Há muitas semelhanças entre os mais perigosos atacantes do Gre-Nal 419, marcado para as 16h de domingo, no Beira-Rio, a primeira das finais do Gauchão. Eles partem da esquerda para a direita, têm como virtudes a alta velocidade, o drible vertical e o chute certeiro. São decisivos em seus times. Desequilibram partidas. Garantem pontos quando um empate ou uma derrota são iminentes. É quase possível dizer que a diferença mais clara de futebol entre Nico López, do Inter, e Everton, do Grêmio, está no pé com que batem na bola para superar goleiros. O uruguaio prefere a esquerda; o brasileiro, a direita.
Claro que é uma simplificação. O gremista tem uma carreira mais consolidada atualmente. Campeão da Libertadores, da Copa do Brasil, da Recopa e do Gauchão, é convocado com frequência para a Seleção e se tornou alvo de Milan e Manchester City para a janela de transferências de julho.
A Europa, por outro lado, já foi casa do colorado. Depois de surgir como fenômeno no Nacional-URU e de explodir nas categorias de base, jogou na Roma, na Udinese e no Hellas Verona. Retornou ao Uruguai e, desde 2016, veste a camisa vermelha, sendo goleador do time em duas temporadas seguidas, 2016 e 2017. Só falta ser novamente chamado para a Celeste.
A Libertadores tem sido a melhor vitrine de Nico López para conseguir a atenção do técnico charrúa Óscar Tabarez e batalhar uma vaga entre os convocados para a Copa América. Em quatro partidas da competição continental, marcou três gols e deu três assistências. É o desafogo de um time que não se importa muito em não ter a bola, mas sempre que possível, abafa o adversário para encurtar o caminho ao gol. Circula com liberdade pela frente e adaptou-se a variadas características de companheiros ofensivos: da mobilidade de Sobis à presença de área de Guerrero. Foi extrema pela direita, pela esquerda e centroavante. Não importa de onde parte, sempre busca o gol.
— Nico López tem alta capacidade de chutar a gol e decidir um jogo — contou o ex-técnico da seleção sub-20 uruguaia Juan Verzeri, que comandou o atacante colorado no Mundial da categoria de 2013.
Everton não precisa muito mais para atrair os olhares de Tite. Sua presença na Seleção é quase natural, como reserva de Neymar. Mas é claro que não pode relaxar, pois os concorrentes são fortes: Richarlison, David Neres, Douglas Costa são os mais cotados; Willian, Taison e Dudu também miram a vaga. No Grêmio, mesmo quando não era titular absoluto, resolvia partidas difíceis. Fez gols na final da Copa do Brasil de 2016, na semifinal do Mundial de 2017 e converteu um dos pênaltis na Recopa de 2018. Em 2019, tem um gol e uma assistência na Libertadores. Em um time que costuma manter a bola e que não se entedia em trocar 400 passes ou mais, ele é o driblador que quebra defesas bem montadas.
— Everton teve os melhores números do Grêmio no ano passado, em gols e assistências. Ele é ambidestro, gira para os dois lados, tem uma capacidade de finalização impressionante — elogiou o técnico Tite na última convocação da Seleção.
O atacante gremista recebeu elogios do técnico colorado Odair Hellmann:
— É um grande jogador, vive um bom momento e vem sendo convocado para a Seleção Brasileira. Ele não cria dificuldade só para o Zeca, mas para todos os laterais do Brasil e agora também para os do Exterior. Ele tem o drible e a jogada individual. Aí temos de nos proteger com uma situação de cobertura, além de preparar o jogador que vai fazer a marcação.
O atacante colorado prometeu entrega total para a primeira decisão em Gre-Nal de sua carreira:
— Ganhar títulos sempre é importante, ainda mais em uma final contra um rival tão tradicional. É um clássico. Vão ser dois jogos lindos de jogar.
Na primeira metade da finalíssima do Gauchão, há equilíbrio até na estatística. Tanto Nico quanto Everton estão empatados em números de vitórias e derrotas. O colorado ganhou duas e perdeu duas. O gremista venceu três e saiu derrotado em outras três. Alguém terá vantagem depois de domingo?