferência de Renato seja pelo veterano. Parte da torcida, contudo, já ocupa as redes sociais postando que o guri pede passagem. No mínimo, fará com que a direção não precise buscar um novo jogador para a posição.

Léo Moura já atuava na base do Botafogo quando Léo Gomes nasceu, em 30 de março de 1996, em Araguaína, no Estado de Tocantins. Em outubro de 2013, quando Léo Moura completou 500 jogos pelo Flamengo, algo raro em um momento em que jogadores não costumam construir longa carreira nos clubes, Léo Gomes recém era promovido aos profissionais do Vila Nova-GO, pelo qual disputaria a Série B brasileira. Em janeiro de 2017, com intervalo de apenas um dia, os dois foram apresentados como reforços do Grêmio.
Próximo dos 40 anos - completará em outubro -, o multicampeão Léo Moura entra na cota de jogadores que Renato usa com parcimônia. Depois de participar da decisão contra o Flamengo, foi preservado por desgaste contra o Corinthians. Das últimas sete partidas, jogou somente três. A compensação vem na forma de eficiências. Marcou dois gols e deu assistência para outros quatro.
Léo Gomes conta com a juventude a seu favor. E, também, a paciência de Renato Portaluppi. Depois de discretas atuações em 2017, o que levou a direção a buscar Madson no Vasco, ele tem atuado com surpreendente desenvoltura.
— Quando ele chegou do Boa, começamos a lapidá-lo, corrigi-lo, dar moral, ele aos poucos foi adquirindo confiança. Todas as vezes que precisamos, ele deu uma resposta muito boa —avalia o treinador.
— Trabalhei bastante no ano passado. Foi um momento de evolução. Cheguei de um time de Série C (Boa) e tem diferença de patamar. Jogador precisa ter autocrítica. O professor Renato vem me lapidando e hoje estou colhendo os frutos — concorda o lateral.
Um respeitável aval para Léo Gomes vem de um lateral-direito que converteu-se em lenda do Grêmio. Hoje empresário, Paulo Roberto Costa, o Coelhinho, fez parte do primeiro time a ganhar um Brasileirão, em 1981. Tinha só 19 anos. Seus cruzamentos certeiros também contribuíram para a conquista da Libertadores e do Mundial de 1983. Para ele, Leonardo tem sabido aproveitar a sequência de jogos, "chance que nem todo jogador jovem tem", conforme observa.
— É um bom jogador. É rápido para marcar, tem bom cruzamento. No ano passado, estava sem confiança e não marcava, nem apoiava, ficava no meio do caminho — comenta.
Paulo Roberto fala com autoridade quando o tema é aproveitar chances. Em 1981, quando Uchoa, o lateral-direito titular, precisou parar por lesão, foi dele quem se socorreu o técnico Ênio Andrade. Sem um gramado em boas condições, o time de juniores, do qual o lateral fazia parte, treinava em Viamão, no estádio do Tamoio. Foi lá que apareceu o então supervisor José Russowski, dizendo para que se apresentasse aos profissionais.
— Não tinha celular na época. Fiquei assustado por não poder avisar meus pais. Fiz só três treinos antes de estrear. Dois na quinta-feira e um na sexta. No sábado, já joguei — recorda Paulo Roberto, com um sorriso.
Para os próximos dias, já está pronto o calendário de revezamento entre os dois laterais. Livre do desgaste físico, Léo Moura volta dia 28, diante do Estudiantes, na Arena, na decisão da vaga nas quartas de final da Libertadores. Léo Gomes, com isso, ganha duas novas chances amanhã, contra o Cruzeiro, na Arena, e sábado, em Curitiba, frente ao Atlético-PR. Com o absoluto aval de Renato.
— É um jogador jovem, que tem um futuro muito grande com a camisa do Grêmio. Podem ter certeza. Sempre que o colocamos, é com a maior confiança — diz o técnico.
Léo Moura
66 jogos
5 gols
8 assistências
Em 2018
25 jogos
2 gols
4 assistências
Léo Gomes
28 jogos
2 assistências
Em 2018
12 jogos
1 assistência