O Gauchão deve ter retorno adiado em mais uma semana. Pelo menos. O aumento dos casos de covid-19 no Estado somado ao tradicional crescimento de doentes por outras síndromes respiratórias que o inverno traz é a razão para a mudança de data. A Federação Gaúcha de Futebol (FGF), que planejava ter bola rolando em 19 de julho, já trabalha com o recomeço no dia 26, mas a retomada no primeiro final de semana de agosto também está na mesa.
Apesar de mais realista, a nova perspectiva traz um problema. A CBF marcou para 9 de agosto o início do Brasileirão e, se a maior parte das cidades-sede dos clubes participantes estiver apta a receber jogos, o campeonato poderá começar — nem que alguns precisem ser mandantes em outros Estados para que isso ocorra (por exemplo: se Porto Alegre estiver impossibilitada, a dupla Gre-Nal jogar "em casa" em Curitiba).
— Inevitavelmente, vai dar conflito de datas. O calendário já é dificultoso em condições normais, em condições como essa, com um ano em um semestre, acho bem difícil das coisas aconteceram de forma minimamente normal. O Brasileirão se iniciando no dia 9, se o Gauchão não estiver em estado avançado, vai dificultar bastante. Vai gerar mais custos e mais problemas para os clubes. É uma situação que prefiro nem pensar. Se Porto Alegre não estiver liberada, imagina Grêmio e Inter terem de ir a Curitiba e depois voltarem para jogar em Ijuí — afirmou Luciano Hocsman, presidente da FGF.
Ainda que a data de 26 de julho seja trabalhada como limite pela FGF para iniciar o restante do Gauchão (as três rodadas da fase de grupos mais os jogos de mata), uma mudança de fórmula da competição ou até mesmo o encerramento prematuro do campeonato não foram descartadas, ainda que menos prováveis.
— Dar por encerrado só se vier uma determinação de cima para baixo. Só se o governo disser que não se dá para jogar futebol no Estado nesse ano ou se a CBF disser que tem que acabar o campeonato até uma data "x". A partir daí, precisaremos ver como vamos proceder. A mudança de fórmula não me parece viável, até porque faltam três rodadas. Eventualmente, fazer um jogo único, se o Caxias não vencer o segundo turno, para adequação de calendário, mas isso precisaria da aprovação dos clubes — frisou.
O otimismo sobre o Gauchão ser retomado a partir de 19 de julho esvaiu-se à medida em que avançou o coronavírus Rio Grande do Sul adentro. O fato de Porto Alegre e Região Metropolitana terem bandeira vermelha piora o cenário. Além da Capital, as cidades de Novo Hamburgo e São Leopoldo receberiam jogos no formato estabelecido pela FGF para concluir a competição. Caxias do Sul, Bento Gonçalves e Pelotas também teriam partidas, mas essas cidades estão sob bandeira laranja, o que deixaria o quadro menos pior.
— Sou titular de uma secretaria de esportes, fui esportista, sou torcedor, gostaria muito que o futebol voltasse, mas o que está acontecendo no mundo nos impede de fixar uma data — afirmou o secretário de Esportes e Lazer do RS, Francisco Vargas.
A ideia de "bolha", com testes constantes e medidas sanitárias para disputar o Gauchão mesmo em cidades fora de bandeiras amarelas (a única condição para esportes coletivos), ainda está sendo estudada. Está com o Gabinete de Crise do governo do Estado o protocolo da FGF para o Estadual, e a expectativa pela resposta definitiva é até o final de semana.
Segundo o secretário Cláudio Gastal, responsável pelo Gabinete de Crise, mesmo que o protocolo apresente consistência, as duas próximas semanas estão entre as de maior dificuldade no combate à doença, tanto pelo aumento no número de casos quanto pela ocupação dos leitos em razão de outras doenças típicas desta época do ano.
— Coloquei ao presidente da FGF para ter alternativa de datas. Acho que vai ser pela última semana de julho, início de agosto, é meu sentimento. Voltar antes do que previsto pode gerar um impacto muito pior do que depois. Temos que ter convicção do que fazemos — declarou Gastal à RBSTV.
O governador Eduardo Leite também se manifestou sobre o assunto na live de segunda-feira. Ao atualizar as bandeiras no Estado (inclusive passando Caxias para laranja, o que permite que a dupla Ca-Ju e o Esportivo treinem em pequenos grupos em seus CTs), afirmou:
— O retorno do futebol neste momento não é uma prioridade. Por mais que seja de portões fechados, provocará aglomeração nas turmas, nos amigos. Estamos discutindo o formato para poder garantir a conclusão.