Uma final de sonhos contra o Real Madrid aguarda pelo Grêmio na decisão do Mundial Interclubes dos Emirados Árabes. Na noite desta terça-feira (12), em Al Ain, tarde brasileira, na semifinal, o time levou um tempo inteiro para superar a tensão e, ao se ajustar, derrotou o mexicano Pachuca por 1 a 0, com gol marcado por Everton, aos quatro minutos da prorrogação. Se o time de Renato Portaluppi já fez sua parte, o campeão europeu, para chegar à final, marcada para sábado, dia 16, em Abu Dhabi, precisará eliminar o Al Jazira, nesta quarta.
No primeiro tempo do jogo, dois fatores que já eram esperados se confirmaram. Um deles, a total falta de criatividade do Grêmio a partir da ausência de Arthur, lesionado. A tentativa de compensação veio com Luan, que precisou atuar de forma muito recuada para preparar as jogadas, e Ramiro, com a habitual movimentação.
Mas isso não foi suficiente para resolver o problema. O segundo fator esperado foi o nervosismo gremista, por sofrer uma cobrança maior do que a feita sobre o Pachuca. Assim, o time correu muitos riscos no primeiro tempo e teve menos posse de bola que o adversário, algo que não é habitual.
A primeira conclusão a gol veio a 18 minutos. Depois de falta de González sobre Luan, Edilson bateu com muita força, bem perto do travessão. A segunda chance veio em um presente do goleiro Óscar Pérez, que bateu o tiro de meta direto no pé de Jailson, que serviu a Luan para uma conclusão errada. Luan teve apenas um instante de brilho no primeiro tempo. Mas o suficiente para criar uma oportunidade. A 30 minutos, seu passe, preciso, passou por cima dos marcadores e parou no pé direito de Ramiro, que, desequilibrado, errou o arremate.
Cortez foi o jogador mais decisivo do Grêmio no primeiro tempo. Não fosse ele, o time poderia te sofrido dois gols em jogadas de Honda, que revezou-se com o uruguaio Urretaviscaya como criador do Pachuca. A 28 minutos, o meia japonês dominou a bola dentro da área e já preparava o arremate quando Cortez surgiu como último recurso e afastou o perigo.
Aos 45, a jogada de Honda foi ainda mais ameaçadora. Ele partiu do lado direito do campo em velocidade rumo à área do Grêmio, deixou Geromel deitado e só não chutou, tendo somente Grohe pela frente, porque Cortez evitou novamente.
O Grêmio voltou ainda mais desencontrado no segundo tempo. Desprotegido na frente da sua área, pela falta de ritmo de Michel, o time sofreu um forte assédio nos minutos iniciais. Renato, por isso, não demorou a mexer.
Aos nove minutos, trocou Lucas Barrios, de atuação improdutiva, por Jael, na tentativa de causar algum incômodo aos defensores mexicanos. Mas, no mesmo instante em que a mudança era feita, o Pachuca quase marcou. Eram 10 minutos quando Jailson foi desarmado por Guzman, que avançou com liberdade e forçou Grohe a sua primeira grande defesa no jogo.
Aos 14, finalmente, um esboço de reação. Depois de Geromel evitar um ataque do Pachuca, a bola se ofereceu a Luan, que arrematou rasteiro e só não abriu o marcador pela boa defesa do goleiro de 1m72cm.
Com marcação mais ajustada, o Grêmio finalmente passou a se impor. Na frente, foi visível o acréscimo que a entrada de Jael significou para a equipe. Corpulento, ele virou opção para lances aéreos e também virou pivô para as passagens de Fernandinho. Aos 27, Renato ousou ao trocar um volante, Michel, por Everton, um atacante. E quase foi recompensado aos 29, outra vez em falta batida por Edilson, que atingiu a parte externa da rede, criando a sensação de gol.
A oportunidade seguinte foi de Everton, que ainda driblou um marcador dentro da área, antes de chutar. O Pachuca, talvez sentindo os efeitos da prorrogação em seu jogo de estreia, já não corria tanto. Ainda assim, quase marcou no desvio de cabeça de Guzman, aos 35.
O jogo já se encaminhava para a prorrogação quando Luan teve a chance de mudar o destino. Depois de escanteio, Jael cabeceou para o lado e a bola bateu no corpo de Luan, que, bem próximo da meta, não teve tempo de dominar a bola para arrematar.
A decisão, então, encaminhou-se para a prorrogação, período em que o Grêmio, ainda embalado pelo bom segundo tempo, seguiu pressionando, já com Léo Moura no lugar de Edilson. E o resultado logo veio. A quatro minutos, em jogada de alta técnica, Everton, que parece predestinado, entrou a dribles na área e venceu Óscar Pérez com um potente chute por cobertura.
Quem sentiu saudade do qualificado toque de bola exibido pelo Grêmio na maior parte da temporada viu a espera terminar no segundo tempo da prorrogação. Muito por conta da destacada atuação de Léo Moura, que reorganizou o time. Everton, que já havia sido decisivo, virou um tormento para a defesa mexicana com seus dribles e arrancadas. E Luan passeou pelo gramado com sua técnica. O time ainda marcou outro gol, por Jael, anulado por impedimento. A torcida, agora, entra em contagem regressiva para o histórico 16 de dezembro, em que o caminho do Grêmio se cruza com o do galáctico Cristiano Ronaldo.