O suspeito de arremessar uma pedra contra o ônibus do Grêmio, no Gre-Nal adiado do dia 26 de fevereiro, foi solto após ser preso na última quinta-feira (10) pela Polícia Civil. Ele estava detido no presídio de Sapucaia do Sul, na região metropolitana de Porto Alegre, onde cumpria quarentena em razão da pandemia de covid-19. Por morar em Tramandaí, no Litoral Norte, depois do período, seria levado para a Penitenciária Modulada de Osório.
Maiquel Veiga, advogado do indiciado, entrou com o pedido de revogação da prisão preventiva, o que não foi aceito pela Justiça. No último domingo (13), Veiga fez o pedido de habeas corpus, que foi acolhido no fim da noite. Segundo o defensor, o "suspeito foi solto em virtude dos bons antecedentes", além de ser réu primário, ele tem moradia e emprego fixos. Apesar disso, o torcedor não poderá frequentar jogos oficiais de futebol:
— Agora é aguardar o final do inquérito e ver se o juiz e o MP vão oferecer denúncia. Ele admite estava com o grupo de torcedores, mas nega ter atirado a pedra contra o ônibus do Grêmio. Além disso, nega que faça parte de qualquer torcida organizada.
Apesar da soltura, com a Justiça suspendendo a prisão preventiva que havia sido decretada, o torcedor colorado terá de cumprir uma série de medidas cautelares determinadas pelo juiz.
O morador de Tramandaí terá de "comparecer mensalmente em juízo para informar, justificar suas atividades e manter atualizados seu endereço e seu telefone e deverá se apresentar em uma delegacia se estiver em cidade em que ocorram jogos de futebol profissional três horas antes de qualquer partida e lá permanecer até duas horas após o término do evento. Ele deverá recolher-se à sua residência às 22h, inclusive aos finais de semana".
Além disso, está proibido de se aproximar a menos de 3 quilômetros dos estádios de futebol e de se aproximar a menos de 500 metros de qualquer atleta de futebol, seus dirigentes e comissão técnica, tais como presidente de clubes, diretores de futebol, treinadores e outros membros que sejam do conhecimento do público futebolístico.
A prisão do indiciado, que responde por tentativa de homicídio com dolo eventual — quando o autor assume o risco de sua ação, mesmo sem querer o resultado, foi anunciada em coletiva de imprensa no Palácio da Polícia no final da semana passada. A pena para o crime pode variar conforme o entendimento do judiciário, dependendo de quão perto o indiciado esteve de concretizar o homicídio. Segundo o Código Penal, seria de seis a 20 anos, podendo ser reduzida de um ou dois terços.
O nome do suspeito não foi divulgado em virtude da Lei de Abuso de Autoridade.
Entenda o caso
Na tarde de 26 de fevereiro, o ônibus que levava a delegação do Grêmio para o Gre-Nal 435, válido pela 9ª rodada do Gauchão, foi atingido por pedras e uma barra de ferro arremessadas por torcedores colorados na Avenida Edvaldo Pereira Paiva, nas proximidades do Complexo Beira-Rio.
O Tricolor, na ocasião, se recusou a entrar em campo e a partida foi adiada para a última quarta-feira (9), quando o Colorado bateu a equipe treinada por Roger Machado por 1 a 0.
Um dia depois do ocorrido, os dois homens suspeitos de terem arremessado a pedra , que haviam sido identificados pelo Inter e detidos, foram liberadas pela Polícia Civil por falta de provas.
Mais tarde, o Inter foi denunciado pelas pedradas que colorados arremessaram e acertaram o ônibus da delegação gremista, provocando traumatismo craniano no volante Villasanti. O Colorado foi denunciado nos artigos 211 e 213 do CBJD.