Vencer, mesmo sem jogar bonito. A norma, inaugurada no Grêmio com a vitória por 1 a 0 contra o Coritiba, no domingo, não chega a ser uma inovação no dicionário de Renato Portaluppi. Foi com um estilo de jogo que não privilegiava a plasticidade que o treinador conduziu o time ao vice-campeonato brasileiro em 2013.
Era a sua segunda passagem como técnico do Grêmio e a arrancada, com duas derrotas e apenas uma vitória em cinco partidas, já causava preocupação. Veio, então, o Gre-Nal de 4 de agosto, o primeiro da história da Arena, e Renato surpreendeu com um 3-5-2, montando sua zaga com Werley, Rhodolfo e Bressan. O jogo finalizou em 1 a 1.
Era só o começo de uma mudança que surpreenderia torcedores e críticos. A partir do jogo contra o Bahia, em Salvador, Renato radicalizou. Além de três zagueiros, usou três volantes - Adriano, Riveros e Ramiro. Como criticar um treinador que voltava de Salvador com uma vitória por 3 a 0?
Dia 22 de agosto, na vitória por 1 a 0 contra o Santos, o time ganhou seu quinto jogo em seis partidas, com 12 gols marcados e somente quatro sofridos. E Renato não perdeu a chance de tripudiar.
— Sei das minhas qualidades. Tenho 20 anos de jogador e quase 10 de treinador. Conheço muita coisa. Alguns treinadores têm idade mais avançada do que a minha e estão aprendendo com o Grêmio— provocou.
Depois dos 3 a 2 contra a Ponte Preta, na 17ª rodada, o Grêmio assumiu a segunda posição, chegando a 18 pontos conquistados em 21. O modelo com três volantes funcionava tão bem que começava a faltar espaço no time para o meia Zé Roberto. E Renato ocupou de novo o espaço com uma declaração forte:
— É pontuação de Barcelona. Não estou comparando, falo de pontuação. Meu grupo é incontestável, estamos no G- 4 e isso é mérito deles. Não temos a qualidade de um Barcelona, mas temos a disposição de quem quer chegar.
Dia 2 de outubro, a vitória por 1 a 0 contra o Atlético-PR, gol de Riveros, um dos três volantes escalados por Renato, consolidou o Grêmio na segunda posição. Já havia, a essa altura, uma mudança do 3-5-2 para o 4-3-3. Renato, ao fim do jogo, polemizou.
— Na minha frente, não vejo ninguém que joga bonito. E nem logo atrás. Quem achava que ia fazer bonito está vendo o Grêmio de binóculo, lá na frente— provocou, garantindo que não se tratava de uma provocação ao rival Inter.
Nas rodadas finais, o time voltaria a usar somente dois zagueiros, Rhodolfo e Bressan. Com a volta de Zé Roberto, não foi mais possível manter três volantes. A tarefa, entretanto, já estava consolidada. Restou um ensinamento que hoje volta a ser aplicado pelo técnico. E entendida pelos jogadores.
— Chega uma fase da competição que o mais importante não é jogar bonito, mas sim o resultado — diz o zagueiro Geromel.