Às vésperas da decisão contra o Flamengo, na quarta-feira (15), que vale vaga na semifinal da Copa do Brasil, Renato Portaluppi fez um veemente desabafo contra a organização do futebol sul-americano, que resulta em um calendário muito apertado. Para o técnico do Grêmio, "é impossível, pelo cansaço", ganhar, além da Copa do Brasil, o Brasileirão e a Libertadores.
Embora valorize todos os títulos, Renato entende que a única saída é diminuir o número de competições. Por conta do desgaste, o treinador voltou a usar reservas na goleada por 4 a 0 contra o Vitória, neste domingo (12), pelo Brasileirão. Os titulares voltam frente ao Flamengo.
— Estamos disputando as três competições, mas, daqui a pouco, você vê que tem facilidade maior em uma ou outra. O desgaste é muito grande em viagens. É difícil manter a equipe concentrada a cada três dias. Se fossem duas (competições), daria para brigar pelas duas — projetou.
Apesar da forma crítica com que vê o calendário, o próprio Renato não aponta uma solução para o problema. Pelo contrário. Define como maravilhosas tanto Copa do Brasil quanto Libertadores e Brasileirão. Mas persiste na queixa:
— O Grêmio vive mais em hotel e avião do que em terra.
Ainda que compartilhe da reclamação do técnico, o diretor de futebol Deco Nascimento também não vê uma saída. Entende que resta aos clubes apostar em categorias de base, com faz o Grêmio, para formar um elenco suficiente para encarar todas as disputas.
— Vamos ter que conviver dessa forma. Teria que haver uma forma de organização com a Fifa para criar um calendário bom par todos — diz.
Renato resistiu à pressão dos jornalistas para anunciar a equipe que atuará contra o Flamengo. Elogiou o desempenho dos reservas contra o Vitória, reiterou sua confiança no grupo e deixou claro que os jogadores têm sabido aproveitar as chances.
Ao comentar a opção do Flamengo, que tem mantido a formação titular em todas as partidas, diferentemente do Grêmio, Renato disse que cada clube analisa os próprios interesses. Destacou que, e suas decisões, sempre leva em conta os resultados apontados no CK, exame que mede a incidência de creatina quinase no sangue dos jogadores e expõe os riscos de uma lesão muscular. E completou de forma bem-humorada sua análise sobre o cansaço.
— Quem muito quer, nada tem. É como a conta da luz, do condomínio. Uma hora elas chegam. No futebol é assim também. Não quer dizer que o martelo está batido e vamos ganhar. Apenas pensamos dessa forma — observou.
Colocado nos 15 minutos finais da partida contra o Vitória para readquirir ritmo de jogo, Everton garante dispor do melhor condicionamento físico para enfrentar o Flamengo. Para o jogo de quarta, ele espera uma nova atitude do Grêmio, que, a seu ver, deixou o Flamengo "gostar do jogo" disputado dia 1º de agosto, na Arena. Quanto ao seu futuro, deixou claro que pretende assinar o quanto antes a renovação de contrato.
— Como meu empresário e a direção falaram, já está tudo acordado. Ouvi várias sondagens, mas estou com a cabeça focada no Grêmio — assegurou.