Uma a uma, Renato Portaluppi vê ficarem pelo meio do caminho suas alternativas para o lado esquerdo do ataque do Grêmio. A primeira delas foi Everton, que lesionou-se no Gre-Nal. Alisson, seu substituto, virou baixa contra o Monagas, na Venezuela. Maicosuel, a opção seguinte, teve apagada atuação no empate frente ao Paraná. O garoto Lima, 21 anos, pode ser a bola da vez.
A chance para o atacante nascido em Araçatuba, no interior paulista, poderá surgir hoje à noite, na Arena, contra o Defensor-URU. O Grêmio, que precisa garantir a segunda melhor campanha da fase de grupos da Libertadores - a primeira já está assegurada pelo Palmeiras — precisará de velocidade e dribles para vencer um time cuja tendência é não fugir à regra e fechar-se em seu campo.
Lima exibiu um bom cartão de visitas contra o Paraná, mesmo tendo entrado no lugar de Léo Moura somente aos 34 minutos do segundo tempo. Em 18 minutos, incluídos os sete de acréscimos, criou duas das melhores chances do time, com um cabeceio e um forte arremate de fora da área, ambos defendidos pelo goleiro Thiago Rodrigues.
Ex-técnico da equipe de transição do Grêmio, Felipe Endres aponta a personalidade como um atributo capaz de fazer de Lima uma aposta vencedora de Renato. Não por acaso, destaca o treinador, o atacante ficou fora de apenas um jogo do Ceará na Série B de 2017, e foi decisivo na campanha que levou a equipe nordestina à primeira divisão. Na opinião de Endres, a convivência desde o início deste ano com os jogadores da equipe profissional contribuiu para que o jogador pulasse etapas e esteja agora mais preparado para o desafio.
— Lima chama para si a responsabilidade. Tem coragem para assumir o lance, mesmo que tenha Luan ou outro jogador mais famoso por perto para fazer o passe — observa Endres.
No modelo 4-2-3-1 utilizado por Renato, Lima tem condições de ocupar todas as posições, acredita o técnico. De preferência, pelo lado esquerdo. Conforme Endres, ele lembra Pedro Rocha, hoje no futebol russo, pela consciência tática.
— Ele é diferente de Everton, que prefere a jogada longa. Lima conduz a bola em velocidade. E sabe cadenciar bem o jogo — diz o treinador.
Os elogios quanto à passagem de Lima pelo Ceará vêm ainda em maior abundância na palavra de Marcelo Chamusca, que assumiu a equipe nordestina em junho de 2017 e foi demitido no domingo. Para o treinador, foi a melhor relação custo-benefício do elenco no ano passado. Ele estreou contra o Paysandu, pouco depois de sua chegada, e firmou-se em definitivo a partir do jogo frente ao Criciúma, para nunca mais sair.
— É um jogador muito técnico, com boa visão de jogo. Acelera muito bem a partida. Tem capacidade de jogar de forma reativa, em contra-ataque. Um jogador tático. O time cresceu muito depois de sua chegada — destaca Chamusca também elogia a boa convivência de Lima no vestiário e seu comprometimento com o grupo:
— Até hoje, por sua produtividade, a torcida sente muita saudade dele.
A boa performance pelo Ceará fez com que o Sport, em princípio, exigisse a inclusão de Lima na negociação que resultou na vinda do centroavante André para o Grêmio. A pretensão foi rejeitada pelo clube gaúcho, que precisou arrastar a negociação por um tempo maior do que o previsto.
O resultado da insistência do Grêmio para não perder Lima poderá ser conferido pela torcida a partir da noite de hoje.