Apresentado pelo Grêmio na sexta-feira com a camisa 70, o atacante Marinho, 28 anos, pode ser chamado de contratação pontual. Driblador, é o jogador em quem o técnico Renato Portaluppi pensava cada vez que o time adversário se fechava em duas linhas de quatro marcadores, satisfeito em não perder. Foi assim que equipes como Inter, Paraná e Fluminense ganharam pontos preciosos na Arena neste Brasileirão. Trazido do Changchun Yatai, da China, Marinho é a alternativa que o treinador terá, a partir da volta do Brasileirão, dia 18 de julho, para furar retrancas.
— Como se abre uma defesa? Precisa ter um jogador com as características do Messi. Você não vai encontrar alguém assim no Brasil. No momento que dribla um adversário, outro é obrigado a sair na cobertura — comentou Renato após o empate sem gols contra o Fluminense, no dia 31 de maio.
Marinho, claro, não é Messi. Mas caberá a ele, no Grêmio, tentar os dribles que desmontem o esquema tático do time adversário, como destacou o lateral-esquerdo Marcelo Oliveira. O presidente Romildo Bolzan Júnior confirma que essa característica foi decisiva para a contratação:
— Precisávamos de um jogador rápido, driblador, de cultura tática, capaz de entender o esquema 4-2-3-1.
A avaliação da comissão técnica ao pedir a contratação de Marinho foi com este viés.
— Não tem muito mistério (a razão por ter se acertado com o Grêmio). Escolhi pelo momento do clube, vem ganhando tudo. Para mim, é uma oportunidade imensa. Não vim para conhecer Porto Alegre. Conheço bem, vim aqui para trabalhar. Quero estar nesse clube porque ele ganha — disse Marinho, em sua entrevista de apresentação.
Na China, onde disputou 22 partidas e marcou três gols, Marinho disse não ter modificado sua forma de atuar. Ele lembra que Renato, técnico que o lançou em 2008, no Fluminense, já conhece seu estilo. Por isso, aos 28 anos, aposta em crescimento profissional.
— A maioria de vocês (jornalistas) já conhece como eu jogo. Não tem segredo. Não mudei nada. Continuo fazendo o que eu sei, que é partir para cima dos adversários — garante.
Passados dez anos de seu surgimento para o futebol, período marcado por uma passagem até mesmo pelo Inter, Marinho garante estar mais maduro. A experiência na China, destaca, o fez voltar ao Brasil "com a cabeça diferente"
— Na verdade, minha cabeça mudou. Rodei muito, passei por muitas situações e aprendi bastante — acredita.
Marinho reinou no Vitória, clube em que atuou em 2016, depois de passagem sem brilho no Cruzeiro. Com dribles e 12 gols marcados no Brasileirão daquele ano, foi o responsável direto por evitar o rebaixamento do clube.
— Para o nível do futebol do time, seu desempenho foi excepcional. Algo totalmente fora da curva — destaca Daniel Dórea, repórter do jornal A Tarde, de Salvador.
Sob o comando do técnico Argel Fucks, Marinho atuava aberto pelo lado direito, de onde partia para o centro do campo em busca dos arremates. Tão grande era seu prestígio junto aos torcedores que não lhe era cobrada maior contribuição tática.
— Ficou até famosa uma brincadeira, segundo a qual a única instrução do Argel era "dá no Marinho" — sorri Dórea, curioso para saber se no Grêmio, clube de maior exigência por resultados e de cultura tática superior à do Vitória, o atacante dará uma resposta satisfatória.
Em seu primeiro dia de Grêmio, Marinho realizou apenas atividades físicas na academia do CT Luiz Carvalho. A sequência de trabalhos na próxima semana determinará se ele será ou não incluído na lista de jogadores que viajam a São Paulo para o amistoso contra o Corinthians, em 8 de julho, às 11h. Seu último jogo na China foi em maio. Após um período de folga, reapresentou-se em 11 de junho. Foi quando as tratativas com o Grêmio se iniciaram. Na quinta-feira, ele assinou contrato até dezembro de 2021.
— Nada melhor do que viver meu melhor momento no melhor clube. Então, acho que está tudo perfeito — comemora o atacante trazido ao Grêmio para furar retrancas.