Por Adriano de Carvalho e Marco Souza
Recostado em um dos sofás no seu gabinete na Arena, onde recebeu a reportagem de ZH na tarde gelada de sexta-feira, o presidente Romildo Bolzan mira o futuro do Grêmio. Após levantar taças em sequência nos últimos anos, conquistando Copa do Brasil, Libertadores, Recopa e Gauchão, estes dois últimos no primeiro semestre, o dirigente fala com entusiasmo das chances de um novo título até dezembro. Mas faz alerta para os ataques, como ele mesmo define, que o plantel pode sofrer durante a janela de transferências. Ainda assim, projeta um grupo forte, com a chegada de reforços e o retorno dos lesionados após a parada para a Copa. E diz que o próximo ano, o último de seu segundo mandato, pode se iniciar com a manutenção de Renato Portaluppi no comando da equipe.
Após conquistar dois títulos, como o Grêmio projeta o restante do ano?
Esperamos que a gente não sofra ataques muito fortes (assédio de outros clubes) que possam comprometer a qualidade do plantel. Mesmo que isso aconteça, temos a capacidade de reposição. Se vai acontecer, não sei. O mercado europeu está muito ativo em cima dos brasileiros, estão pagando caro e propondo contratos vantajosos. Mercados como os da China e México também. Nossas duas últimas saídas mais expressivas, Pedro Rocha e Walace, ocorreram no último dia da janela. Se nada acontecer, o Grêmio permanece muito competitivo para a sequência da temporada.
Renato disse que o primeiro semestre do Grêmio foi perfeito. Você concorda?
O primeiro semestre foi muito bom. Chegamos até as quartas da Copa do Brasil e vamos brigar por um lugar na semifinal com o Flamengo. É um clássico, tudo pode acontecer. Criamos uma condição de disputa na Libertadores, temos condições de avançar. É difícil pelo Estudiantes ter muita consistência, muita camisa e tradição.
Como o clube vê a possibilidade de conquista no Brasileirão?
O Brasileirão é um campeonato aberto, disputamos só 30% até agora. Estamos a sete pontos do líder, com todos embolados. Tudo é possível de acontecer. Terminamos o primeiro semestre vivos em todas as competições, com perspectivas de avançar. Perfeito não é, não existe perfeição em um campeonato. Mas estamos vivos em todos que disputamos.
O quanto a janela de transferências preocupa a direção do Grêmio?
É uma situação que todos os clubes precisam encarar com atenção. Cruzeiro, Flamengo e Palmeiras já perderam jogadores. Como não vou levar em conta que nosso plantel tem pretendentes? Dependendo do mercado, alguém pode sair. Quem me garante que não terei proposta por Marcelo Grohe, Geromel, Kannemann, Maicon, Arthur, Ramiro, Luan e Everton? Mas se mantivermos o grupo integralmente, o Grêmio será muito forte.
Já chegou alguma proposta por algum jogador do grupo?
Só telefonemas, isso acontece muito. Mas o Grêmio só trabalha essas questões quando um clube manda algo oficial. Essa história de empresário buscar autorização não tem valor, não levo para frente este tipo de conversa. Se tiver oferta de algum clube, que tragam. Não vamos caçar propostas.
Renato quase saiu para o Flamengo. Ele renovará para 2019?
O que eu asseguro é até o final deste ano, está assinado. Não vejo risco de ataques. Mas o ano que vem depende das conjunturas, tenho expectativas de que podemos avançar muito nos campeonatos. Nada garante que vamos ganhar, mas depende de como as coisas vão acontecer até o final do ano. Neste nível de trabalho que é realizado, o Renato tem perspectiva de continuidade. Seria importante para ele e para o Grêmio. Tite, Mano e Roger, este um pouco menos, ficaram por um bom tempo. O Renato está em um nível muito próximo ou até acima deles.
O grupo do Grêmio é mais forte do que o do ano passado?
No ano passado, após o Mundial, Dizíamos que o Grêmio teria um grupo mais competitivo. E nós temos. Contamos com mais opções, melhor formação e com jogadores subindo da base. O grupo do Grêmio é muito bem formado, muito forte. Mas para isso tem que estar todo mundo à disposição.
Qual é a perspectiva de conquistas com o retorno dos lesionados?
Chegamos ao final do primeiro semestre sem muitos jogadores, então podemos ter uma nova fase no segundo semestre. No ano passado fizemos uma campanha com altos e baixos. É normal, temos que ter a compreensão de todo o contexto. Mas o Grêmio, quando é exigido, é o Grêmio de sempre. Falta ser visto isso. Quando é decisão, o Grêmio é um time muito diferente. Com a equipe inteira nas decisões a coisa será muito diferente.
Quantos reforços vão chegar para o segundo semestre?
Um ou dois. Vamos ver como vai acontecer. Não sei se todos permanecem. Dois jogadores virão por conta de quem vai sair. Se alguém não ficar, terá reposição. Pode vir da base ou de fora.